CRÍTICA | ‘Sintonia’ (1ª Temporada)
Breno Rodrigues
Nesta sexta-feira, dia 9 de agosto, o mundo vai conhecer Sintonia, a nova produção da Netflix, com um super toque brasileiro. Idealizada pelo “Kond”, mais conhecido como Kondzilla, grande nome do cenário musical brasileiro e produzida pela Los Bragas, o seriado conta 3 histórias com vertentes muito distintas e, ao mesmo tempo, muito próximas dentro do atual cenário brasileiro, o mundo do funk, do crime e da religião.
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A trama
Em Sintonia, os personagens Mc Doni (MC Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros) formam um trio de amigos super unidos que cresceram numa comunidade de São Paulo. Cada um com suas peculiaridades e personalidades distintas. Entretanto, a amizade e os sonhos foram algo que sempre os mantiveram juntos.
Doni
A vida toda, Doni almejou ser um MC, crescer no mundo do funk e se tornar famoso. Contudo, os desafios do jovem não são somente os do mundo. Eles começam dentro de sua própria casa, onde seu pai, que é um evangélico assíduo, não quer ver o próprio filho envolvido em “coisas mundanas” e sim com a igreja, bem como o seu trabalho simples em um mercado. O garoto, por outro lado, tem o desafio de encarar os interesses de outros famosos que reconhecem seu talento, mas se aproveitam de sua “inocência”.
A personagem Dondoka (Leilah Moreno) auxilia o garoto a conquistar a fama que ele sonhava, mas com muitos obstáculos nessa trajetória. E, claro, para que todos os objetivos sejam alcançados, o maior desafio para ele será lidar com sua próprias decisões, que, em grande parte, são movidas pela ambição e falta de maturidade.
Rita
Já com Rita (Bruna Mascarenhas), a história muda um pouco de figura. Muito por conta de sua própria responsabilidade. Após a morte da mãe, ela “dá seus pulos” para sobreviver e conseguir ganhar dinheiro. Todavia, alguns deslizes são cometidos em sua trajetória. Rita vende alguns produtos em estações de trem como ambulante. Entretanto, por ser ilegal, ela passa por diversos problemas e acaba cometendo um grave erro que muda toda sua perspectiva. Após esse ocorrido – que terá ligação com a melhor amiga, Cacau, e sua mãe Jussara -, ela ficará em maus bocados.
Então, Rita passará um tempo na igreja em que sua falecida mãe era muito querida e ativa, e, com isso, suas perspectivas de futuro, serão completamente afetadas pela culpa e pela fé num futuro melhor. A jovem é determinada, rebelde, engenhosa, mas é muito “boca quente”. O futuro, apesar de parecer “clichê”, quando envolvido na religião, ainda é muito incerto para a personagem.
Nando
De todas as histórias de Sintonia, a de Nando (Christian Malheiros) é a mais “barra pesada”. E a mais complexa dos 3 personagens. Em toda a série, as cenas que trarão os momentos de maior tensão e adrenalina envolvem Nando. Apesar de ser um jovem de 20 anos que já é casado e com uma filha pequena, ele assume uma enorme “responsa”. O rapaz fica encarregado do tráfico na comunidade do Jaguaré, em São Paulo, na ausência de seu chefe “Badá”, que, mesmo preso, tem recebido todos os relatórios e o controle de tudo que acontece fora das grades. Mas isso não é o suficiente. Nando quer crescer no mundo do crime, ganhar mais respeito e espaço no comando. E, para isso, terá que demonstrar uma maior confiança e passar por provações que irão mudar seu destino para sempre. Como traficante e como ser humano.
Sempre em ‘Sintonia’
O mais interessante dentro da série, é que mesmo cada um escolhendo caminhos e tomando decisões muito diferentes, os 3 sempre se apoiaram e fortaleceram um ao outro, sempre em “sintonia”. Outro detalhe muito importante: todos os 3 têm um espaço muito bem distribuído na série. Todos têm seu momento e existem seus momentos em conjunto. Ninguém brilha mais que o outro dentro dentro da trama, tendo o mesmo espaço, naturalmente. O que de destaca é o formato da história de cada um. Doni com a fama, Rita com a religião e Nando com o crime organizado. O roteiro de Sintonia segue essas 3 vertentes. Mescla tudo de uma forma muito bem construída, deixando bem evidente, clara e direta a ligação dos 3 protagonistas, inclusive, com os personagens secundários que dão forma a cada narrativa.
Retrato de um Brasil desconhecido
Sintonia é uma série forte, instigante e que retrata um Brasil não muito conhecido. Principalmente em outros países, onde as pessoas veem a “favela”, o crime, como um cartão postal do Rio de Janeiro. Aqui, eles exploram esse fator de um outro local, saindo do tradicional, do clichê. Como já era de se esperar, a série ter como seu idealizador o maior produtor de funk do país com o 3º maior canal do Youtube Mundial, a produção carrega muito das características já trazidas por Kondzilla em suas produções. No entanto, em um novo patamar. Grandioso e com a estrutura da Netflix. Compartilhando com o mundo para mostrar que em nosso país não existe apenas o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar.
Por fim, o último episódio da série é naturalmente o mais chocante de todos. Com apenas 6 capítulos, Sintonia já deixou um gostinho de quero mais. Certamente, vários jovens irão se identificar. Mas, ao mesmo tempo, quem não vivencia – ou nunca vivenciou – algo parecido com o que o seriado transmite, terá sobretudo um grande aprendizado. De fato, uma mensagem muito bacana e extremamente forte que é literalmente toda essa “sintonia”.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Sintonia
Temporada: 1
Episódios: 6
Criador (es): KondZilla, Guilherme Quintella, Felipe Braga
Produtor: KondZilla
Distribuição: Netflix
Produção: KondZilla
Elenco: Christian Malheiros, Jottapê, Bruna Mascarenhas
Data de estreia: sex, 09/08/19
País: Brasil
Gênero: Drama
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos