CRÍTICA | 2ª Temporada | Mais sombrio, ‘Punho de Ferro’ apresenta dois novos vilões
Giovanna Landucci
Não é por acaso que a segunda temporada de Punho de Ferro (Iron Fist) estreia na Netflix nesta sexta-feira, 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Após a cidade onde vivia ter desaparecido do mapa, nosso herói Danny buscará sua independência e tentará se desvincular do passado para conquistar uma vida mais normal ao lado de Colleen. Nos primeiros episódios, você irá notar que ele continua atuando como justiceiro em alguns momentos necessários no bairro em que vive, no entanto, a história segue mostrando outras facetas. O herói será colocado em situações em que somente o uso da força do punho não será suficiente, ele terá que articular suas emoções e mostrar um outro Danny.
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Esta temporada está mais ousada que a primeira, e mostra para que veio. A primeira serviu como contextualização para que o herói fosse conhecido, para que os personagens que o rodeiam e sua motivação de acabar com o tentáculo fosse entendida pelo espectador. Sendo assim, misturou muitos elementos e teve um roteiro arrastado de forma negativa. Agora, a história chega repleta de sentimentos, emoções, conflitos familiares, redenções e demonstrações de mágoa que começam a se resolver entre o quinto e sexto episódio. A abertura da série e a vinheta continuam praticamente a mesma, só um detalhe mudou, foram inseridos novos personagens e um contexto bem forte no fundo de resolução de conflitos familiares, os chamados “closer”.
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No capítulo final da primeira temporada, sua amiga de infância, Joy, conversava com alguém que também conhecia Danny desde pequeno e queria sua destruição. Lembra? Pois é, este alguém era Davos, que até então nosso herói com toda sua ingenuidade não reconhecia como inimigo, e sim como um irmão. Davos é diferente de Danny, pois tem um perfil ambicioso e competitivo, mesmo tendo sido criados juntos. Essa contraposição é o tema principal da segunda temporada, já que tratam bastante de dilemas como bem e mal, certo e errado, herói e anti-herói.
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Danny conhece uma moça na rua chamada Mary, que lhe pede informações, pois está perdida. Para quem conhece a história de Mary, ela é uma personagem antiga dos HQs, apareceu pela primeira vez na edição nº 254 de Demolidor e tem uma personalidade forte. Ficamos com grandes destaques em atuações nesta nova temporada, que infelizmente não irão para o herói, e sim para os vilões. A vilã Mary Tyfoid é inimiga e também foi amante do Demolidor, ela é uma excelente lutadora de artes marciais e é movida por seu ódio. Geralmente, ela trabalha como assassina contratada pelo crime organizado.
Quando Mary tem diferentes personalidades, se apresenta também com variados sobrenomes. Como Mary Walker, ela é tímida, quieta e pacifista. Já Tyfoid é aventureira, desinibida e violenta. Bloody Mary é uma violenta assassina psicótica que odeia todos os homens. Sua enfermidade deve-se a um acidente envolvendo o Demolidor no bordel onde ela trabalhava, a partir daí, veio todo seu ódio. Ela sofre de dissociação de personalidade e então se torna uma vilã em potencial. Ambas as personalidades são mostradas em Punho de Ferro. O maior destaque da vilã na série fica por conta da atuação impecável da atriz Alice Eve, um tanto maquiavélica, com olhar sinistro e que deixa todo e qualquer outro personagem que ela tenha feito no chinelo.
Com mais cenas de ação, pelo menos duas por episódio, as temáticas principais são as análises de juízo, temperamento, índole e decisões importantes a serem tomadas pelos membros da família. Sim, família, porque Danny se considera irmão de Joy e Waren, mas também se vê assim com Davos. Mais para frente tudo é muito bem contextualizado e, aos poucos, o espectador vai entendendo o que está se passando na trama, algumas dúvidas em relação a Davos também são esclarecidas. Fica subentendido que nada em excesso é benéfico e que tudo que é baseado em provar algo para outra pessoa acaba beirando o caos e trazendo muitos prejuízos. Um dos ensinamentos aprendidos por super-heróis como Punho de Ferro e o mago Dr. Estranho quando estão em treinamento é que: o poder vem de dentro para fora e que o meio não deve interferir.
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Todo esse sentimento sombrio da aliança entre Joy e Davos, a inserção de Mary como vilã e os conflitos familiares e dramas abordados são retratados através do uso de cores em tom azulado acinzentado, tendo nuances de contrastes com outras cores. Uma delas é o amarelo mostarda, que aparece em todos os capítulos para fazer a introdução do uniforme utilizado por Danny. Sim, Punho de Ferro resgata suas raízes do HQ e está com o uniforme padrão das histórias em quadrinhos, há também o uso de azul cobalto e vermelho, provavelmente para fazer o contraste entre estes sentimentos de bem e mal.
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Dentro desse contraste, Davos é um vilão que pode ser comparado a Thanos, pois tem sentimentos nobres de querer solucionar situações como um justiceiro. Porém, com as intenções erradas e movidas por sentimentos ruins, principalmente da inveja de quem ele enxerga como inimigo. Vemos que em nenhum momento ele leva para o lado pessoal essa rixa entre os dois, pois na verdade o que ele realmente quer é que sua mãe sinta orgulho dele. E por falar em comparativo de vilões, acredito que possivelmente pela personalidade distorcida poderíamos comparar Mary com alguns também violentos vilões da DC, que possuem grandes distúrbios de personalidade, como Duas caras, Coringa e sua grande seguidora Harley.
A série deixa aquele gostinho de quero mais, e isso é muito positivo, devido à repercussão negativa que a primeira temporada teve. Um conselho para você, assista com baixa expectativa para poder sentir cada nuance, cada movimento, cada emoção e texturas que essa nova temporada trouxe, pois realmente a parte sombria e negativa não deixa a desejar e temos um pouco mais de acidez. Dessa vez a Marvel e a Netflix acertaram a mão, ou melhor, o punho!
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Iron Fist
Temporada: 2
Criação: Scott Buck
Elenco: Finn Jones, Jessica Henwick, David Wenham
Produção: Netflix
Gênero: Ação
Ano: 2018
Classificação: 18 anos