CRÍTICA | ‘Eu Sou Mais Eu’
Tatiana Aponte
Alguns temas costumam reverberar em momentos particulares da história. Hoje em dia, um assunto moderno que é recorrente em filmes adolescentes é o bullying. Não que antes a temática não fosse explorada, mas o ponto de vista era diferente. Neste momento, há a humanização da vítima desse preconceito.
Isso não é ruim, veja bem! É extremamente necessário! Vide “Ferrugem”, um filmão nacional que fala muito bem sobre esse tema. No entanto, a humanização piegas pode resultar em um filme raso. E essas coisas acontecem… É o que ocorre com Eu Sou Mais Eu, novo filme estrelado por Kéfera Buchmann, Giovanna Lancellotti, João Côrtes e assinado pelo diretor Pedro Amorim. O longa-metragem tem excelência de produção, mas a trama é fraca.
Leia mais:
– OSCAR DA DIVERSIDADE: A DERRUBADA DEFINITIVA DO “MURO” PARA AS MINORIAS?
– CRÍTICA | ‘O MENINO QUE QUERIA SER REI’
– FRAMBOESA DE OURO 2019 | CONHEÇA OS INDICADOS A PIORES DO ANO PASSADO
– DESAFIO DOS 10 ANOS NO CINEMA
Na história, Camila Mendes (Kéfera Buchmann) é uma popstar arrogante, que busca o sucesso a todo custo. Prestes a lançar uma nova música, ela é surpreendida em casa pela visita de sua fã número 1 (Marcella Rica), que insiste em tirar uma selfie com ela. O que Camila não esperava era que tal situação a levasse de volta à adolescência, quando sofria bullying de praticamente todos no colégio.
Seu único amigo é Cabeça (João Côrtes), que tenta ajudá-la a encontrar seu verdadeiro eu, já que só assim conseguirá voltar à sua realidade. Camila, então, viverá momentos que a marcaram no passado e poderá dar um novo final histórias um tanto quanto cruéis.
Impossível não encontrar referências a clássicos do cinema como “Legalmente Loira”, “Meninas Malvadas” ou “De Volta Para o Futuro”. Mas Eu Sou Mais Eu perde a potência ao transformar Camila em celebridade na escola, como se os problemas fossem resolvidos quando a vítima do bullying se torna um igual perante aqueles que a ridicularizaram. Não há reflexão sobre o tema, tampouco uma crise de consciência em quem adere à prática. Uma pena, pois a temática poderia ser mais bem explorada. A redenção da protagonista ocorre pelas mãos de Cabeça, mas daí você tem que ver o filme, senão isso aqui vira um spoiler!
E por falar em Cabeça, João Côrtes é um ator com matizes, estudo e entrega. Se há um nome que segura o Eu Sou Mais Eu é o dele. Amadurecendo mais a cada trabalho desempenhado, é do artista o mérito de dar ritmo à personagem de Kéfera Buchmann, que ainda está muito verde para o cinema nacional. Ela ainda terá tempo para desenvolver-se, não há dúvidas, mas, Cortês, não. Esse já se encontra em um patamar acima dos outros atores da película e é uma delícia vê-lo em cena. Nos momentos mais cômicos ou nos mais dramáticos, João segura a interpretação e, consequentemente, a história de Camila de maneira adulta e profissional.
Eu Sou Mais Eu é um filme regular, não provoca reflexões intensas, mas é uma boa opção pra quem quer se divertir e levar as crianças ao cinema durante estas férias. Ao final, é um programa tranquilo e vale a pena pelas risadas que a produção proporciona.
*Texto publicado originalmente no blog Tati Aponte, página parceira do BLAH!ZINGA.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Direção: Pedro Amorim
Roteiro: Angélica Lopes, L.G Bayão
Elenco: Kéfera Buchmann, João Côrtes, Giovanna Lancellotti
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 24/01/19
País: Brasil
Gênero: comédia
Ano de produção: 2018
Classificação: a definir