‘Jessica Jones’ – 3ª Temporada (Netflix) | CRÍTICA
Fernando Coutinho
O réquiem da parceria Marvel-Netflix, a 3ª temporada de Jessica Jones, ao contrário do que muitos esperavam – uma temporada apenas para “cumprir tabela” – entregou uma boa produção, uma boa história e um fechamento no mínimo adequado ao final de uma “era”.
Leia mais:
– CRÍTICA | ‘GOOD OMENS’
– CRÍTICA | ‘LA CASA DE PAPEL’ (3ª TEMPORADA)
– CRÍTICA | ‘STRANGER THINGS’ (3ª TEMPORADA)
Ritter nos brinda com uma Jessica Jones ainda beberrona e desanimada com a realidade, porém, mais consciente de seu papel de heroína, bem como das implicações de “se importar” e vivendo o dilema de o quanto custa fazer o que é certo. Sempre mantendo seu próprio e singular senso moral-ético e de justiça. Sendo inclusive aconselhada por Luke Cage em uma rápida aparição no final da série.
ANTIGOS PERSONAGENS RETORNAM
Obviamente, outros personagens retornam nessa temporada. O destaque, por conta de uma excelente atuação, é a fria, calculista, manipuladora e impiedosa Jeri Hogarth, de Carrie-Anne Moss, num interessante contraponto do poder exercido por ela e sua fragilidade por conta do desenvolvimento de sua doença (ELA) e da tentativa de reaver seu grande amor.
Malcolm Ducasse também está de volta, agora como investigador e “resolvedor de problemas” de Hogarth, atormentado pelo maquiavelismo de sua escolha, não suportando o peso de seu trabalho muitas vezes anti-ético como preço para construir um nome e posição.
Além disso, outros retornos dignos de nota são do Detetive Costa, como o amigo-paternal não solicitado de Jessica, e Dorothy Walker, a mãe aparentemente superficial. Ela acaba sendo um certo alívio cômico, mas também o gatilho para uma grande virada.
O mais importante retorno é o de Trish Walker. Pode-se dizer que o enredo da temporada foi basicamente a ascensão e queda de Trish como Felina/HellCat, assim como Jessica irá lidar com isso. Curiosamente, acaba sendo o ponto mais paradoxal da temporada: Rachael Taylor, apesar de conseguir desenvolver e evoluir Trish para a “vigilante do gorro” (o nome Felina ou HellCat não chegou a ser usado) de uma maneira lógica, não consegue alcançar um nível de realidade para sua personagem.
NOVOS PERSONAGENS DÃO AS CARAS
Quanto aos acréscimos no elenco, temos Gillian, a nova secretária sem papas na língua que bate de frente com Jessica. Ela consegue mesmo se impor, gerando momentos hilários. Infelizmente, foi pouco aproveitada e sumiu inexplicavelmente nos últimos episódios.
Em seguida, temos Eric Gelden, que é baseado em um obscuro vilão dos quadrinhos chamado Mind-Wave (Onda Mental). Ele tem um poder que é uma espécie de empatia capaz de perceber o nível de maldade das pessoas. Esse “dom” se manifesta através do nível de dor de cabeça que elas causam ao estarem próximas dele. Por conta disso, se assemelha à Jessica em seu cinismo e descrença quanto às pessoas, e acaba se tornando também seu interesse romântico.
Por fim, temos Gregory Salinger, o serial killer e vilão da temporada. Inspirado em outro vilão obscuro da Marvel, o FoolKiller (Matador de Idiotas) – e talvez um pouco em Hannibal Lecter, quem sabe – Salinger vai muito além do simples slasher, sendo um adversário extremamente inteligente, preparado e calculista para Jessica e os demais.
JESSICA JONES AINDA TERMINOU BEM
Enfim, a temporada tem suas falhas e furos. Algumas coisas surgem e somem, como, por exemplo, o ferimento de Jessica por uma simples facada (lembrando que no contexto dos superpoderosos, alguém com força sobre-humana, ainda que não seja invulnerável, teria consequentemente uma resistência também acima da média). Em consequência do ferimento, ela é hospitalizada e perde o baço, o que passa a ser citado repetidas vezes, trazendo um quase-plot acerca da fragilidade de um poderoso, mas que deixa de ser mencionado de uma hora para outra, assim como foi o desaparecimento de Gillian.
Contudo, pode-se dizer que a 3ª temporada de Jessica Jones funcionou e conseguiu fechar de forma digna o próprio arco, assim como a parceria Marvel-Netflix, com a devida homenagem a Stan Lee no final. Mesmo acreditando que essa parceria merecia ao menos mais uma temporada final de “Demolidor” e do “Justiceiro”, bem como uma temporada ou no mínimo um episódio especial dos “Defensores” que também fechasse melhor a história de “Luke Cage” e “Punho de Ferro”. Que tal Marvel/Disney? ;D
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Marvel’s Jessica Jones
Temporada: 3
Episódios: 13
Criador (es): Melissa Rosenberg
Produtor(es): Tim Iacofano, S. J. Clarkson, Liz Friedman, Raelle Tucker, Allie Goss, Kris Henigman, Cindy Holland, Alan Fine, Stan Lee, Joe Quesada, Dan Buckley, Jim Chory, Jeph Loeb, Melissa Rosenberg
Distribuição: Netflix
Produção: Marvel Television, ABC Studios, Tall Girls Productions
Elenco: Krysten Ritter, Mike Colter, Rachael Taylor, Wil Traval, Erin Moriarty, Eka Darville, Carrie-Anne Moss,
David Tennant
Data de estreia: sex, 14/06/18
País: EUA
Gênero: Ação, Drama, Policial
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos