CRÍTICA | ‘The Boys’ (1ª Temporada) – Amazon Prime Video

Pensemos na seguinte junção perigosa. Eric Kripke, criador da série “Supernatural”; Seth Rogen e Evan Goldberg, as mentes de humor ácido por trás de filmes como “É o Fim” e “Superbad”; e Garth Ennis, o doentio autor de “Preacher” e das polêmicas fases de Hellblazer, Justiceiro e Motoqueiro Fantasma nos quadrinhos. Agora peguemos estas quatro mentes de humor negro e violência, e transportamos para um mundo de heróis superpoderosos, onde suas habilidades passam a corromper completamente seu caráter. Com a liberdade criativa e a qualidade técnica da Amazon Prime Video, The Boys surge nas telas do serviço de streaming como uma nova adaptação de quadrinhos, no clima sombrio de produções como “Titãs” e “Monstro do Pântano”.

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Paródia de heróis para fãs de Tarantino, Romero e Rodriguez

Neste mundo de heróis irresponsáveis, cujos atos podem pôr em risco a raça humana, um grupo de vigilância da CIA tentará conter possíveis ameaças sobre a alcunha de “os garotos”. Em uma atmosfera bastante atual, onde estes seres utilizam dos seus dons para acarear fama e riquezas, The Boys inicia logo num ambiente de cinismo e corrupção quase forçada e didática ao público.

Além disso, tendo teores de violência bastante escancarados (e certas vezes até passados em câmera lenta), a série soube traduzir a aura thrash e explícita de Ennis nas páginas dos quadrinhos. As sensações que beiram o desconforto, sem dúvida, agrada fãs do cinema de George Romero, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, em uma trama descompromissada e de autocritica. Por ser uma paródia clara ao modo operante das histórias de super-heróis da Marvel e DC, a história pode parecer um pouco solta para quem não tem as referências para traçar este paralelo. É uma adaptação que não se encaixa da mesma forma no audiovisual.

Foto: Amazon Prime Video / Divulgação

Não é para todos os gostos

Um dos grandes destaques, certamente, fica por conta de Karl Urban (que adapta o terceiro personagem de quadrinhos após encarnar “Juiz Dredd” e Skurge, em “Thor: Ragnarok”) como Billy Butcher, o brutamontes inglês que lidera o grupo; e Elizabeth Shue como Madelyn Stillwell, a figura antagonista humana neste mundo fictício. Curiosamente, seu personagem teve o gênero trocado na adaptação, sendo originalmente James Stillwell.

Em suma, The Boys está longe de ser uma série para toda família ou todos os gostos. A desconstrução do heroísmo segue o viés de “Watchmen” e o humor negro de “Preacher”. Condensando o espírito da longeva série em quadrinhos (72 edições, mais especiais) em confortáveis 8 episódios, a série deixa espaço aberto para novas temporadas, caso haja engajamento no fechado nicho ao qual ela tem por alvo. Podendo ser um grande escapismo da visão MCU de heróis de capas, este clima mais independente ganha cada vez mais espaço e volume na TV, mesmo em extremos chocantes como este.

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=06rueu_fh30&feature=youtu.be

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Boys
Temporada: 1
Episódios: 8
Criador (es): Eric Kripke, Evan Goldberg, Seth Rogen
Produtor(es): Hartley Gorenstein, Eric Kripke, Seth Rogen, Evan Goldberg, James Weaver, Neal H. Moritz, Pavun Shetty, Ori Marmur, Dan Trachtenberg, Ken F. Levin, Jason Netter
Distribuição: Amazon
Produção: Sony Pictures Television, Amazon Studios, Kripke Enterprises, Point Grey Pictures, Original Film, Kickstart Entertainment, KFL Nightsky Productions
Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr
Data de estreia: sex, 26/07/19
País: EUA
Gênero: Ação, HQ’s, Comédia
Ano de produção: 2019
Classificação: 14 anos