CRÍTICA | ‘Voando Alto’
Alvaro Tallarico
Voando Alto (Manou the Swift) é um filme que passa por assuntos relevantes como adoção, preconceito e respeito às diferenças.
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Animação produzida por estúdio alemão
Dirigido por Christian Haas e Andrea Block, fundadores da LUXX Studios, o filme representa um divisor de águas para a empresa, sendo seu primeiro longa-metragem animado.
A alemã LUXX é conhecida no meio cinematográfico por seus efeitos visuais para filmes como “O Grande Hotel Budapeste”, de Wes Anderson, e “Independence Day: O Ressurgimento”. Agora, vem com essa animação sobre uma andorinha, Manou, que cresce acreditando ser uma gaivota como seus pais. O passarinho se esforça para nadar, pescar e voar como eles, mas não obtém muito sucesso.
Sobre o filme
Além disso, no meio dessa história, há uma rivalidade entre as gaivotas e as andorinhas, que não se bicam (tum dum tsss). No seguimento da história, Manou descobre a verdade e segue em busca de se encontrar. Durante sua jornada, esbarra com novos amigos, aprende a se aceitar e vai ter que arcar com a responsabilidade se tornar um herói, utilizando seu aprendizado com as gaivotas e suas habilidades como andorinha.
Voando Alto brinca em certos momentos com o filme “Rio”, trazendo algumas referências. Contudo, ao invés de uma linda arara azul, temos um simpático peru, Percival, rolando pelas ruas. É o coadjuvante mais legal.
OK, então uma andorinha é adotada por gaivotas. Podemos até fazer algumas comparações com Mogli, o menino criado por lobos e outros filmes. Não é uma história original, porém, em especial, graficamente, tem seus momentos, como a corrida dos arcos e toda a sequência da tempestade.
A aventura parece se passar em Nice, na França, e é bem bacana perceber os pontos de referência a partir da perspectiva dos pássaros. As altas colinas ao redor de Nice e os padrões dos telhados das casas chamam atenção em conjuntos detalhados e ambientes bem projetados e extremamente complexos.
Mensagem positiva
A mensagem é positiva e muito importante, ainda mais no momento atual em que o mundo apresenta uma crescente polarização e extremismos separatistas. O recado é que devemos nos respeitar apesar de nossas diferenças e trabalhar juntos. Acima do esbanjar de computação gráfica, a essência do longa é essa necessidade do respeito mútuo, ensinando que cada um tem suas próprias qualidades e a união das capacidades especiais de cada um é crucial para a sobrevivência.
A trilha sonora é boa, principalmente por fugir do pop usual desse tipo de filme e flertar com outros estilos como o jazz.
Piadas soltas e ineficientes, mas que funcionam para pequenos
Em suma, há muitas incongruências, bem como piadas soltas e ineficientes. Todavia, para o público bem pequeno a animação distribuída pela Paris Filmes pode trazer entretenimento. Após vermos tantas ótimas obras de grandes e poderosos estúdios como a Pixar, fica difícil não esperar mais. Contudo, é louvável o fato de ser produzido por um estúdio independente. Tecnicamente, percebe-se que o mesmo pode ir além; como roteiro, acaba sendo superficial, um voo raso que não alcança boa altura.
Por fim, como mensagem, podemos resgatar aquele velho ditado, o qual diz que uma andorinha só não faz verão, Voando Alto corrobora ao mostrar a importância da união para sobrevivermos aos invernos.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Manou the Swift
Direção: Christian Haas, Andrea Block
Distribuição: Paris
Data de estreia: qui, 08/08/19
País: Alemanha
Gênero: animação
Ano de produção: 2019
Duração: 88 minutos
Classificação: Livre