CRÍTICA #1 | Efeitos especiais e Kate McKinnon não sustentam ‘Caça-Fantasmas’
Bruno Giacobbo
Quando saiu o primeiro teaser e a divulgação começou a bombar, havia a esperança que Caça-Fantasmas, dirigido por Paul Feig, partisse de onde os dois filmes anteriores da franquia pararam. A mensagem parecia clara: “30 anos atrás, quatro amigos salvaram o mundo. Agora, uma nova equipe atenderá à chamada”. Não como uma simples continuação, mas algo que se aproveitasse do legado deixado por uma obra que fez a cabeça de milhões de jovens e a partir daí construísse sua própria legião de fãs. A troca dos protagonistas, os homens deram lugar a quatro amigas, era mais um indicativo desta tendência. Afinal, quando a intenção é filmar um reboot não precisa ser tão original. No entanto, contra todas estas indicações e varrendo para baixo do tapete todas as esperanças, o que os envolvidos no projeto decidiram fazer foi zerar a série. Do jeitinho que, mal comparando, a Marvel e a DC fazem com os seus universos de super-heróis. Este pode ser um risco calculado, entretanto, não deixa de ser um risco. E, aqui, eles miraram seus lasers no primeiro espectro que avistaram e erraram feio.
CRÍTICA #2 | ‘CAÇA-FANTASMAS’ VAI MUITO ALÉM DE UMA ÓTIMA COMÉDIA
Tal qual ocorre no filme de 1984, o início da história tem alguma coisa a ver com Universidade de Columbia. Só que em vez de três cientistas que acabaram de perder seus empregos, uma física, a doutora Erin Gilbert (Kristen Wiig), tentando ser promovida a professora titular de uma cátedra. Um dia, ela recebe a visita de um homem que alega possuir uma casa mal assombrada. Ele leu o livro que ela escreveu em parceira com a também física, Abby Yates (Melissa McCarthy), muitos anos atrás. Com medo de não ser levada a sério por seu reitor e perder a promoção, Gilbert vai atrás de Yates e descobre que a velha amiga continua ainda hoje, com ajuda da engenheira eletrônica Jillian Holtzmann (Kate McKinnon), envolvida em pesquisas espectrais. É óbvio que tudo dará errado e ela se verá obrigada a retomar uma vida que achava ter deixado no passado. Como esta é uma obra de ficção, a protagonista também descobrirá que era feliz e não sabia. A quarta integrante, que se juntará ao novo grupo depois, é Patty Tolan (Leslie Jones), uma funcionária do metrô. A única sem formação universitária.
As obras originais não eram pura e simplesmente comédias. Elas tinham momentos impactantes, capazes de provocar sustos. Desta forma, esta atualização até que começa bem, quando mergulhamos na cena dentro de uma casa fantasmagórica, aquela do homem que vai procurar Gilbert. Ali eu pensei: “Daria uma boa película de terror. Vai ser bom”. Não foi. Depois desta única passagem geradora de alguma tensão, a trama se transforma em uma espiral de risos vazios e forçados. Com um elenco de humoristas (as quatro atrizes são oriundas deste metiê), os roteiristas Kattie Dippold e Paul Feig entenderam que deveriam seguir este caminho. E aí um problema: se em seu terreno, comediantes como Melissa McCarthy, por exemplo, não conseguem agradar gregos e troianos, por que, aqui, um filme que deveria equilibrar humor e tensão, a missão seria bem sucedida? As piadas proferidas por ela e suas companheiras são sem graça e de mau gosto, assim como a atuação de Chris Hemsworth no papel do descerebrado secretário, que nem atender um telefone consegue, das caçadoras de fantasmas.
Outros aspectos chamam a atenção negativamente. Um deles é a quantidade astronômica de referências a uma porção de filmes. Algumas, como “O Exorcista” (1973) fazem sentido e estão bem colocadas. No entanto, a maioria está completamente deslocada na trama. Evocar clássicos, tipo, “Tubarão” (1975) ou “Scarface” (1983), não faz de qualquer obra uma boa obra por mera associação. Evocar e reverenciar, só que a própria franquia, era a intenção quando começam a desfilar pela telona diversos atores que atuaram no filme de 1984. Com a exceção de Rick Moranis e Harold Ramis, este já falecido, estão todos lá: Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Annie Potts e Sigourney Weaver. Porém, nenhum deles reprisa seu papel original. Aliás, nem seria possível, pois estamos falando de um reboot. Dito isto, a intenção pode ter sido boa, mas, de novo, não foi bem sucedida. Murray, por sinal, com um mau humor característico, parece uma caricatura da pessoa que costuma ser com seus colegas de profissão. Por último, o vilão do longa-metragem possui uma motivação ridícula e incapaz de justificar seus atos.
Para não dizer que o novo Caça-Fantasmas não tem absolutamente nada de bom, é necessário louvar os ótimos efeitos especiais. A aparição do saudoso Geleia, mesmo que ele não seja chamado assim, também causa uma espécie de frisson nostálgico. Em relação aos atores, em meio a tantas interpretações caricatas e desprovidas de carisma, Kate McKinnon, mais conhecida por suas imitações de famosos como Justin Bieber, Hilary Clinton e Ângela Markel, no programa “Saturday Night Live”, é quem entrega a participação mais dedicada e esmerada. Com certeza, assombração nenhuma gostaria de cruzar seu caminho. Contudo, estes pouquíssimos aspectos positivos são insuficientes para sustentar, por quase duas horas, um filme que durante décadas povoou a imaginação dos seus fãs.
Desliguem os celulares.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
Título original: Ghostbusters
Direção: Paul Feig
Roteiro: Katie Dippold
Elenco: Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate Mckinnon, Leslie Jones, Chris Hemsworth, Cecily Strong, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Andy García
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 14/07/16
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2016
Duração: 116 minutos
Classificação: 10 anos