CRÍTICA | ‘A Era do Gelo – O Big Bang’: Não há surpresas, apenas a conhecida e esperada diversão
Thiago de Mello
Não há novidades consideráveis em A Era do Gelo – O Big Bang. O filme repete a fórmula dos quatro longas anteriores: uma força maior obriga o grupo a se unir, partir para uma aventura onde conhecem novos personagens e evitar uma catástrofe. Isso, entretanto, é um dos grandes méritos de O Big Bang. Cativar o espectador pela familiaridade do grupo e de seu universo.
O filme começa como todos os outros, com o adorável Scrat (Chris Wedge) e sua eterna perseguição pela noz. Os desdobramentos, dessa vez, são ainda maiores: ele impulsiona a órbita dos planetas do Sistema Solar. E, claro, acidentalmente desencadeia uma série de eventos cósmicos que ameaçam a Terra. Sid (John Leguizamo), Manny (Ray Romano), Ellie (Queen Latifah), Diego (Denis Leary), Shira (Jennifer Lopez), Vovó(Wanda Sykes), Amora (Keke Palmer) e Julian (Adam DeVine) deixam suas casas e embarcam numa aventura para salvar o mundo.
Desde a primeira aventura do grupo, iniciada em 2002, o ponto focal dos filmes é Manny e seu núcleo familiar, composto por Sid e Diego (nos dois primeiros filmes) e, agora, por Ellie e Amora. Seja superando a perda de sua antiga família ou aprendendo a lidar com a nova, o mamute é o personagem que mais sofre e aprende durante as jornadas. Em O Big Bang, o novo aprendizado de Manny é entender que Amora não é mais criança e aceitar Julian como membro de sua família. O amadurecimento é a tônica de todos A Era do Gelo.
Mas há uma diferença aqui: ao focar no núcleo familiar de Manny, alguns personagens perderam tempo em tela, principalmente Diego. O tigre (e sua esposa, Shira) praticamente não aparece no filme, tendo apenas algumas falas para lembrarmos que ele ainda faz parte do grupo. Sid também perdeu um pouco do foco. Embora possua mais tempo em tela do que Diego, é notório a redução do espaço. Isso seria ruim, se os personagens que ganharam mais atenção não fossem bons. Felizmente, não é o caso. Eddie e Crash continuam engraçados e a Vovó diverte bastante. O romance de Amora e Julian, embora não seja apaixonante, não compromete e, de vez em quando, entrega bons momentos.
O grande destaque é a doninha caolha, Buck (Simon Pegg), apresentada em A Era do Gelo 3: Despertar dos Dinossauros (2009). Buck, ainda mais aventureiro e surtado, protagoniza as melhores cenas do filme. A reintrodução do personagem é sensacional e as melhores risadas brotam de suas piadas (uma delas acontece na mente de Buck e brinca com o seriado Cosmos, apresentado por Neil DeGrasse Tyson. É hilária e muito bem feita). E não há como não falar de Scrat. Não tenho dúvidas que o azarado esquilo dente de sabre é o responsável pelo sucesso de A Era do Gelo. As inserções do esquilo continuam divertindo muito, além de possuir implicação direta com a história.
O visual do filme continua oferecendo belos ambientes, cada vez mais vivos e detalhados. Por isso, o 3D funciona, criando profundidade sempre que possível. Mas ainda assim não é obrigatório. Merece elogio, também, a dublagem do filme. Não sou fã de filmes dublados, mas não há como falar mal do trabalho feito. As vozes encaixam bem e as piadas não perdem o apelo.
A Era do Gelo – O Big Bang opta por manter a mesma estrutura de sempre. Pode parecer algo ruim, mas esse é, para mim, o grande mérito do filme. Ao entrar no cinema para curtir mais uma aventura de Manny e companhia, o espectador pode relaxar e saber que tudo que ele adorou lá primeiro filme, lá no remoto ano de 2002, permanece fiel. Não há surpresas, apenas a conhecida e esperada diversão.
A animação, dirigida por Mike Thurmeier e Galen T. Chu, estreia em 7 de julho.
FICHA TÉCNICA