CRÍTICA | ‘Roma’ é uma experiência cinematográfica ímpar

Adriano Valente

Fui convidado para assistir Roma e, sem nenhum tipo de expectativa, fui positivamente surpreendido pela obra. Não tinha visto nem lido nada sobre o filme, apenas um pôster em preto em branco em algum post do Facebook. O que posso dizer é que o longa me foi uma grande surpresa cinematográfica e uma experiência que há tempos não via em um longa-metragem.

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Escrito e dirigido por Alfonso Cuarón (lembra de “Gravidade”?), Roma se passa no México do começo da década de 70, e conta com uma bela retratação do país dessa época, que, na minha opinião, em muito se parece com o Brasil. Ponto para direção da obra.

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Guiada pela vida de uma família de classe média, o longa trata dos dramas e conflitos que ela atravessa. Uma das empregadas da família, Cléo, interpretada por Yalitza Aparicio, protagoniza a história, numa atuação que vale aplausos. A atriz consegue nos mostrar toda inocência e ingenuidade que o papel lhe pede. Cléo divide as tarefas de doméstica com Adela, vivida por Nancy García García, que tem um papel importante em sua vida.

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Foto: Netflix / Divulgação

Nessa crítica, não entrarei em detalhes da trama, pois ela é complexa e profunda, mas o roteiro faz o espectador refletir sobre os vários aspectos da vida cotidiana. Aspectos de grandes valores, com os quais é impossível não se identificar. Trata-se de um filme atual, que aborda problemas recorrentes de histórias comuns que todos nós conhecemos. E tudo isso é apresentado como um drama magistralmente orquestrado.

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Roma é um filme poético, com belas cenas em plano-sequência que prendem seu olhar e sua expectativa. Cuarón consegue, com isso, criar um ar de angústia e inquietação enorme, que toca quem assiste. O filme prende a atenção com um constante suspense dramático, já que obriga o espectador a não desgrudar o olho da tela.

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Foto: Netflix / Divulgação

A fotografia do longa merece atenção não apenas pelos planos-sequências. O preto e branco, com certeza, foi uma excelente escolha para contar a história, já que confere mais drama (ainda) para a obra. Os planos e movimentos de câmera jogam o cinéfilo para dentro do filme, e, nesse ponto, entra em cena o excelente trabalho de montagem na edição, muito bem acompanhado pelo design de som, que colabora com todo o aspecto dramático da produção.

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Roma é um filme original Netflix e estreou no circuito americano (apenas por três semanas) para poder concorrer ao Oscar. O longa já faturou Leão de Ouro no Festival de Veneza este ano. É um filme voltado a quem procura boas referências do que pode ser feito com a sétima arte. Genial.