CRÍTICA | ‘High Life’
Fernando Coutinho
High Life, filme da diretora francesa Claire Denis, fez seu début no Festival Internacional de Filmes de Toronto de 2018. O longa também participou de outros festivais, sendo aclamado pela crítica e pelo público. Dessa forma, ganhou certa notoriedade. No elenco temos o futuro Batman, Robert Pattinson, bem como Juliette Binoche, André Benjamin (o rapper André 3000) e Mia Goth.
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A história
A saber, o enredo nos traz a história da sobrevivência de Monte (Pattinson) e sua filhinha Willow (inicialmente uma recém-nascida). Os dois são remanescentes de um grupo de criminosos que aceitaram participar de uma missão espacial do governo em troca de liberdade. A missão consiste, principalmente, em investigar a possibilidade de encontrar uma fonte de energia alternativa, capturada a partir da força gravitacional da rotação de um buraco negro. Paralelo a isso, é feito uma pesquisa sobre efeitos da radiação cósmica e reprodução no espaço.
A narrativa da história é não-linear, devido principalmente à ideia da autora de começar especificamente com as cenas do pai e sua bebê vivendo tranquilamente à deriva no espaço, e só depois trazer o desespero que os levou até aquele momento/situação.
As atuações
Juliette Binoche tem, de longe, a melhor atuação do filme. A doutora responsável pelas pesquisas da missão é a personagem mais cheia de facetas e nuances do grupo, alternando momentos de frieza, delicadeza e beirando a insanidade. Vale mencionar ainda sequência em que ela utiliza desvairadamente A Caixa – um “compartimento” da nave destinado ao alívio sexual dos tripulantes.
Já Robert “futuro-Batman-que-Deus-nos-livre” Pattinson consegue ao menos mostrar que não é mais um boneco de cera de uma única expressão. Embora possa-se dizer que teve uma regular (ou boa, pra não dizerem que é implicância) atuação, não construiu um personagem que é, acima de tudo, um criminoso do corredor da morte convincente.
Cinema experimental
High Life é claramente uma peça de cinema experimental. Difícil é definir que experiência foi essa. O que ficou mais aparente foi a tentativa de refletir sobre humanidade e convívio. No entanto, tendo em vista a natureza da tripulação – criminosos condenados à morte ou a prisão perpétua por seus crimes -, a interação entre eles, embora com alguns momentos bizarros e violentos, ficou muito superficial, infinitamente aquém do que se poderia esperar.
A parte científica também foi pouquíssimo explorada. O princípio de tentar captar a energia do buraco negro é apenas citada. As pesquisas feitas pela Dra. Dibs são mostradas, mas sem maiores explicações também (embora a motivação da personagem seja uma das poucas coisas que se pode captar com certa facilidade). A certa altura, do nada surge uma experiência (?) que consistia em uma pequena nave voar em direção ao buraco negro, para atravessá-lo ou contorná-lo. Algo que, para qualquer um que tenha o mínimo de conhecimento da física (ou da ficção científica rs), sabe que não pode acabar bem.
Até mesmo as cenas que mostram o espaço, o deslocamento da nave a 99% da velocidade da luz e, principalmente, as visões do buraco negro e de seu horizonte de eventos, são um espetáculo visual, mas infelizmente pouco utilizadas.
Cinema indefinido
Algo que foi apenas displicentemente citado, sem maiores abordagens, foi a duração da viagem e as consequências da mesma. Ao fim, em um relatório sabemos que, até ali, a viagem durou 6.750 dias “locais” (cerca de 18,49 anos), mas, dado ao deslocamento próximo à velocidade da luz, teríamos nesse período a passagem de 76.861 terrenos (cerca de 210,57 anos).
Mesmo levando-se em conta que é um filme da linha experimental e não tem a mínima intenção de ser um blockbuster, High Life é muito indefinido. E o filme é, definitivamente, entediante. Embora paradoxalmente consiga despertar certa curiosidade de onde tudo vai levar. Termina, mas sem mostrar a que veio.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: High Life
Direção: Claire Denis
Roteiro: Claire Denis, Jean-Pol Fargeau, Geoff Cox
Elenco: Robert Pattinson, Juliette Binoche, André Benjamin
Distribuição: a definir
Data de estreia: a definir
País: França, Alemanha, Reino Unido, Polônia
Gênero: ficção científica
Ano de produção: 2019
Duração: 113 minutos
Classificação: a definir