CRÍTICA | ‘Tudo que Quero’ é uma história de superação em todos os sentidos
Giovanna Landucci
Wendy (Dakota Fanning), que por sinal faz uma interpretação excelente no filme, é uma jovem mulher portadora de autismo. O mundo é um lugar confuso para ela que, apesar de ter as limitações da doença, se tornou independente e utiliza sua mente brilhante para escrever roteiros e histórias fantásticas com os personagens da sua saga favorita, Star Trek.
Quando Wendy descobre um concurso para jovens escritores de todo o país, começa a se planejar para conseguir terminar seu roteiro e entregar no local escrito no panfleto que promove a competição. Tudo que Quero foi filmado praticamente o tempo todo com close de câmera, para que o espectador se sinta mais próximo, pois a proximidade das pessoas é algo que os autistas não conseguem lidar e muito menos entender.
Isso é demonstrado além do ângulo da filmagem, podemos observar alguns passos que Wendy precisa estabelecer e fazer como regra no instituto onde mora. Como, por exemplo, dividir algo sobre seu dia com seus colegas, participar de refeições em conjunto e aprender a seguir o caminho das ruas.
Toni Collette interpreta a personagem Scottie, uma psicóloga que dirige o instituto e lida com os problemas de cada um dos internos, além de seus próprios conflitos familiares. Wendy tem uma irmã, Audrey (Alice Eve), que tem uma bebê chamada Ruby, a qual Wendy gostaria muito conhecer, mas Audrey não acha que sua irmã tenha capacidade para segurar um bebê, para viver com eles em família, e que por este motivo mora no instituto.
Tudo que Quero é um filme que fala da trajetória de uma garota em busca de seu sonho? Sim. Mas muito mais que isso, revela a capacidade de um ser humano conseguir se superar diante de suas limitações, fragilidades e frustrações. Todos falam que ela não é capaz, e mesmo assim, a mesma se aventura, Wendy parte em uma jornada para conseguir se inscrever no concurso. Alguns obstáculos surgem, como, por exemplo, ruas das quais ela não está acostumada a andar, autistas não conseguem lidar muito bem com tanto barulho e informações. Ela fica sem dinheiro, pega ônibus e é deixada no meio do caminho, passa por diversas dificuldades junto ao seu fiel escudeiro Pete, um cachorro que a acompanha.
Em seu caminho, surgem pessoas que se propõem a ajudá-la, mas também outras que se aproveitam de sua inocência ao perceberem que ela tem certa dificuldade de entendimento das coisas. O roteiro é longo, mas não de uma forma maçante, e sim, proposital, pois é tão longo quanto a caminhada que faz até seu destino. Rico em detalhes, em alguns momentos se torna cansativo, mas nada que um twist não traga de volta a beleza da trama.
Demora um pouco até que a psicóloga perceba a ausência de Wendy no instituto e envolva a polícia na busca, ou até mesmo que se dê conta de onde talvez Wendy tenha ido e com qual propósito. Wendy havia entregado seu roteiro à psicóloga, que não deu muito valor à trama escrita pela menina. Scottie só se empenha em ler o roteiro quando seu filho, que também entende sobre Star Trek, diz do que se trata a história e pede para ler o material que Wendy escreveu. É aí que percebemos que o roteiro escrito revela mais sobre a própria Wendy e sua família, costumes e relações do que ela jamais conseguiu com palavras expressar.
Uma história que fala sobre como se aproximar das pessoas, sobre convivência, empatia. O roteiro traz como mote “Ela acreditou ser possível quando todos duvidaram” e mostra como lidar com as frustrações, como ir em busca de seus sonhos mesmo quando há empecilhos no caminho. Um roteiro de força, que traz com leveza uma história emocionante. A adaptação à mudança de rotina para um autista é um trabalho gigantesco que Wendy esteve disposta a fazer para conquistar seu maior objetivo.
::: TRAILER
::: FOTOS
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Please Stand By
Direção: Ben Lewin
Elenco: Dakota Fanning, Toni Collette, Alice Eve
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 26/04/18
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2016
Classificação: 10 anos