CRÍTICA | Recheado de referências e violência, novo ‘Predador’ é inconstante
Claudio Dorigatti
O Predador (Predator) é o quarto filme da série e acerta resgatando boa parte dos elementos do original de 1987, com muita violência, muito sangue, cenas na floresta, militares, humor não politicamente correto, mas não tem toda a carga de suspense e tensão que o consagrou.
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O suspense do longa da década de 80 era notoriamente baseado em “Alien – O Oitavo Passageiro”, onde o “monstro” mostra o resultado de suas ações, no caso, sua caçada, mas demora a se revelar, considerado mais tenso que a ação ou terror direto e explícito. Claro que esse elemento não poderia ser utilizado nessa continuação, mas o suspense mais intenso faz falta aqui. O longa é dirigido por Shane Black (que participou do original), que também escreveu o roteiro ao lado de Fred Dekker, e produzido por John Davis (produtor dos três primeiros).
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As cenas iniciais mostram brevemente um combate entre predadores sem maiores explicações, reveladas posteriormente. O que se segue são cenas clássicas de combate entre soldado e o Predador na floresta, e é aqui, de cara, que algumas imagens chocam os incautos e trazem os elementos da produção original: muito sangue, corpos pendurados e com direito a… bom, melhor segurar e não dar spoiler.
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O quarto O Predador não chega a ficar arrastado, em contrapartida, em algumas cenas de ação, se apresenta tão barulhento e cheio de movimentos, que o excesso provoca uma sensação de lentidão pela falta de definição. Claro, o famoso tiro, bomba e porrada um pouco além da medida é o causador. Talvez, por causa disso, alguns pontos da história não tenham ficado muito claros.
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O humor menos politicamente correto está de volta
Piadas com a aparência de uma atriz muito conhecida no contexto do Predador e também as piadas com uma cientista podem incomodar algumas pessoas. Aliás, a tradução dessa piada com a cientista foi censurada na legenda em português. Particularmente, eu usei o termo censura porque a tradução não dá um sinônimo “menos vulgar” ao texto, mas o deixa sem sentido. Fica a dúvida se tentaram ser politicamente corretos para obter uma classificação etária menor (ainda sendo contestada, veja no final) ou para manter o politicamente correto brasileiro.
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Outra piada interessante é com o próprio nome do filme, discutido desde o primeiro. Predador é aquele que caça por necessidade. Caçador sim caça por necessidade ou por esporte, prazer etc. No mais, muitas piadinhas típicas de soldados, bem ao estilo dos anos 80.
Os efeitos visuais, na grande maioria das vezes, são excelentes, dignos da franquia e do nível de produção. Obviamente, até por conta, da tecnologia atual, é o melhor nesse quesito, porém, muito bem baseado no conceito original. A trilha sonora também traz constantemente à memória o filme de 1987, mas é um pouco confusa em determinados momentos.
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A narrativa vem agora – como mostra o trailer – apresentar que não há somente caçadores nessa espécie alienígena, e se aproveita da diversidade humana para apresentar heróis falhos e controversos, vilões humanos com grandes interesses na espécie e tecnologia alienígena, além de uma “evolução da humanidade” desenvolvida de forma desnecessária no menino Rory McKenna (Jacob Tremblay), personagem do filho do soldado Quinn McKenna (Boyd Holbrook).
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Infelizmente, O Predador poderia ser melhor explorado no “âmbito científico”, já que, em determinado, momento tudo se passa dentro de um laboratório secreto e pouco é revelado sobre as descobertas, nesse momento, datando-as em 1987, ano do primeiro filme, com Arnold Schwarzenegger, ficando assim pelo menos uma boa referência. Dessa forma a importância da participação da bióloga Casey Bracket (Olivia Munn) acaba sendo reduzida. Em contrapartida, foram inseridos na história uma espécie de cães alienígenas, ao meu ver, totalmente desnecessários, já que o Predador conta com tecnologia muito superior. Com isso, os bichos não são fundamentais ao propósito, fazem amizade com o ser humano após serem alvejados por tiros e terem suas mentes meio que apagadas. Confuso, no mínimo.
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Mas o longa consegue se desenrolar relativamente muito bem até as últimas de lutas contra o Predador. Porém, depois de muita pancadaria, mortes e sacrifícios, a luta é vencida rápida e abruptamente. As cenas finais mostram o objetivo de um dos visitantes para com os humanos, com um desfecho em aberto para uma sequência, bem clichê ao estilo anos 80.
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Segundo a assessoria de imprensa presente na sessão, a classificação indicativa no momento é para 18 anos, sendo permitido, então, o ingresso à sessão para menores de idade acima de 16 anos com permissão dos responsáveis. Tal classificação está sendo contestada no Brasil e pode ser alterada se o estúdio ganhar a ação.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: The Predator
Direção: Shane Black
Elenco: Boyd Holbrook, Sterling K. Brown, Keegan-Michael Key
Distribuição: Fox
Data de estreia: qui, 13/09/18
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2018
Classificação: 18 anos