CRÍTICA | Nova série da Netflix, ‘Os Inocentes’, mostra problema familiar em ritmo lento e alta dose de drama

Stenlånd Leandro

A Netflix ultimamente tem apostado forte em séries originais que não são desenvolvidas em solo americano. Não é segredo para ninguém que a empresa veio para facilitar a vida de muita gente, o sucesso do serviço de streaming tem feito a ‘era dos downloads’ diminuir cada vez mais. Depois da viciante “A Casa de Papel”, a Netflix aposta em Os Inocentes, série britânica que coloca dois adolescentes, Harry e June, em uma fuga desesperada para ficarem juntos na cidade grande.

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Estrelada por Sorcha Groundsell (Clique, Iona, Sleeping Lions) como June, e Percelle Ascott (Wizard vs. Aliens, The Weekend Movie) como Harry, Os Inocentes tenta focar em um drama autêntico, ao qual parte dos protagonistas e coadjuvantes possuem o poder extraordinário de mudar a aparência e ficarem idênticos a qualquer pessoa em que eles possam tocar. June é o foco principal da série e ela também é uma Shifter. O processo é bem simples: basta apenas ficar descontrolado, sentindo-se indefeso ou ameaçado para que o trabalho de mutação, chamado de Shift, se inicie. Isso também acontece quando a pessoa está sob alto nível de stress.

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De cara, tudo que virá em sua mente, caso seja um fã de quadrinhos, é a semelhança dos poderes de June com a Mística dos X-Men. É praticamente igual, sendo que para haver a troca de aparência se faz necessário o contato com as mãos, e é exatamente neste momento em que lembramos da Vampira. Com isso, a pessoa tocada acaba entrando em uma espécie de estado catatônico, enquanto a outra usufrui de tudo. Como parte do pacote, além da aparência física, todas as habilidades ao lado dos temores vêm junto. Se a pessoa ‘shiftada’ souber, por exemplo, Latim, consequentemente o Shifter também falará latim. O mesmo para força física. Se for um levantador de peso, o Shifter também herdará sua força até que volte ao seu estado normal. Em uma fuga desenfreada, June acaba se apossando do corpo de uma enfermeira grávida e adivinhe o que aconteceu com ela? Também ficou grávida.O que muita gente não irá entender é o fato de a família da adolescente June tentar ao máximo protegê-la. Isso, em certos momentos, pode passar a impressão de que é uma família retrógrada e opressora, mas há uma grande razão para esconderem os poderes dela ou a mesma pode virar alvo de muita gente. June possui uma habilidade sobrenatural que ela aparentemente desconhecia e no começo é incapaz de controlar.

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A série possui um ritmo lento e alta dose de drama em diversas cenas de aparente possessão. Temos dois locais onde o drama é vivido: Inglaterra, como principal local onde os protagonistas estão, e Noruega (Bergen), onde uma família junto de um doutor interpretado por Guy Pearce estão localizados. Os produtores de Os Inocentes criaram tomadas para chocar aquele que assiste ao drama e a limitação de estar por trás de uma narrativa um tanto quanto traiçoeira. Estas ênfases sugerem experiências compartilháveis por qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias. Elas tornam este formato um caso isolado de cárcere irracional, deixando os personagens à beira da loucura com tanta transformação. É que June é especial e, apenas ela, consegue ‘Shiftear’ um outro Shifter. E então, quando se pensa que nada mais trágico poderia acontecer, eis que inicia-se uma nova busca na série além das explicações do porquê de June ser assim. Agora é necessário entender também a razão pela qual a mãe da garota a deixou nesse emaranhado de dúvidas e problemas a serem resolvidos.

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No ímpeto da alma e do sofrimento, a protagonista deixa clara a amplitude e a noção do humano e suas vertentes ao se jogar no submundo da mutação. Há toda uma estranheza monstruosa, da qual, ao fazer todo procedimento de ser outra pessoa, acaba que as memórias da outra pessoa vêm junto. Com isso, June descobre as fraquezas das pessoas e as limitações, tornando-a uma possível arma de infiltração. Foi assim com a mãe dela quando descobrimos parte da trama escondida até os dois últimos episódios. Aparentemente, o foco não é o poder que June possui, mas mostrar o quanto as pessoas têm seus problemas e que precisam de uma solução independente do que for. O pai de Harry, por exemplo, está em um estado totalmente estranho. Ele aparenta ter tido um AVC e mal consegue falar, no entanto, mais para frente entendemos bem o porquê desta situação.

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Com oito episódios, todos os segredos são revelados na íntegra durante o sétimo episódio com alguns plot twists que nem são tão empolgantes assim. Até um certo ponto, a escolha dos atores ajuda a gerar a trama do show, são dois pesos e duas medidas na verdade. Percelle Ascote atua bem e não teria outro que possivelmente viesse a atuar com tanta maestria o personagem Harry. Já Sorcha Groundsell está OK para o papel, mas não é lá essas coisas, talvez tenha faltado um bocado de força de expressão. A aparição de Guy Pearce fica bastante a desejar. O personagem do ator como um doutor que sabe de tudo e que aparenta ter a solução para os problemas de June ficou bem aquém do esperado e sem nenhum brilho. Os Inocentes ajudará ao espectador a entender que, independente se o amor é sobrenatural ou não, qualquer pessoa possui um problema que precisa ser resolvido. Adora um drama? Então essa série é para você. Não fará com que prepare a caixinha de lenços, mas tem muito potencial para quem curte um seriado com essa pegada mais teen.

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::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=PuLeuC0AdOQ

:::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Innocents
Temporada: 1
Criação: Hania Elkington, Simon Duric
Elenco: Sorcha Groundsell, Percelle Ascott, Guy Pearce
Produção: Netflix
Gêneros: ficção científica, drama
Ano: 2018
Classificação indicativa: 16 anos

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN