CRÍTICA | ‘La Casa de Papel’ (3ª Temporada)
Stenlånd Leandro
La Casa de Papel, produção hispânica, causou um total alvoroço nos últimos dois anos. Por incrível que pareça, ao lado de séries como “Game of Thrones”, foi uma das mais vistas de todos os tempos. Focada na simplicidade de seu elenco e sem causar nenhum tipo de estardalhaço com anúncios de casting caríssimo, logo o show rendeu muito retorno à Netflix.
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Todo esse sucesso foi causado graças a algumas atuações, um roteiro interessante que entrega soluções que fogem do padrão, ao estilo “Xeque-Mate”, com Bruce Willis. Há uma orquestra por trás tumultuando a mente dos policiais e do espectador. Não obstante, o seriado, que teve um primeiro ano de sucesso e uma segunda temporada conturbada, teve o terceiro ano prometido pela gigante do streaming. Com isso os anúncios começaram a aparecer, assim, do nada!
OS RETORNOS DE BERLIM E OSLO
O principal burburinho do retorno de La Casa de Papel foi causada pelo anúncio do suposto retorno de Berlim ao show. O ator Pedro Alonso havia dito que seu personagem estaria na terceira temporada do seriado, bem como na quarta. Morto a tiros no final do segundo ano, Berlim apareceu sim com muita frequência nos novos episódios, porém em flashbacks. O mesmo conta como descobriu sua doença e usa muito da sua saúde e inteligência antes mesmo de começar a definhar. Embora o carinho do público pelo personagem seja enorme, precisamos dizer que houve quem alimentasse as esperanças de que ele estivesse vivo e vegetando em algum canto sob tortura. Porém, ao menos nessa terceira temporada, garantimos que não. Por outro lado, o retorno de Oslo é pura figuração.
Assim, o retorno do ator que interpreta Berlim dá-se graças ao integrante Rio, que é preso numa ilha do Caribe. Com isso, sua amada intitulada de Tokio, decide resgatá-lo e solicita a ajuda do Professor. Aí entrada uma grande forçação de barra. Quem arriscaria a vida para salvar outra que não fosse de seus familiares ou pessoas muito queridas? Já estavam ricos e longe de tudo, então, para que arriscar oito vidas por uma? OK! É ficção. Denver é um que é totalmente contra arriscar sua vida, agora com um filho para salvar Rio. Fica explícita na frase: ”problema é dele”. Porém, também fica claro que o sistema precisa evoluir.
PLANOS SEM SEGURO DE VIDA
Os sobreviventes do grande roubo à Casa da Moeda, em dupla, sumiram e foram para lugares paradisíacos de difícil acesso. A princípio, todos estão bem ferrados. Afinal, o atual plano de resgate do personagem Rio não teve um planejamento tão longo como outrora. Assim também é mais arriscado do que aparenta. Todos esses planos vão levando as autoridades à loucura, porém, colocam-nas em prática diversos planos que vão minando a paciência do professor e sua trupe. Parecia um verdadeiro problema para os bandidos, até que o Professor mostra mais uma vez sua genialidade ao lado de Berlim. Os assaltantes entendem que, para assaltar o Banco da Espanha, precisarão de um soldador náutico. O orçamento está maior, bem como os cenários claustrofóbicos que lá estão.
GUANTANAMERA
O hit “Bella Ciao”, cantado majestosamente por soldados de guerra no passado, quase não aparece aqui. Em seu lugar, aparece Compay Segundo, com seu sucesso cubano “Guantanamera”. Com isso, veremos alguns personagens dançando o sucesso em alguns momentos.
DE VOLTA PARA O PRESENTE
Por incrível que pareça, a polícia sempre encontra um jeito que de trazer à tona as falhas esquecidas pelo grupo de assaltantes. Ao mesmo tempo, é necessário imaginar como esquivar-se da tecnologia que os bureaus de investigação possuem. Olhando desta forma, só havia um jeito de fazer com que policiais sequer conseguissem rastreá-los com precisão: utilizar celulares antigos. E bota antigos nisso. Estamos falando de ”Motorola Startac”, ”Samsung Voice” e ”Motorola Baby”. Esses tipos de aparelhos, ao lado dos famosos tijolões, foram usados pela equipe com intuito de dificultar o rastreamento, visto que eles não possuíam GPS na época. Não ficou claro como utilizaram essa tecnologia, já que o envio e recebimento de informações via a rede CDMA antiga foi há tempos descontinuada.
