Minha Lua de Mel Polonesa

Minha Lua de Mel Polonesa - Pandora Filmes

Crítica | ‘Minha Lua de Mel Polonesa’

Alvaro Tallarico

Minha Lua de Mel Polonesa (Lune de Miel) vem com fotos antigas introduzindo um filme gracioso.

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Convenhamos, temos um jovem casal de Paris com ascendência judaica polonesa com ótima química entre si. Esses dois bem poderiam muito bem ser seus vizinhos.

Ademais, Judith Chemla atua com perfeição como uma mulher parisiense neurótica e sistemática, Anna. Além disso, é obcecada com o passado judeu de sua família. Enquanto isso, Adam, seu esposo, é feito por Arthur Igual, igualmente eficiente em ser um cara divertido e bem-humorado, fazendo uma contraposição cativante com a esposa.

Acontece que eles acabam indo pela primeira vez para Polônia, um sonho para Anna, pois foram convidados a comemorar os setenta e cinco anos da destruição da comunidade de nascimento do avô de Adam.

FASCINANTE PARA ELA, NEM TANTO PARA ELE

Para Anna a viagem é fascinante, tudo é lindo, único, especial, emocionante. Mesmo sendo em uma Polônia não muito receptiva. O país é frio e chuvoso. Adam só quer aproveitar para ter um tempo a sós com a mulher, curtir e botar o sexo em dia. O bebê deles fica sendo cuidado pelos pais de Anna.

De um modo divertido, as perspectivas de ambos se contrapõem. Anna se esforça por uma conexão que parece não existir. Inclusive, a cena em que conversa com uma atendente polonesa é extremamente cômica e demonstra exatamente isso. As caras e bocas de Judith encaixam direitinho no que a personagem requer.

Minha Lua de Mel Polonesa cantando na chuva

Minha Lua de Mel Polonesa cantando na chuva (Pandora Filmes/divulgação)

Minha Lua de Mel Polonesa tem uma bela referência ao clássico ‘Cantando na Chuva’ de Gene Kelly que não passa despercebida. Os passeios pelas ruas polonesas são lotados de cenas espirituosas, fofas, e pequenas doses de reflexão.

Entretanto, Nem tudo são flores e o casal entra em rota de colisão em determinado momento. Acontece nas melhores famílias.

MINHA LUA DE MEL POLONESA É SINGELO

Bem como dirigido de forma naturalista e crítico a um turismo que explora uma tragédia, vemos em Minha Lua de Mel Polonesa uma disneylândia do holocausto. O casal sente o incômodo, contudo, ainda assim, Anna quer saber mais sobre sua ancestralidade e romantiza quase tudo que encontra.

Em suma, a mulher está em busca de si mesma, de suas raízes, as quais podem estar muito mais próximas do que imagina. Talvez seja mais triste e simples do que aparenta.

Minha Lua de Mel Polonesa (1)

(Pandora Filmes/divulgação)

Quando Anna e sua mãe (Brigitte Roüan, excelente, se destaca quando aparece) estão em meio a um terreno e conversam, finalmente algumas respostas surgem, de maneira emocionante.

Durante a cabine, um jovem que assistiu descreveu o filme como “inofensivo”, ou seja, não ofende; não faz mal; não prejudica; não traz más consequências. Essa é a definição do dicionário. Acredito que o amigo não quis ser elogioso, mas colocar o longa-metragem como banal. Contudo, vejo sim a inofensividade como um elogio, pois o filme preza pela sensibilidade, utilizando de uma simplicidade em passar um recado sobre as raízes, sobre a descendência. Tudo bem, não inova, nem ousa; mas abraça.

Afinal, Élise Otzenberger, escritora e diretora, homenageia seus antepassados e o presente que a vida lhe deu em um singelo filme.

O final é uma graça, claro.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título Original: Lune de Miel
Diretora: Élise Otzenberger
Elenco: Judith Chemla , Arthur Igual , Brigitte Roüan , Isabelle Candelier
Distribuição: Pandora Filmes
Data de estreia: qui, 29/08/2019
País: França
Gênero: Comédia dramática
Ano de produção: 2019

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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