CRÍTICA | Com Hugh Jackman impecável, ‘O Favorito’ é um belo filme sobre política e limites da imprensa
Wilson Spiler
Dirigido por Jason Reitman, responsável pelos ótimos “Amor Sem Escalas”, “Obrigado por Fumar” e “Juno”, O Favorito (The Front Runner) traz um Hugh Jackman (o eterno Wolverine) em um papel bem diferente do que estamos acostumados a vê-lo.
Festival do Rio: CRÍTICA #2 | Do humor ácido ao golpe final, ‘Infiltrado na Klan’ é um choque de realidade
Ambientado em 1984, o filme conta a história real de Gary Hart (Hugh Jackman), um senador norte-americano que, após perder as eleições presidenciais, passa a ser o favorito para candidatura democrata à presidência quatro anos depois. Com larga vantagem sobre os seus concorrentes, tudo indicava que ele seria o vencedor do pleito: com uma família aparentemente perfeita, bonito e bem articulado, bastava o político deixar o tempo passar sem se envolver em problemas ou polêmicas. Pois bem, bastava isso.
No meio da disputa presidencial, Gary Hart se envolveu com a jovem modelo Donna Rice (Sara Paxton) depois que a conheceu numa festa em um barco. Cercado por todos os cantos pela imprensa, o caso extraconjugal acabou sendo descobertos por repórteres do jornal Miami Herald, que acabou despertando o interesse dos demais jornalistas, principalmente do Washington Post, onde um deles se aproximou bastante do candidato.
Festival do Rio: CRÍTICA | ‘Cafarnaum’ é uma obra-prima de uma espécie de neorrealismo moderno e necessário
Após isso, sua imagem de bom moço e de “família tradicional” começou a ruir. Os defeitos do, então, intocável senador começaram a transparecer. Ele começou a ficar mais irritadiço, tem problemas na relação com sua esposa Lee Hart (Vera Farmiga) e sua filha Andrea Hart (Kaitlyn Dever). A casa é cercada por toda a imprensa, ansiosa por cobrir todos os passos do político, tornando difícil também a vida dos seus familiares.
Festival do Rio: Cine Arte UFF recebe filmes do Festival do Rio 2018
Com uma atuação impecável de todo o elenco, em especial de Hugh Jackman, envelhecido significativamente pela maquiagem e com cabelos grisalhos, O Favorito é um belo filme sobre política, mas, ao mesmo tempo, sobre os limites da imprensa. A discussão entre Gary e Bob Martindale (editor-chefe do jornal Miami Herald, interpretado pelo ótimo Kevin Pollak) exemplifica bem o papel do jornalista, até onde ele pode ir para não invadir a privacidade do outro e, sim, aborda também as fake news, assunto tão em voga atualmente. O casting é abrilhantado ainda com presenças de nomes como J.K. Simmons, Mark O’Brien, Alfred Molina, Mamoudou Athie e Jenna Kanell, que cumprem seus respectivos papéis de forma esplendorosa.
CRÍTICA | ‘Operação Overlord’ mistura ação e terror com maestria
Baseado no livro “All the Truth Is Out: The Week Politics Went Tabloid”, o roteiro de Matt Bai, Jay Carson e Jason Reitman é linear e recheado de diálogos rápidos e precisos, com momentos marcantes, como quando o jornalista AJ Parker (Mamoudou Athie), do Washington Post, durante uma entrevista coletiva, questiona a Gary se traição é imoral e se ele já havia cometido adultério. Só por essa cena, pela resposta e pela reações dos presentes, O Favorito já vale o ingresso. Veja os horários de exibição no Festival do Rio.