CRÍTICA | ‘Wanderlust’, a treta de abrir a relação
Giselle Costa Rosa
Wanderlust é uma nova série britânica da Netflix que estreou dia 19 de outubro. A trama acompanha o casal formado pela terapeuta Joy Richards e seu marido, o professor universitário Alan. Depois de um acidente de bicicleta sofrido por Joy, ambos começam a questionar como manter a chama acesa em um casamento de anos que tange à amizade.
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Palavra em alemão comumente traduzida como um desejo intrínseco e profundo de viajar, Wanderlust, na tradução literal é o desejo de caminhar, não necessariamente viajar. O melhor que podemos tirar dessa palavra é o sentimento que ela representa: o de não se sentir confortável quando se está estável em um local e ter um interesse genuíno por conhecer novas culturas e explorar ambientes ainda não conhecidos.
É claro que os problemas sexuais não surgiram por conta do acidente. Ele foi apenas o estopim para que viesse à tona algo que já vinha ocorrendo, mas como de costume sufocado pela rotina. E assim somos levados pela série em uma viagem rumo ao desconhecido por muitos casais: a abertura da relação.
Quando se é jovem toda forma de experimentação, em geral, é bem-vinda. Ao casar e fazer votos, escolher seguir o caminho da monogamia, a parte das aventuras e loucuras parece ser deixada para trás. As obrigações e problemas cotidianos acabam sufocando aquele furor sexual dos primeiros anos. Depois de longos anos de casados, Joy e Alan se veem num dilema: se amam, mas não sabem se ainda existe desejo sexual entre eles.
A próxima etapa após a abertura da relação, será como dizer isso aos três filhos – já crescidos – sobre essa decisão. E claro, cada um reagirá de forma diferente. A história nos traz o esperado: Joy e Alan felizes com o novo. Enquanto a terapeuta tenta não repetir figurinha, o professor estabelece uma relação fixa com a colega de trabalho Claire. No pano de fundo, vemos Tom, o filho mais novo, fazer suas próprias descobertas e Naomi, a filha do meio, explorar sua sexualidade.
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Como sempre de início, as coisas correm muito bem entre o casal. Mas, como em quase todo relacionamento aberto, algo começa a dar errado. Sentimentos estranhos começam a emergir em cada um. Não demora muito para que percebam que entraram em um caminho sem volta onde se veem compelidos a resolver essa integral relacionadas a limites, continuidade e existência de certos processos.
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Os seis episódios da primeira temporada giram em torno da construção desse dilema e traz de forma significativa o debate sobre a relação entre intimidade e sexo, crises de meia-idade e questões de família. Sem dúvida com maior profundidade, por exemplo, do que Eu, Tu e Ela, outra produção da Neflix que aborda o tema de relações poligâmicas.
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A grande sacada nesta produção é explorar no penúltimo episódio da temporada – talvez o mais denso – questões do passado de Joy que ainda a afetam. Nele, vemos a terapeuta, em sua sessão de análise semanal, tendo que enfrentar fatos dolorosos e esclarecedores levantados por sua analista.
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Vale dizer que Toni Collette (Joy), já conquistou um Emmy e um Globo de Ouro por seu excepcional trabalho em “United States of Tara” e foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por “O Sexto Sentido”.
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Não se pode negar que abrir a relação abre novas perspectivas e possibilita ter outros pontos de vista, conhecer outras culturas, andar por lugares diferentes. Isso acaba ajudando-nos a ampliar nossa visão – e ao mesmo tempo satisfazer – a curiosidade pelo desconhecido. O roteiro, de Nick Payne, garante uma boa história, sem deixar de lado os personagens secundários, com boa profundidade e leveza em momentos certos. Mostra nossas fraquezas, mentiras, desejos e hipocrisias diárias com muita humanidade.
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::: FICHA TÉCNICA
Temporada: 1
Elenco: Toni Collette, Steven Mackintosh, Zawe Ashton
Gênero: comédia, drama
Produção: Netflix
Estreia: 04/09/2018
Criadores: Nick Payne
Produtores executivos: Roanna Benn, Jude Liknaitzky, Lucy Richer