CRÍTICA | ‘Stranger Things 2’ prova ser mais que referências e mistério

Maria Clara Novais

O fenômeno Stranger Things estreou sua segunda temporada na Netflix. A trama criada pelos irmãos Duffer explodiu em 2016 e se tornou um dos maiores fenômenos da cultura pop nos últimos anos. O cenário oitentista, o clima saudosista e vintage, as inúmeras referências, o mistério e os personagens extremamente cativantes tornaram a série uma das mais queridas pelo público. Por isso, a expectativa dos fãs cresceu e, consequentemente, o desafio da Netflix também.

A proposta para essa nova temporada é ser mais cinematográfica, por isso os três primeiros episódios servem para estabelecer novos personagens, como a Max (Sadie Sink), o Bob (Sean Astin) e Billy (Dacre Montgomery), a nova ameaça e responder algumas questões que ficaram abertas na primeira temporada. E os quatro episódios seguintes desenvolvem as problemáticas que encontrarão seu desfecho nos dois últimos capítulos.

Stranger Things 2 centraliza novos personagens. A série não tem um protagonista, mas a história agora foca em Will (Noah Schnapp), que ainda lida com as consequências de ter vivido no Mundo Invertido. Nessa temporada, os Dufler dividem os núcleos em grupos menores e, por isso, conseguem criar novas dinâmicas e aprofundar os personagens. As duplas mais carismáticas são Steve (Joe Keery) e Dustin (Gaten Matarazzo) e o delegado Hooper (David Harbour) e a Eleven (Millie Bobby Brown).

A mudança de protagonismo em Stranger Things 2 leva Eleven para segundo plano, o que não é um problema já que abre espaço para explorar novas possibilidades. Entretanto, a produção falha em fazer isso. A personagem segue uma jornada própria que muitas vezes se torna cansativa e que parece ser mais um teste da produção para o futuro da série do que uma narrativa que leve a algum lugar. Já Mike (Finn Wolfhard) sofre com a falta de protagonismo. O personagem não tem uma história própria, ele apenas está ali para ser amigo de Will e um empecilho para que Max se junte ao grupo dos meninos. Porém, mesmo com esses problemas, o elenco e a atuações continuam sendo um dos principais pontos positivos da produção da Netflix. O trabalho de Winona Ryder e das crianças impressiona, principalmente Noah Schnapp. O ator mirim surpreende, pois consegue transmitir todo o espectro de pânico, confusão e desamparo do personagem.

O sucesso da série trouxe mais investimento e isso é visível em tela. Stranger Things 2 consegue superar sua primeira temporada em elementos como fotografia, efeitos visuais e trilha sonora. O visual da série conta com muitos planos abertos, uma paleta de cores rica e efeitos superiores aos encontrados na maioria das narrativas seriadas para TV. A trilha sonora segue a mesma fórmula adotada anteriormente e combina músicas famosas dos anos 1980 criando um clima distinto e personalizado para a série.

Stranger Things 2 instiga a uma maratona, pois é impossível não querer saber o que vai acontecer nos próximos capítulos. O único episódio que destoa é o sete, focado em Eleven, pois há uma quebra de ritmo e expectativa, já que o episódio anterior deixa um gancho que só retorna no episódio oito. Porém, mesmo assim, a série consegue provar que não só vive de referências e nostalgia, mas que tem fôlego para os próximos anos e se consolida como uma das melhores produções da Netflix.

::: TRAILER

https://youtu.be/21z5QowrEDg

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Gênero: Ficção Científica / Fantasia
Produtora: Netflix
Estreia: 27/10/2017
Produtores executivos: Matt Duffer, Ross Duffer, Shawn Levy, Dan Cohen, Karl Gajdusek
Elenco: Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Winona Ryder, David Harbour, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Cara Buono, Joe Keery, Noah Schnapp, Sean Astin, Paul Reiser, Sadie Sink

Maria Clara Novais

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