Good Omens Amazon Prime Video

CRÍTICA | ‘Good Omens’

Wilson Spiler

Céu e inferno cada vez mais permeiam a cultura pop, em uma época mais laica, tolerante e livre em pensamentos ideológicos. Séries como Sobrenatural”, “Preacher”, assim como “Lucifer”, constantemente, colocam e jogo as noções cristãs de bem e mal, subvertendo isto para vieses cômicos, críticos e reflexivos.

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A trama

Pelas mãos mágicas de Neil Gaiman, que vem tendo suas obras adaptadas constantemente (“Deuses Americanos”, “Sandman”), a Amazon Prime Video traz para seu catálogo o projeto mais intimista do autor: Good Omens. O livro coescrito por Terry Pratchett (que, infelizmente, veio a falecer em 2015) transfere as imagens, bem como trejeitos e pensamentos dos autores para um anjo e um demônio que tem como objetivo parar o Armagedom.

Sendo estrelada por Michael Sheen e David Tennant, o seriado acompanha a busca desta estranha dupla pelo anticristo a fim de evitar a constante guerra sem sentido de seus povos. Contada de forma direta em 6 episódios, a série conta com uma das últimas produções televisas com influência ativa de Gaiman antes de um possível “hiato” onde voltará a dedicar seus esforços aos trabalhos escritos.

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Diálogos e situações extremamente fieis ao livro

Para honrar o legado de Pretchett e o seu próprio, Gaiman optou por uma adaptação quase snyderiana. Ele repassa de forma extremamente fiel as falas e situações do livro para as telas. Entretanto, esta transferência acabou causando alguns estranhamentos para os espectadores da série. Afinal, há diferenças de época (1990 no livro e 2018 no seriado). Ademais, tem também um ácido e sarcástico humor britânico, em suma do século passado, onde a mensagem pode acabar sendo passada errada ou despercebida.

Outra questão que acabou vindo transferida do material original e acabou se agravando na série, é a falta de aprofundamento e desenvolvimento de personagens secundários, bem como tramas paralelas que rodeiam a história central. Apesar das belas atuações atribuídas aos personagens principais, assim como uma elevação no bromance entre estes, a série peca em seus paralelismos. Afinal, ela encerra com alguns fechamentos secos e traz uma conclusão insatisfatória.

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Atuação divertidíssima de Jon Hamm

Destaques extras ficam pela divertidíssima encarnação de Jon Hamm como o Arcanjo Gabriel. A atuação  marca, talvez, a maior extensão da série em relação ao livro. Além disso, há um presente aos fãs da escola de atores britânicos. São as vozes estonteantes de Frances McDormand (Deus) e Benedict Cumberbatch (Satanás) tornam-se um show à parte.

Assim, a ironia, as discussões, bem como toda a paródia que sobrevive de forma atemporal, torna Good Omens um ótimo entretenimento. Além disso, trata-se de uma porta de entrada para uma obra pouco conhecida do autor. As participações especiais, bem como a estética colorida e lúdica, destacam esta produção como uma ótima opção na Amazon. Sem pontas para sequências, a série deixa um gosto de quero mais, mas com uma conclusão justa e um discurso sutil.

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=hUJoR4vlIIs

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Good Omens
Temporada: 1
Episódios: 6
Criador (es): Neil Gaiman
Produtor(es): Neil Gaiman, Caroline Skinner, Chris Sussman, Rob Wilkins, Rod Brown
Direção: Douglas Mackinnon
Roteiro: Neil Gaiman
Elenco: David Tennant, Michael Sheen, Anna Maxwell Martin, Jon Hamm, Josie Lawrence, Adria Arjona, Michael McKean, Jack Whitehall, Miranda Richardson, Nick Offerman
Distribuição: Amazon Prime Video
Produção: Narrativia, The Blank Corporation, BBC Studios, Amazon Studios
Data de estreia: sex, 19/07/18
País: Estados Unidos, Reino Unido
Gênero: Comédia, Fantasia
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN