O Amor Dá Trabalho (2)

CRÍTICA | ‘O Amor Dá Trabalho’

Alvaro Tallarico

Este filme é recomendado para fãs do Leandro Hassum.

O Amor Dá Trabalho começa muito bem ao som de Noriel Vilela (“Eu tá vendo no copo”). Além disso, há uma divertida animação que apresenta o jeitão do personagem principal. A trilha sonora é, de fato, boa.

Leia mais:

CRÍTICA | ‘BRINQUEDO ASSASSINO’ (2019)
HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA SUPERA SKYFALL E SE TORNA MAIOR BILHETERIA DA SONY
CRÍTICA | ‘BACURAU’

Ghost + Todo Poderoso

Pois bem. Certamente você conhece o filme “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, de 1990. Vencedor de dois Oscars, o filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta no dia 27 de dezembro de 1993. A audiência foi histórica, 56 pontos, chegando a superar os índices da novela das oito da época, “Fera Ferida”. Nenhum outro filme havia registrado tamanha audiência até então, a qual só foi superada pela primeira exibição de “Titanic”, sete anos depois (57 pontos). Mas por que estou citando esse clássico que une drama, romance, suspense e espiritismo? Pelo motivo que O Amor Dá Trabalho é explicitamente inspirado neste longa e usa o mesmo como referência muitas vezes durante a exibição. Até com a utilização da música principal da trilha sonora que marcou época: “Unchained Melody”, dos Righteous Brothers.

Aliás, O Amor Dá Trabalho também bebe muito na fonte de “Todo Poderoso” (2003). O ator principal, inclusive, procura utilizar muito o humor físico, talvez inspirado em Jim Carrey. Este é Leandro Hassum, o Ancelmo, um anti-herói, funcionário público preguiçoso e metido a esperto, sem respeito por quem atende.

O Amor Dá Trabalho (4)

A trama

A situação é que o cara morre (não é spoiler, está no trailer) e precisa completar uma missão de cupido para não sofrer no inferno. Não cria muita empatia com o público, não temos vontade de torcer por ele, mas sim por Elisângela, vivida com charme pela Flávia Alessandra. A mulher é linda, vegana, trabalhadora, com bom coração, dona do Veg Food Truck, mas que foi largada no altar há doze anos e nunca mais conseguiu ninguém. Paulo Sérgio, feito por Bruno Garcia, foi o noivo que a largou e agora namora uma voraz patricinha carnívora, extremamente fútil e pouco inteligente. O elenco conta ainda com Felipe Torres, o eterno Boça do extinto programa de televisão “Hermes e Renato”, vive um cara chato, o Dan Dan, bem inconveniente, apaixonado pela Elisângela. Tipo Boça mesmo.

Tem boas sacadas como uma cena que aparece rapidamente no trailer, onde Ancelmo usa seus poderes para ser um, digamos, corretor ortográfico pornográfico das mensagens que Elisângela envia para Paulo Sérgio.

O Amor Dá Trabalho (3)

Clichês sem politicamente correto

São diversas piadas relacionadas ao mundo espiritual e suas possíveis influências no mundo material. Enfim, O Amor Dá Trabalho não se preocupa com o politicamente correto, brincando com tudo e com todos, muito em cima de clichês: baiana, chinês, funcionalismo público.

A saber, as melhores cenas do filme são as estreladas pelos deuses, vividos por diversos comediantes e outras celebridades brasileiras como Ludmilla, Dani Calabresa, Murilo Couto, o cantor Falcão, Hélio de La Peña, Sérgio Loroza, entre outros.

O Amor Dá Trabalho ainda se marca temporalmente ao citar o ministro Sérgio Moro em uma das cenas finais e é altamente recomendado para quem é fã do Leandro Hassum. E só.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: O Amor Dá Trabalho
Direção: Ale McHaddo
Elenco: Leandro Hassum, Flávia Alessandra, Bruno Garcia
Distribuição: Downtown/Paris
Data de estreia: qui, 29/08/19
País: Brasil
Gênero: comédia
Ano de produção: 2018
Duração: 100 minutos
Classificação: 12 anos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
NAN