CRÍTICA | ‘Museu’ traz Gael García Bernal em mais uma merecida obra premiada

Um dos assaltos mais controversos da história, ocorrido no México, mais uma aclamada interpretação de Gael García Bernal e um roteiro premiado por um jovem e talentoso diretor. Estamos falando de Museu (Museo), de Alonso Ruizpalacios.

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Sob a direção segura do jovem compatriota, Gael traz seu talento irresistível a Juan Nuñez, um estudante de veterinária que junto a seu amigo Benjamin Wilson, retratado por Leonardo Ortizgris, orquestram um roubo  de mais de 100 peças do Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México na manhã de Natal de 1985.

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Museu estreou no Festival de Berlim, na Alemanha, em fevereiro deste ano. De cara, levou o Urso de Prata por Melhor Roteiro. E é merecido, afinal a parte mais interessante sobre o filme é tentarmos entender o porquê do ato e também a divertida análise sobre amizade, família, patriotismo e identidade cultural. E se levarmos em conta se tratar de uma história real, a satisfação com a obra sobe ainda mais.

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Foto: Supo Mungam Films / Divulgação

Na vida real, o assalto ao Museu Nacional do México ocorreu numa época muito difícil para o país. Há poucos meses antes, mais precisamente em setembro de 1985, um terremoto violento vitimou mais de 10 mil pessoas. A nação estava fragilizada e há somente seis meses da realização da Copa do Mundo de 1986. Um inevitável e compreensível sentimento de unidade mexicana se fazia aflorar.

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Por isso, ninguém poderia imaginar o que estava pra vir numa manhã de Natal onde os guardas do museu estavam mais preocupados em beber e confraternizar. O roubo protagonizado pelos dois jovens Juan e Benjamín contou com 140 peças pré-hispânicas de suas vitrines, como a máscara do Rei Pakal. Quando se dão conta da gravidade do ato, decidem fugir e é nesse momento do filme que a comédia dá lugar a discussões mais sérias e um estilo ‘road movie’, passando por belas paisagens mexicanas. Isso sem contar com a polícia sequer suspeitando dos autores do crime não serem profissionais e sim moradores de subúrbios da classe média.

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Foto: Supo Mungam Films / Divulgação

A abordagem do fato pelo diretor Alonso Ruizpalacios, já aclamado com diversos prêmios em seu país por obras como o curta “Café Paraíso” (2008) e “Güeros” (2014 – exibido no Festival do Rio 2014), é uma ‘réplica da realidade’. Os fatos reais são meio enevoados até mesmo pra população mexicana. Visto que os atores principais e demais envolvidos no longa declararam sequer se lembrar do ocorrido com maiores detalhes. Até a família dos assaltantes foi procurada, mas seus parentes não quiseram colaborar com o projeto e até pediram que o filme não fosse feito. Sobre essa maior liberdade criativa, o diretor Ruizpalacios, que também assina o roteiro, declarou:

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– Isso nos fez buscar uma outra forma, mais fresca, de contar a história deles. E na verdade foi uma das coisas mais legais que poderiam ter acontecido justamente por não saber a verdade sobre os personagens, suas motivações. Tudo era contraditório, opaco, a respeito da dupla. O filme também deveria ser assim. Acabou sendo importante não termos respostas definitivas. Acredito que, para os mexicanos, não conhecer a resposta seja frustrante. Mas eles têm que viver com isso.

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Com todo esse enredo, Museu já valia a conferida, mas nos arriscamos a dizer ser um dos melhores filmes do ano. O longa é também a primeira produção original em espanhol do YouTube Premium. Sua estreia na famosa plataforma será realizada depois de sua exibição nos cinemas dos Estados Unidos, América Latina e Europa, entre novembro e dezembro. No Brasil, a previsão nas telonas é dia 08 de novembro.

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=YCE3rHqg0Zo

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Museo
Direção: Alonso Ruizpalacios
Elenco: Gael García Bernal, Leonardo Ortizgris
Distribuição: Supo Mungam Films
Data de estreia: qui, 08/11/18
País: México
Gênero: Comédia, Drama
Ano de produção: 2018
Duração: 128 minutos
Classificação: 12 anos