CRÍTICA | ‘O Justiceiro – 1ª Temporada’ é a produção mais séria de heróis da Netflix e se destaca pela brutalidade
Maria Clara Novais
O Justiceiro é mais uma produção da Netflix em parceria com a Marvel e conta a história de Frank Castle, um ex-fuzileiro que busca vingança por sua família morta. A primeira aparição de Justiceiro foi na segunda temporada de Demolidor como um dos oponentes de Matt Murdock. Devido ao carisma e apelo diante do publico, Castle ganhou mais espaço. Diferente de Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro, o personagem não é e nunca quis ser um herói.
O seriado se diferencia das produções anteriores, principalmente pela abordagem mais violenta. O Justiceiro é uma máquina de matar e não tem pudor na hora de dar um tiro na cabeça de seus oponentes. As cenas de luta e tiroteio muitas vezes causam desconforto por serem pesadas e extremamente impactantes, principalmente no começo e no fim da temporada. As cenas de ação são frenéticas e bem desenvolvidas, mas não tão belas como em Demolidor. A violência é tratada com cautela e não é glamourizada, é possível sentir o peso de cada tiro.
Além de Karen Page (Deborah Ann Woll), jornalista que ajuda Castle em Demolidor, outros personagens secundários ganham destaque como Micro (Ebon Moss-Bachrach), um gênio tecnológico em busca justiça, Billy Russo (Ben Barnes), parceiro de guerra e amigo de Frank que comanda a Anvil, uma agência militar privada, Dinah Madani (Amber Rose Revah), policial que busca agir corretamente dentro do sistema corrupto, e Lewis Walcott (Daniel Webber), ex-fuzileiro que não sabe lidar com o fato de voltar para a casa depois guerra. Todos esses personagens coadjuvantes são bem explorados dentro do enredo, o que muitas vezes colocar Castle em segundo plano, e o interesse por eles é assegurado pelo belo trabalho realizado pelos atores. Jon Bernthal é excelente no papel de Justiceiro. Não há dúvidas de que o ator nasceu para o viver o anti-herói e consegue dar vida a um personagem marcado pela dor, movido pela raiva e cego pela vingança.
A série também faz paralelos com a realidade atual americana ao tratar das consequências psicológicas da guerra, a corrupção dentro do sistema e principalmente sobre o porte de armas por civis, permitido pela legislação de alguns estados estadunidenses. Porém, a série fica em cima do muro e não defende nenhum discurso. Ela também levanta discussões quando faz um paralelo com Walcott sobre se o quê o Justiceiro faz é correto ou pode ser considerado terrorismo.
Entretanto, mesmo sendo interessante e instigante, a série consegue ter longos momentos tediosos, já que estende demais algumas tramas, principalmente no meio da temporada. As cenas de flashbacks/pesadelos de Frank Castle com a ex-mulher chegam a ser irritantes. A história poderia ter sido facilmente desenvolvida em menos episódios. Mesmo assim, o saldo é positivo e, depois dos erros grotescos em Punho de Ferro e a segunda temporada irregular de Demolidor, a Netflix conseguiu provar que ainda é capaz de realizar boas produções de heróis.
TRAILER
https://www.youtube.com/watch?v=6m3DvnsSxt8