Simultaneamente, foi usada uma tecnologia usada no passado pelos ingleses para transmitir jogos de futebol. Com isso, podiam se comunicar com rádio transmissor através de uma onda impossível de rastrear e grampear.
PERSONAGENS NOVOS SEM BRILHO
Três novos bandidos reforçam o time, sendo que Palermo, passa a ser o líder das negociações. O novo integrante é um argentino engraçado, gay e apaixonado pelo falecido Berlim. Apesar de gostar do delinquente, o que soa bem forçado, ele é sanguinário e acaba ocupando o posto deixado por Berlim. Aliás, parecem muito similares em suas atitudes.
O tema rebelião é importante e, graças à prisão de Rio, diversos protestos acontecem no mundo todo como sucesso do grupo no primeiro assalto. Além disso, a opinião pública está do lado deles. Outrossim, não tem o mesmo apelo de justiça social imposta no primeiro ano. É aí onde a repetição se inicia. O que encantou o público durante duas temporadas, agora é dum marasmo só. Excessos ficam evidentes e o principal deles é que, pela periculosidade da missão, nem mesmo James Bond ou Ethan Hunt (de “Missão Impossível”) conseguiriam. A temporada está longe de ser linear, com viagens que levam a pelo menos sete momentos diferentes no espaço de cinco anos, o que deve causar confusão a quem assiste.
Por mais que uma novidade ali e outra acolá aconteçam, tudo se torna uma novela de quinta categoria quando os casais estão juntos. Apesar da produção ser espanhola, no momento dos romances parece que estamos lidando com mexicanos. Há muito drama entre os casais e isso cansa a narrativa.
SEASON FINALE E LÁ VAMOS NÓS EM REPETIÇÕES
Que a 4ª temporada do show chegará no próximo ano todos sabemos. Porém, a tática para dar vida ao terceiro ano trouxe consigo, como dito acima, alguns problemas. Com isso, as mesmas soluções deverão ser implantadas no futuro. Isso porque outro acidente de percurso acontece. A alternativa Alcatraz, utilizada também nos anos anteriores, é posta em prática. Assim, sabemos que muita coisa deu errado para usarem, inclusive, a expressão DEFCON 4. Essa expressão de guerra que quer dizer ”condição de prontidão de defesa” é muito comum em filmes de guerra, mas aqui é a primeira vez entoada por um membro da equipe.
Nesse ínterim, há perda substancial da surpresa, visto que a missão, além de ser repetitiva, não traz tanto interesse. É como nos filmes de guerra. Você sabe o que vem à frente. Sabemos que o professor será inteligente, que sua gangue ora conseguirá algo ora não. Mesmo a chegada de novos personagens que trazem mais empatia e fôlego ao show, a soma mostra a fadiga já encostando. Tudo bem que exploram a origem de cada um e dos sentimentos dos mesmos, mas o resultado final, apesar de legal e interessante, está longe de inovador.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: La Casa de Papel
Temporada: 3
Episódios: 8
Criador (es): Álex Pina
Produtor(es): Álex Pina, Sonia Martínez, Jesús Colmenar, Esther Martínez Lobato, Nacho Manubens
Distribuição: Netflix
Produção: Vancouver Media, Atresmedia
Elenco: Úrsula Corberó, Itziar Ituño, Álvaro Morte, Pedro Alonso, Paco Tous, Alba Flores, Miguel Herrán, Jaime Lorente, Esther Acebo, Enrique Arce, María Pedraza, Darko Peric, Kiti Mánver
Data de estreia: sex, 19/07/18
País: Espanha
Gênero: Drama, Suspense, Policial
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos