CRÍTICA | ‘Minha Vida em Marte’ só foi feito para aproveitar o sucesso do antecessor

Italo Goulart

Minha Vida em Marte é  uma continuação do sucesso “Os Homens São de Marte… e É pra lá que Eu Vou”, baseado em um monólogo que ficou nove anos em cartaz escrito por Mônica Martelli, que volta ao seu personagem Fernanda. O sucesso do primeiro filme ainda rendeu uma série pelo canal de TV a cabo GNT e já está em sua terceira temporada.

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Seguindo as consequências do longa anterior, onde Fernanda finalmente atinge êxito no seu maior desejo, que era conseguir um amor e ser feliz, ela descobre que o relacionamento por ela idealizado não é só de flores e alegrias e que, às vezes, a crise pode vir forte e irreversível. Casada com Tom (Marcos Palmeira), Fernanda está vivendo a maior crise de seu relacionamento: sem tesão, sem interesse, sem diálogo, somente trocas forçadas de carinhos e poucas palavras que não os envolve. O único elo entre eles que ainda parece ser real é a filha de cinco anos, Joana (Marianna Santos). Em meio a isso, sua válvula de escape é seu fiel amigo e sócio, Aníbal (Paulo Gustavo), que tenta ajudá-la da melhor forma possível, mas que, por vezes, consegue piorar ainda mais a situação.

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Minha Vida em Marte traz uma proposta de humor descompromissado, que tenta levar alguma espécie de mensagem sobre autoconhecimento, amor próprio e o valor da amizade, mas acaba se perdendo em sequências mostrando gastos compulsivos e futilidades das mais diversas formas, se tornando quase um episódio de uma novela qualquer de horário nobre, contando as mazelas da high society. A estrutura narrativa também lembra uma soap opera, que parte de algum lugar para lugar nenhum, quase que em esquetes, tudo contextualizado e resolvido no mesmo ponto, com alguma reclamação da personagem principal, que praticamente foi reduzida a uma ranzinza de meia idade e uma tirada engraçada do verborrágico Aníbal, personagem que leva as características de quase todos os personagens de Paulo Gustavo.

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Foto: Downtown Filmes / Divulgação

O ponto positivo de Minha Vida em Marte (mas que o espectador tem que fazer uma profunda reflexão por si só) é a possibilidade de autocrítica para com o seu próprio relacionamento, principalmente aos casados, mas isso vai ter que partir unicamente de você, pois os personagens parecem estar bem acomodados a empurrar com a barriga o tipo de relacionamento destrutivo que estão tendo e as maneiras que tentam resgatá-lo, ou é baseado em algo sexual ou em viagens e compras, nunca apresentam uma real intenção ou vontade de fazer algo para que sobrevivesse.

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A frase mais sensata e que poderia não só mudar o tom do filme, mas mostrar uma finalidade para o mesmo, é dita por Bruno, personagem do ator português Ricardo Pereira, que explica que a coisa mais importante de um relacionamento é a renovação dos votos para com o parceiro, para sempre dar um novo significado aos que vivem a buscar um eterno recomeço, mas sem necessariamente ter um fim. É bonita, mas posta de forma gratuita e que foi esquecida assim como o personagem dele e do Marcos Palmeira, que só é usada para dar motivo de alguma reclamação da personagem principal ou aumentar sua insegurança sobre sua beleza idade e sua paranoia em relação à idade.

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Com bastantes piadas sexuais, personagens esquecíveis e uma trama sem profundidade, Minha Vida em Marte é só mais um filme brasileiro que peca pelos excessos e sem conteúdo, que tenta empurrar uma conclusão sem qualquer desenvolvimento e que foi feito só para aproveitar o sucesso do filme anterior.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Direção: Susana Garcia
Roteiro: Susana Garcia
Elenco: Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Marcos Palmeira, Ricardo Pereira, Marianna Santos
Distribuição: Downtown Filmes
Data de estreia: qui, 25/12/18
País: Brasil
Gênero: comédia
Ano de produção: 2017
Duração: 105 minutos
Classificação: 12 anos

Italo Goulart

NAN