CRÍTICA | ‘Oito Mulheres e Um Segredo’ tem personalidade própria

Wilson Spiler

Antes que você torça o nariz, já aviso logo que Oito Mulheres e Um Segredo não é uma cópia de “Onze Homens e Um Segredo”, aquele estrelado por George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon e companhia. Caso você não saiba, esse filme de 2001 já é um remake do clássico homônimo de 1960, que contava com um elenco estelar também, formado por nomes como Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford, e por aí vai. O longa lançado agora em 2018 tem personalidade própria e anda com as próprias pernas, mas tem tantos defeitos quanto os que o precede.

Recheado de rostos conhecidíssimos de Hollywood como Sandra Bullock, Cate BlanchettAnne HathawayMindy KalingRihannaHelena Bonham CarterSarah PaulsonAwkwafina, Oito Mulheres e Um Segredo é sincero do início ao fim: em nenhum momento o filme teve a pretensão de ser algo complexo ou tornar-se um clássico da  sétima arte. Ele está ali para entreter e o faz com certa competência durante seus cerca de 110 minutos de projeção. Isso, no entanto, não o torna isento de erros e perdoável de qualquer pecado.

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Na trama, recém-saída da prisão, Debbie Ocean (Sandra Bullock) planeja executar o assalto do século em pleno Met Gala (ou Baile do Met), realizado no famoso museu de Nova Iorque. Após pensar minuciosamente em cada detalhe do plano durante exatos cinco anos, oito meses e 12 dias, ela decide recrutar uma equipe formada pelas maiores especialistas do ramo, começando por sua parceira no crime Lou Miller (Cate Blanchett). As duas saem, então, em busca de um grupo de especialistas para que pudessem ter ajuda em cada área: a estilista de moda Rose (Helena Bonham Carter); a hacker Nine Ball (Rihanna); a joalheira Amita (Mindy Kaling); a golpista Constance (Awkwafina); e a receptadora Tammy (Sarah Paulson), cada uma com sua “genialidade”.

O alvo do roubo é um colar que será usado pela modelo (?) Daphne Kluger (Anne Hathaway), avaliado em mais de US$ 150 milhões, emprestado apenas para o evento. No entanto, há algo a mais do que um simples assalto milionário em jogo na história. Há uma trama de vingança por trás planejada por Debbie Ocean, algo que será revelado mais à frente no filme e que não vou falar para evitar estragar qualquer surpresa. Embora seja até um motivo bem aceitável para esse sentimento vingativo, envolver outras pessoas nisso e justamente num plano tão arriscado, sob um aparato de segurança tão grande… convenhamos…

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Pois bem, esse é o menor dos problemas – se é que chega a ser um. Sabemos que estamos assistindo a uma produção hollywoodiana, mas algumas situações beiram ao ridículo. Vou citar uma delas para ser mais claro: durante a investigação das mulheres sobre a equipe de segurança, foi citada que tratava-se da melhor do mundo, que já tinham feito, inclusive a segurança do Papa. Pois bem, com alguns cliques, a personagem hacker Nine Ball, interpretada pela cantora/atriz Rihanna, acessa a rede social de um dos membros da empresa, fica sabendo sobre a vida dele, faz um e-mail com um cartão virtual bonitinho de cachorrinho e um botão lindinho de “clique aqui”. Ele recebe a mensagem, abre e o que faz? Um doce para quem adivinha: CLICA! Ora, ora, amiguinhos! Até o mais ingênuo dos internautas não cai mais nesse golpe hoje em dia, quanto mais alguém que trabalha na mais gabaritada empresa de segurança do mundo.

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Além disso, você reparou que ao recrutar as meninas para o combate foram apenas sete criminosas? Então, ao final, tornam-se sim oito “meliantes”, numa espécie de plot twist que quase todo mundo já esperava, só não sabia-se como, pelo visto nem os roteiristas. Não vou revelar quem foi a oitava integrante do grupo, até porque a própria publicidade já revela, então não serei eu o “estraga-prazeres”, mas a forma como ela vira mais um membro da quadrilha é, digamos, confusa. Não se sabe como ela procurou as bandidas, ou se foram as criminosas que a procuraram. A explicação também como ela descobriu não convence.


Mas, depois de tudo que falei, parece que eu detestei o filme, né? Pior (ou melhor?) que não! Oito Mulheres e Um Segredo é bem divertido no que se propõe. Tem um ritmo bem frenético, leve e uma química muito boa entre as protagonistas, principalmente entre Sandra Bullock Cate Blanchett, as duas parceiras mais antigas. As atuações também garantem bons momentos de diversão e gargalhadas. Mindy KalingAwkwafina Helena Bonham Carter, com personagens mais cômicas conseguem tirar, por vários instantes, sorrisos dos rostos dos espectadores.

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Com direito a alguns easter-eggs de “Onze Homens e Um Segredo” (inclusive Debbie Ocean, interpretada por Sandra Bullock, é irmã de Danny Ocean, o personagem de George Clooney), no fim das contas, Oito Mulheres e Um Segredo tem lá suas falhas, mas é um filme de assalto dos mais divertidos, que cumpre o que promete e não tem pretensão de enganar, não ser melhor e maior que ninguém, apenas ele próprio. Ou “Ela”.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Ocean’s 8
Direção: Gary Ross
Elenco: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway, Mindy Kaling, Rihanna, Helena Bonham Carter, Sarah Paulson e Awkwafina
Distribuição: Gary Ross
Data de estreia: qui, 07/06/18
País: EUA
Gênero: Ação
Ano de produção: 2018
Classificação: 14 Anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN