Missão no Mar Vermelho Netflix

CRÍTICA | ‘Missão no Mar Vermelho’ (Netflix)

Jorge Feitosa

A história de um êxodo pouco conhecido.

Ao receber em seu escritório o imprudente Ari Levinson (Chris Evans) após uma missão suicida de transferência de judeus etíopes para um campo de refugiados no Sudão, Ethan Levin (Ben kingsley) ordena-o a suspender as atividades até a elaboração de um novo plano de resgate dos falashas para a já proeminente nação de Israel. Inconformado, Ari em poucas horas elabora um plano tão ousando quanto absurdo: enviar judeus negros em uma caminhada de mil quilômetros para o muçulmano Sudão, onde, gerenciando um hotel falso, os agentes irão embarcá-los em um navio até Israel.

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Ação se iniciou nos anos 50

A saber, Missão no Mar Vermelho (The Red Sea Diving Resort) narra essa impressionante operação engendrada por Israel. A ação se iniciou ainda nos anos 50 com o envio de emissários para educar aquela que era tida como uma tribo de descendentes de Salomão e há três mil anos mantinha sua fé e identidade judaica. Mas, com o aumento dos conflitos na região, a discriminação se acentuou e a emigração tornou-se proibida, passando a ser feita de forma clandestina.

E a obra do israelense Gideon Raff, roteirista e diretor, aborda justamente o início do período clandestino das operações. A produção emula na fotografia e na escolha do elenco os filmes de espionagem da década de 70. Com a boa montagem na escolha dos recrutas e sua caracterização descolada, é preciso lembrá-los (e ao espectador) que são judeus desarmados enviados a um país muçulmano em uma missão que tem tudo para ser suicida.

Missão no Mar Vermelho Netflix (1)

Reconstituição de época vistosa

Mas o que poderia ser um filme medíocre se torna eficaz pela própria história real em que é baseado. Afinal, um grupo de judeus saindo da África pelo Mar Vermelho em direção à terra prometida não deixa de ser uma reedição da saga de Moisés. Com uma reconstituição de época vistosa e vilões mesquinhos, bem como corruptos que, apesar de caricatos, não atrapalham o desenrolar da trama.

Outro ponto a se observar é a retratação dos falashas e sua condição de refugiados no Sudão, que os recebia não por benevolência, mas por lucro, mantendo-os em condições degradantes. Não muito diferente do que ainda hoje se vê em tantos campos ao redor do mundo, particularmente quando se terceiriza essa atividade.

Em suma, ao fim de uma narrativa reforçada pelas imagens de época, Missão no Mar Vermelho nos lembra que o drama dos refugiados começou a mais tempo do que supomos hoje em dia. De fato, a saga dos judeus etíopes merece ser revista pelo cinema e outros veículos. Pois, quem sabe, talvez possamos saber mais sobre o fruto da paixão de Salomão pela Rainha de Sabá.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Red Sea Diving Resort
Direção: Gideon Raff
Roteiro: Gideon Raff
Elenco: Chris Evans, Michael K. Williams, Haley Bennett, Michiel Huisman, Alessandro Nivola, Greg Kinnear, Ben Kingsley
Distribuição: Netflix
País: Estados Unidos, Canada
Gênero: drama, thriller
Ano de produção: 2019
Duração: 130 minutos
Classificação: 16 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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