I Am Mother Netflix (1)

CRÍTICA | ‘I Am Mother’ (Netflix)

Jorge Feitosa

Uma pequena obra-prima.

Após um evento de extinção da humanidade, uma unidade de contenção e repovoamento automatizada constrói e ativa um robô para coleta e gestação de fetos em úteros artificiais. Com o design adaptado aos cuidados de uma criança em crescimento desenvolvido pela Weta Workshop e a voz acalentadora de Rose Byrne, a Mãe acompanha o crescimento da Filha em uma montagem terna até que esta se torne a adolescente interpretada por Clara Ruggard.

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Tudo parece comum em ‘I Am Mother’. Só parece.

A partir daí, I Am Mother, produção australiana distribuída pela Netflix, adentra uma seara comum, mas aparentemente inesgotável da ficção científica: a inteligência artificial moldando o desenvolvimento dos seres humanos. Na nossa realidade, uma interferência cada vez maior proporcionada pela internet e dispositivos conectados. No filme, como a única referência palpável para uma pessoa isolada.

O ambiente asséptico, assim como a fotografia de cores frias da unidade de contenção, reforçam essa sensação de acolhimento para a personagem de Ruggard. Ela é quebrada pela chegada de uma mulher (Hillary Swank) do lado de fora, onde supostamente não deveria haver vida. Ademais, a curiosidade é reforçada pela empatia natural com outro ser humano. Isso levará a garota não apenas a questionar, como também se rebelar.

I Am Mother Netflix (8)

Roteiro e ação concisos

O filme de Grant Sputore (direção) e Michael Lloyd Green (roteiro) possui um caráter minimalista que só as boas obras de ficção possuem. Com um roteiro e ação concisos e um pequeno elenco que brilha sem exageros. Além disso, I Am Mother cria momentos de tensão que, de forma alguma, soam gratuitos. Assim como fazem o espectador questionar sobre as motivações das antagonistas que disputam a atenção e o afeto da Filha.

Tudo isso amparado pela parte técnica que se esmera na construção da Mãe. Utilizando efeitos digitais e práticos que, somados, tornam a personagem completa. Capaz de provocar ternura e temor, lembrando ora o robô de “Chappie”, ora o modelo “Exterminador T-800”.

I Am Mother

Trilha sonora primorosa

A trilha sonora também é um primor. Com canções de ninar colocadas em momentos chave para a Filha e orquestras que fazem a trama avançar com grandiosidade, mas sem grandiloquência. Em cenários fechados ou ambientes abertos, que em muito lembram “Matrix” ou “Blade Runner 2049”.

I Am Mother, certamente, entrará para o rol das melhores ficções científicas de qualquer época. Uma abordagem significativa sobre o que é preciso para ser uma mãe, humana ou não.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: I Am Mother
Direção: Grant Sputore
Roteiro: Michael Lloyd Green
Produção: Timothy White, Kelvin Munro
Elenco: Clara Rugaard, Luke Hawker, Rose Byrne, Hilary Swank
Distribuição: Netflix, StudioCanal
Data de estreia: sex, 07/06/19
País: Estados Unidos
Gênero: ficção científica
Ano de produção: 2019
Duração: 115 minutos
Classificação: 14 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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