Cobra Kai | Terceira temporada foca na nostalgia

Pedro Marco

Yoshukai Karate é o nome presente nas costas do lutador que enfrenta Miguel durante suas alucinações no coma. Ele pode ser traduzido literalmente como “Salão de Treinamento da Melhoria Contínua”. Apesar de grande referência com o tratamento do personagem, o mesmo pode ser aplicado para Cobra Kai. Série que continua melhorando e nos surpreendendo positivamente nesta terceira temporada.

Depois de atacar primeiro e atacar com força, é hora de Cobra Kai mostrar que não tem compaixão. Enquanto os personagens lutam para segurar a repercussão da briga dos dojos no final da segunda temporada, a série tem outra preocupação. Dar sequência à trama de Karate Kid luta para manter, assim, um ano à altura das expectativas.

Cobra Kai – Terceira temporada

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Crédito: Curtis Bonds Baker/Netflix (divulgação)

A terceira temporada do grande fenômeno da Sony junto ao Youtube studios (que agora passa o bastão para a Netflix), começa de forma conturbada. A princípio, apresentando Robby (Tanner Buchanan) como um fugitivo da polícia e Miguel (Xolo Maridueña) em coma. Além disso, o casamento de Daniel (Ralph Macchio) está em ruínas e Johnny Lawrence (William Zabka) volta à estaca zero. Porém, apesar do clima sombrio, a fórmula de altos e baixos vista nas primeiras temporadas se aplica, trazendo novas soluções de forma rápida e precisa.

A terceira temporada peca com o grande reflexo de seu sucesso, em uma trama que claramente se estica para durar mais anos que o planejado. Os 10 episódios de Cobra Kai se sustentam num plot com os mesmos dramas e mesmo inimigo do ano anterior. Por outro lado, ela expande seus horizontes e amarra cada vez mais as pontas soltas da trilogia original.

Dramas

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Crédito: Netflix (divulgação)

Os dramas da nova geração de lutadores recebem um novo patamar de traumas, medos, bem como consequências. Fatos que, em outras palavras, são agravados pelas cicatrizes e sequelas da luta que fechou a segunda temporada. A construção mimada e exagerada dos adolescentes consegue, assim, o perfeito equilíbrio entre irritar e se aproximar da realidade. Por outro lado, leva suas questões amorosas a um ostracismo cansativo, previsível e cada vez mais desinteressante. O novo ano dispensa a apresentação de novos personagens. Isso se agrava pela ausência de Aisha (Nichole Brown) na temporada. Em contrapartida, temos e o retorno de Kyler, Yasmine e Louie, que haviam ficado de fora do segundo ano.

Nostalgia

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Crédito: Netflix (divulgação)

No entanto, grande parte do ouro desta terceira temporada de Cobra Kai está em um foco maior em Daniel Larusso. Isso acarreta a princípio em um show de fan service para os fãs de ‘A Hora da Verdade Continua’. O uso excessivo de flashbacks praticamente assume que parte do público não viu ou não recorda do segundo filme da franquia. Com isso, o retorno para Okinawa resume a série em: ser algo diferente do que o espectador queria, mas exatamente o que a trama precisava.

Dentre uma nostálgica participação do segundo par amoroso de Daniel, bem como a presença espiritual de seu mestre, o retorno ao oriente é recheado de surpresas. Por mais que os boatos apontavam Chosem como um novo antagonista, sua transformação em um mestre zen respeita a mitologia da franquia. Assim, traz o respiro necessário para a temporada: Um golpe novo.

Mestres

Os ensinamentos do mestre Miyagi, a trilha sonora e a trama de superação fazem de Karate Kid um filme que marcou sua geração. Mas nada se compara ao o icônico Golpe da Garça, que sempre foi sua maior marca de prosperidade. Desta vez, somos apresentados a um novo golpe letal. Pena que ele deixar a desejar em sua demonstração gráfica, e principalmente, no uso do mesmo durante o clímax do episódio final.

O confronto com John Kreese no final da temporada recebe a carga de tensão da anterior. Além disso, tenta se justificar em uma série de flashbacks sobre seu período na guerra do Vietnã. A humanização do personagem traz resultados interessantes e surpreendentemente. Em outras palavras, consegue conversar bem com o restante da trama, construindo o embate das três gerações de Cobra Kai. Por outro lado, as brigas constantes dos alunos dos três dojos chegam perto de ser banalizadas em uma violência gratuita. Se tornando, assim, um artifício motivado puramente pela ação da série.

Repetição

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Crédito: Bob Mahoney/Netflix (Divulgação)

O vai e vem dos personagens perde o peso em sua repetição cansativa. A certa altura torna-se até difícil lembrar quem é leal a qual sensei. Esta constância acaba, dessa forma, tirando o peso do clímax com uma nova briga generalizada em plano sequência. Ela tenta repetir o sucesso do final do ano anterior, mas perde em grandiosidade, emoção e originalidade.

Entre os pontos altos, sem dúvida permanece a trilha sonora impecável para os fãs de rock oitentista. Com direito a uma participação emocionante de Dee Snider (vocalista do Twisted Sister) durante a fisioterapia de Miguel. A luta do garoto contra a possível paralisia de suas pernas, aliás, acaba sendo o grande coração da temporada. Ela oferece momentos que fazem mesmo o espectador mais carrancudo vibrar junto em sua cadeira.

Rostos familiares

Após recolocar todas as peças nos devidos lugares, Cobra Kai ainda tem espaço nesse meio tempo para um novo sorriso dos fãs saudosistas. Isso se deve a aguardada participação de Elizabeth Shue como Ali Mills. De forma corajosa, a série assume que o personagem não teria grande espaço na trama. Por isso, a coloca como uma cirúrgica visita no episódio final. Sua participação serve como o catalizador das pazes entre Daniel e Johnny, e um amargo gosto de adeus no final.

Com o novo torneio sendo passado para o ano seguinte, Cobra Kai novamente fecha sua temporada com um gancho instigante. Em contrapartida, ele mostra o quão devagar andou a trama neste novo ano. A possível presença de Terry Silver (Thomas Ian Griffith) e talvez até mesmo de Mike Barnes (Sean Kanan) nos próximos episódios, abrem esperanças para novas participações como de Hillary Swank e Jaden Smith nos anos futuros, ainda mais com a atual produção sendo feita pela Netflix, e tendo o nome de Will Smith por trás das cortinas.

Por fim, atacando primeiro, e forte, o final da temporada não tem compaixão com a nossa ansiedade, e abre espaço para centenas de expectativas e teorias.

Trailer da terceira temporada de Cobra Kay

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Ficha Técnica

Título original: Cobra Kai
Temporada: 3
Data de estreia: sex, 01/01/21
Criação: Josh Heald,Jon Hurwitz,Hayden Schlossberg
Elenco: Ralph Macchio, William Zabka, Courtney Henggeler, Xolo Maridueña, Tanner Buchanan, Mary Mouser, Jacob Bertrand, Gianni Decenzo, Martin Kove, Peyton List.
Onde assistir: Netflix
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Gênero: Ação, teen, comédia, drama
Ano de produção: 2020
Classificação: 16 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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