CRÍTICA | ‘Star Wars: Os Últimos Jedi’ tem uma “Força” descomunal!
Claudio Dorigatti
Na minha pouca experiência em fazer críticas, posso afirmar que, pelo menos pra mim, é muito difícil falar de um filme que sou tão fã. É preciso abstrair a paixão, tanto pelo lado de tender a gostar de tudo como é (ou era), quanto ao de reclamar das mudanças. É preciso ter equilíbrio na força.
Como odeio spoilers, esta resenha de Star Wars: Os Últimos Jedi poderá parecer um tanto superficial por não falar diretamente dos personagens e das cenas, mas acredito fielmente que é importante respeitar esse aspecto do trabalho artístico e a surpresa do espectador, embora eu entenda que algumas pessoas gostem que “contem o filme” pra elas (acabaram de me pedir isso).
Muitas teorias surgiram nesses últimos dois anos e é intrigante como nenhuma delas acertou em absolutamente nada. Me pergunto até se boa parte delas não são realmente “teorias oficiais” espalhadas pela equipe do filme para confundir. Ficou nítido que o diretor Rian Johnson dividiu o filme em início, meio e fim de forma bem marcante, então vamos comentar dessa forma:
O início:
O “Episódio VII: O Despertar da Força”, como todos sabem, deixou a história em aberto no final desconcertante com a Rey (Dayse Ridley) entregando o sabre do Vader ao Luke (Mark Hamill). Essa é a primeira ansiedade a ser controlada ao sentar de frente com a tela. O filme é um tanto lento no início. Na verdade, até praticamente metade dele. Muito mais culpa da edição do que do roteiro em si. Aparentemente, houve uma tentativa em deixar o ritmo mais dinâmico saltando entre duas histórias principais, mas o efeito foi contrário, já que demora muito mais para haver um desenrolar em qualquer uma delas.
Ainda falando do início, se o “O Despertar da Força” se baseia fortemente e quase que completamente no ambiente e narrativa do “Episódio IV: Uma Nova Esperança”, o episódio VIII, Star Wars: Os Últimos Jedi, traz de cara um tema muito semelhante ao do “O Império Contra-Ataca”, com seu início descrevendo a situação caótica na Galáxia distante, os Rebeldes acuados e Luke sendo perseguido.
Infelizmente, a história mais aguardada é um tanto curta. O encontro e desenrolar da Rey com Luke parece ter sido suprimido em boa parte, já que o diretor Rian Johnson disse em entrevista que mais de 30 minutos de longa ficaram de fora do corte final. Talvez isso seja culpa do meio da projeção, com uma história quase que desnecessária.
O meio:
Além de ter uma história (a que me referi anteriormente como desnecessária), em um cassino com Finn (John Boyega) e Rose (Kelly Marie Tran) em busca de um “especialista arrombador” e com um ato politicamente correto ao final, o meio da película também suprime demais a trama do Líder Supremo Snoke, dada sua existência até então misteriosa e poderosa. Havia um gancho gigantesco para explorar muito esse personagem. Se todo esse tempo perdido no cassino fosse usado para mostrar mais sobre Snoke e também sobre a Rey e o Luke, o longa certamente seria muito mais empolgante.
Ainda pelo meio do filme, vemos uma reviravolta (que não é tão reviravolta assim) no encontro entre Rey (Dayse Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver). Sim, o trailer estava certo quanto aos encontros, mas não mostram a realidade do filme. Esse é um famoso truque de edição para mostrar as cenas e confundir o público. Particularmente, eu prefiro isso aos vídeos que contam o filme completamente. Contudo, temos uma das cenas mais aguardadas e que ninguém poderia imaginar que estaria nesse filme, mas já vislumbro isso alguma vez pela conversa entre Obi Wan e Yoda, quando Luke abandona o treinamento em Dagoba no “Episódio V”.
O fim:
Sem dúvida, a melhor parte do filme. É onde o diretor Rian Johnson realmente se encontrou dentro da saga. Embora ele pudesse ter aproveitado toda a vilania deixada de bandeja pelo J.J. Abrahms até os últimos instantes praticamente. Temos, quase ao final, um encontro inesperado e também baseado na trilogia original, um momento interessante e que traz realmente a reviravolta que você pede durante toda a exibição. E esse plot twist é que nos apresenta a força de uma forma jamais vista e que jamais poderíamos imaginar. É difícil ver o público em uma “Cabine de Imprensa” reagir tão fortemente e aplaudir diversas cenas de um longa como aconteceu com esse. Essas sessões reúnem o pessoal de mídia, como nós, e geralmente estamos ali para prestar muita atenção. Então, não é comum vermos grandes reações. Mas não deu: ninguém resistiu ao gigantesco poder da Força! Qualquer outra menção ao final é spoiler, então me atenho por aqui.
Não há qualquer comentário adicional que possa ser feito em relação à trilha sonora de John Williams, que – como sempre – foi perfeita do início ao fim. Todos os ambientes te levam ao mundo de Star Wars, exceto um pouco aquele cassino. Essa sequência ocupou espaço demais.
E, antes que eu me esqueça, o título “Os Últimos Jedi” (The Last Jedi) poderia mesmo ter sido traduzido no singular também. Como o diretor Rian Johnson disse em entrevista, as duas formas estariam certas. Ao final do filme, você confere isso também!
Apesar de ter explorado pouco alguns personagens e histórias, o cineasta foi genial ao trazer o previsível de forma imprevisível para Star Wars: Os Últimos Jedi. E, até agora, foi o único a apresentar “a grandiosidade da Força”!
Ah, sim, pra terminar temos que ter: “Que a força esteja com vocês! Sempre!”
::: TRAILER
::: FOTOS
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Star Wars: The Last Jedi
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 14/12/17
País: Estados Unidos
Gênero: aventura
Classificação: 12 anos