CRÍTICA | ‘O Justiceiro’ (2ª temporada)
Wilson Spiler
Depois de um sucesso arrebatador em sua primeira temporada, a Netflix lança em seu catálogo, a partir desta quinta-feira, 18, o segundo ano de O Justiceiro (The Punisher).
Leia mais:
– BBBLAH! NO AR! #1 – BIG BROTHER BRASIL 2019
– THANOS DESINTEGRA ‘OS SIMPSONS’ EM NOVA ABERTURA DA SÉRIE: VEJA!
– ‘GOTHAM 5ª TEMPORADA’ | PRIMEIRAS IMPRESSÕES
https://www.youtube.com/watch?v=pTvhai4EM9Q&list=PLx6PsrYY1ucMChi8qHNlXYeIBuyMbUAL0
A nova temporada começa com um Frank Castle (Jon Bernthal) numa espécie de período sabático, tentando viver longe de confusões, com tudo indicando que estávamos prestes a assistir uma road serie, digamos assim. Viajando como quem nada quer pelo interior dos Estados Unidos, nosso anti-herói se depara, num dia qualquer, com a adolescente Amy Bendix (Giorgia Whigham) sendo perseguida por assassinos profissionais. Ao decidir defendê-la, o protagonista acaba se vendo em meio a uma conspiração, com nomes importantes, inclusive, o que faz voltar para os dias de… bad boy?
Quem viu o primeiro ano de O Justiceiro, deve se lembrar como terminou a confusão com Billy Russo (Ben Barnes), a agente Dinah Madani (Amber Rose Revah) e, claro, nosso amigo Castle. Isso terá sérias consequências no decorrer da trama. Já no início dessa temporada, Billy encontra-se com suas memórias perdidas em uma cama de hospital, devidamente escoltado por policiais e fazendo terapia com a doutora Krista Dumont (Floriana Lima).
É aí, talvez, que o ano 2 da série se perde um pouco e torna-se, por vezes, confusa e arrastada. As histórias de Billy e Amy não se entrelaçam, deixando a sensação de que poderiam ser feitas em temporadas diferentes (será um prenúncio de que haverá novo cancelamento de uma série da Marvel?). Se por um lado, é bom que nenhuma das tramas se sobressai, por outro, não há a devida importância para alguma delas. Falando no linguajar popular, pareceu mesmo uma “encheção de linguiça” do roteiro. Fica a impressão também que o seriado poderia ser mais curto, com oito episódios, como acontece em “Os Defensores”, por exemplo.
Se O Justiceiro peca em sua narrativa, não se pode dizer que faltou sangue, como os fãs da série tanto gostam. Frank Castle continua violento, embora, muitas vezes, misericordioso. Porém, se compararmos à primeira temporada, o quesito violência também ficou aquém neste segundo ano, até porque falta ação na maior parte do tempo. Posso destacar facilmente alguns episódios como o terceiro (Kandahar), onde o diretor Jeremy Webb consegue imprimir um clima de tensão bem interessante. Talvez seja o melhor capítulo dos 13 disponíveis.
O seriado, no entanto, só decola mesmo a partir do 10º episódio (Virtue of the Vicious), que tem direção de Alex Garcia Lopez. Daí em diante, a coisa desenrola bem e a porradaria que tanto gostamos, finalmente, aparece para valer. No restante da segunda temporada, embora tenhamos diálogos excelentes, como da agente Madani com a psiquiatra e de Russo com Castle, fica um lenga-lenga danado que não leva a lugar nenhum e causa sono no espectador. E tem algo errado aí, porque, definitivamente, um seriado como O Justiceiro não pode provocar esse efeito…
Vale, no entanto, mencionar que The Punisher tem disparado o melhor elenco de uma série de heróis, não só da Netflix. A interpretação de Jon Bernthal é tão natural que chega a assustar, o que o torna o personagem encarnado. Todo o casting está muito bem, com destaque também para Josh Stewart, que interpreta John Pilgrim, um personagem religioso e usa a fé como motivo para cometer seus crimes. Até Giorgia Whigham, que começa meio derrapante, merece elogios, já que evolui com o decorrer dos episódios. É notória a intenção do grupo de diretores de tornar a trama o mais verossímil possível, e, de fato, são bem-sucedidos.
O Justiceiro aborda ainda assuntos importantes em seu retorno. Assim como na primeira temporada, mostra como a guerra deixa marcas profundas em quem a vive de perto. Critica ainda o fanatismo religioso e seu uso como desculpas para cometer atrocidades. Há ainda espaço para discussões sobre homossexualismo, corrupção policial, pedofilia, justiça com as próprias mãos, entre outros temas relevantes.
Se a segunda temporada de O Justiceiro não é do nível da primeira, ela também não é ruim, possuindo bons momentos, pena que bem espaçados. O desfecho deixa uma história bem encerrada, o que, infelizmente, dá liberdade total para mais uma finalização de contrato entre a Marvel e Netflix. Uma pena, pois a série tinha (ou tem ainda) potencial para evoluir. Frank Castle e companhia vão deixar saudades, apesar dessa leve escorregada. Esperamos que o futuro serviço de streaming da Disney saiba usufruir do poderoso personagem que tem em mãos.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Direção: Jeremy Webb, Jamie M. Dagg, Alex Garcia Lopez, Salli Richardson-Whitfield
Criação: Steve Lightfoot
Elenco: Jon Bernthal, Amber Rose Revah, Ebon Moss-Bachrach, Giorgia Whigham, Floriana Lima
Distribuição: Netflix
Data de estreia: qui, 18/01/19
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Classificação: 18 anos