CRÍTICA | ‘Perdidos no Espaço’ certamente não decepcionará seu público-alvo
Stenlånd Leandro
*Crítica baseada nos cinco primeiros episódios liberados gentilmente pela Netflix. “Perdidos no Espaço” será lançada em 13 de abril.
Há muito o que se falar sobre o espaço. A famosa fronteira final que tanto assistimos em “Star Trek” é um sonho da ciência nos dias de hoje. Passar por um simples buraco de minhoca e num instante estar do outro lado da galáxia é o que mais os estudiosos tentam proporcionar um dia à humanidade.
Lost in Space esta aí para sonharmos com isso, mas de uma forma um bocado derradeira. Clássico dos anos 60, Perdidos no Espaço está de volta com um visual renovado e pegada bem mais interessante do que vimos originalmente. A série, que estreia na Netflix nesta sexta-feira, dia 13 de abril, ganhou elenco muito bom, mas confesso que esperava mais de Toby Stephens, consagrado na série “Black Sails”, vivendo o famoso capitão Flint. Apesar de um começo muito lento, o piloto tem seus momentos de glória a partir de um caso perturbador no último ato do primeiro episódio, com a família encontrando seu primeiro problema a ser resolvido.
Na trama temos uma imensidão de humanos vivendo numa colônia, visto que de forma clichê – nosso planeta logo também não será amistoso à vida e essa premissa é muito similar ao que vimos em “Interestelar” e “The Titan”. Assim temos algumas pessoas selecionadas para viverem nesta tal colônia com o propósito de alcançarem um novo planeta perfeito chamado de Alpha Century. O seriado é ambientado 30 anos no futuro, quando a colonização no espaço é uma realidade e a família Robinson está entre as que foram testadas e selecionadas para criar uma vida nova em um mundo melhor. A Terra não existiria mais em aproximadamente 20 anos e, dessa forma, os humanos foram forçados a mudar. Mas quando os novos colonos encontram-se abruptamente retirados da rota para sua nova casa, eles devem forjar novas alianças e trabalhar juntos para sobreviver em um ambiente alienígena perigoso, anos-luz de seu destino original.
A nova versão de Perdidos no Espaço possui uma carga dramática e intensa em um dos elos mais lindos que já presenciei. Infelizmente, não podemos revelar do que se trata, mas certamente este é o fator que engrandece a série de forma estupenda, justamente porque cada personagem tem sua forma de relacionar com o mundo exterior, em um específico universo totalmente novo, no qual fica sempre a dúvida se podemos confiar naquilo que jamais tivemos contato anteriormente.
Os personagens do seriado, como um todo, atribuem seus dramas particulares e alguns são até medianos. Como, de início, não temos vilões, somente o ambiente inóspito habitado pelos protagonistas, alguns antagonistas vão aparecendo no decorrer dos episódios. Inicialmente somos apresentados a um único inimigo a ser temido e combatido: O planeta em que aterrizamos e que já demonstra a intenção dos roteiristas em manter a estrutura principal do seriado. Esta decisão foi realmente inteligente, porque aumentou a sensação de perigo e evitou que a série fosse cômica, mesmo tendo alívios cômicos em alguns momentos. Muitos deles são pessoas que conviveram com os personagens na colônia e que acabam mostrando sua real face diante de perigos que estão aguardando a equipe. Alguns personagens possuem humor variado, cheios de estilo e outros com personalidade muito forte. Essa mescla faz com que a série tenha um diferencial. Apesar de ser uma releitura do clássico dos anos 60, a versão da Netflix tenta impor seu próprio ritmo. Os cenários são riquíssimos e possuem uma linda fotografia.
Após uma longa jornada introduzindo alguns personagens da trama, sendo eles protagonistas ou não, somos apresentados aos efeitos especiais e audiovisuais. Como estamos falando de uma ‘releitura’ da ficção científica, há muita referência a produções como “Sense8” e “Stranger Things”. É exatamente isso que acho curioso. A série traz consigo um compêndio de temas de outros programas do gênero tanto quanto filmes, desde “Star Trek”, até mesmo ao seriado “Andromeda”, protagonizado por Kevin Sorbo, e que poucos aqui devem ter assistido. Em um momento da série, cenários simples, mas com uma perfeição de cores aparecem e começam a trazer lembranças dos jogos de luzes feitos em “Avatar”, enquanto os personagens estavam na floresta. A magia é a mesma.
Perdidos no Espaço traz consigo inúmeros momentos de nostalgia sem se perder em comparações. É uma adequada space opera para adolescentes, mas que trará lágrimas aos olhos dos mais saudosistas e que coloca todo seu orçamento na tela em efeitos estonteantes. E o que isso significa? Que a nova aposta da Netflix certamente não decepcionará seu público-alvo e que é a chave para o futuro da humanidade.
::: TRAILER
::: FOTOS
FOTOS: Netflix / Divulgação
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Lost in Space
Direção: Alice Troughton, Deborah Chow, Neil Marshall, Tim Southam
Roteiro: Burk Sharpless, Ed McCardie, Irwin Allen, Katherine Collins, Matt Sazama, Vivian Lee, Zack Estrin
Elenco: Max Jenkins, Mina Sundwall, Molly Parker, Parker Posey, Taylor Russell, Toby Stephens, Adam Greydon Reid, Iain Belcher, Ignacio Serricchio, Kiki Sukezane, Raza Jaffrey, Sibongile Mlambo
Classificação: 14 anos
Gênero: Ficção Científica
Ano de produção: 2018
Data de estreia: sex, 13/04/2018
País: Estados Unidos