CRÍTICA | ‘Em Nome da Lei’ é um policial com tintas de western e pitada de gângster
Bruno Giacobbo
Livremente inspirado na vida do juiz federal Odilon de Oliveira, que atuou na cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e se notabilizou por combater traficantes de drogas e contrabandistas, Em Nome da Lei, novo filme de Sergio Rezende, conta a história da Vitor (Matheus Solano), um jovem magistrado designado para a comarca da fictícia cidade de Fronteiras, junto à divisa com o Paraguai. Lá, ele encontrará uma comunidade controlada pelo crime organizado, onde os cidadãos de bem vivem acuados e a maioria da população busca a bênção de H. Gomez (Chico Diaz), o chefe da bandidagem local. O padrinho, como é conhecido, está prestes a dar o grande golpe de sua carreira. Depois de anos vivendo do contrabando, ele mira um mercado mais lucrativo: o tráfico de cocaína. Idealista, o novo juiz fará do combate a este homem poderoso sua bandeira e só poderá contar com a ajuda de duas pessoas. Da promotora pública Alice (Paola Oliveira) e do delegado federal Elton (Eduardo Galvão). Contudo, mesmo entre eles haverá uma desconfiança inicial que deverá ser superada para que as forças da lei prevaleçam.
Filho de um casal de juristas, este não é o primeiro longa-metragem do cineasta, igualmente responsável pelo roteiro, a retratar o mundo do crime. Em 2009, ele lançou “Salve Geral”, que mostra as ações do PCC, em São Paulo. Rezende também já dirigiu obras biográficas como “O Homem da Capa Preta” (1986) e “Mauá – O Imperador e o Rei” (1999). Logo, aqui, de certa forma, ele junta duas vertentes e acaba demonstrando total domínio dos temas. Seu filme é um thriller policial com generosas doses de violência, onde seus personagens principais, apesar de serem oficiais da lei, não abusam do ‘juridiquês’. É tudo muito fácil de entender. Mal comparando, tem um pouco dos westerns de Sérgio Leone e Clint Eastwood; com uma pitada de “O Poderoso Chefão”, clássico referenciado não só pelo apelido de Gomez, como por uma cena envolvendo nubentes. Há, ainda, um toque de humor involuntário que pode ser atribuído a Zezé (Gustavo Nader), personagem fundamental dentro dos desdobramentos da trama.
O calcanhar de Aquiles desta obra são alguns dos seus diálogos rasos em determinados momentos e pronunciados, às vezes, com uma simplicidade que beira o desleixo por um ou outro intérprete. No campo das atuações, o destaque vai para os ‘inimigos’ Matheus Solano e Chico Diaz, cujo clímax de suas histórias também remete aos westerns já citados. Em Nome da Lei é herdeiro direto da duologia “Tropa de Elite”, parte de um subgênero do cinema tupiniquim que produziu filmes horrorosos como “Segurança Nacional” e “Federal”, ambos de 2010, e o ótimo “Operações Especiais”, do ano passado. Entretenimento de qualidade que vale bastante pelas boas referências clássicas.
Desliguem os celulares e ótima diversão.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
Direção: Sergio Rezende
Produtores: Mariza Leão, Erica Iootty
Roteiro: Sergio Rezende, Rafael Dragaud
Elenco: Mateus Solano, Chico Diaz, Paolla Oliveira, Emilio Dantas, Eduardo Galvão, Silvio Guindane, Paulo Reis, Roberto Biringelli
Direção de Fotografia: Nonato Estrela
Direção de Arte: Fabiana Egrejas
Trilha Sonora Original: Pedro Bromfman
Montagem: Maria Rezende, Edt
Produção Executiva: Camila Medina
Figurino: Mel Akerman
Maquiagem: Martín Macías Trujillo
Som Direto: Felipe Machado
Edição de Som: Waldir Xavier
Mixagem: Rodrigo Noronha
Produção de Elenco: Marcela Altberg
Coprodução: Globo Filmes, Morena Filmes
Distribuição: Fox