CRÍTICA | ‘Shaft’ (Netflix)
Fernando Coutinho
Bom, pra começar bem, vamos situar os desavisados: Shaft é a sequência de uma sequência. O filme original data de 1971, formando, na verdade, uma trilogia com suas duas sequências diretas de 1972 e 1973. Além disso, há ainda uma série de TV exibida de 1973 a 1974. Nessa leva “original”, Shaft, um detetive negro do Harlen interpretado por Richard Roundtree, foi um dos expoentes do gênero blaxploitation – um movimento cinematográfico americano do início dos anos 1970, onde filmes eram dirigidos e estrelados por diretores, atores e atrizes negros, e voltados especificamente para o público afrodescendente americano.
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Em 2000, tivemos um revival do personagem. Desta vez, a sequência trazia Samuel L. Jackson no papel principal. Curiosamente, se tratou de uma sequência direta dos filmes e séries originais (e não um reboot), uma vez que Jackson protagoniza como sobrinho do Shaft original, personagem de Roundtree. E essa sequência, que manteve o clima do blaxploitation, recebeu críticas bastante positivas à época.
3ª geração de Shaft
E chegamos, então, à produção de 2019. A saber, novamente uma sequência direta da anterior. O mote aqui é extremamente clichê, mas, surpreendentemente, funciona muito bem.
Temos agora uma 3ª geração de Shaft chegando. No enredo típico, o jovem certinho e seguidor de regras analista do FBI John Shaft Jr (Jessie T. Usher) perde um amigo de infância. Assim, ele resolve elucidar o caso de sua morte. Diante das dificuldades, decide pedir ajuda a seu pai, o Shaft “Samuel L. Jackson” II, muito à vontade em todo esplendor “maderfóquer” de seu personagem. Temos então uma boa mescla de filme policial de ação com comédia, pautada basicamente no choque-embate de gerações e seus conceitos e preconceitos, bem como seus métodos.
Clichês funcionam
Além das boas cenas de ação, que nem precisaram dos malabarismos visuais padrões em produções do tipo, mais pontos clichês estão lá. Por exemplo, a mãe histérica e super-protetora (Regina Hall), a linda amiga-perfeita por quem o jovem herói é apaixonado e que irá virar namorada até o final da história (Alexandra Shipp), assim como a participação do Shaft original (Richard Roundtree) nas sequências finais. Mesmo em níveis diferentes, todos os clichês acabam funcionando. Até mesmo o plot twist foi clichê, mas não irei comentar para não soltar spoilers, claro.
Em suma, com tudo isso, temos um bom filme. Não que Shaft seja perfeito, sem falhas e pra ser levado a sério. Mas um longa que, certamente, cumpre muito bem o seu papel de divertir. Sendo assim, que venham outros seguindo a mesma receita.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Shaft
Direção: Tim Story
Roteiro: Kenya Barris, Alex Barnow
Produtor: John Davis
Elenco: Samuel L. Jackson, Jessie Usher, Regina Hall, Alexandra Shipp, Richard Roundtree
Distribuição: Netflix
Produção: New Line Cinema, Davis Entertainment, Khalabo Ink Society, Warner Bros. Pictures
Data de estreia: sex, 28/06/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2019
Duração: 112 minutos
Classificação: 16 anos