CRÍTICA #1 | ‘Baywatch’ tenta se apoiar apenas num título de sucesso

Everton Duarte

“Baywatch: SOS Malibu” foi um dos seriados mais populares do início dos anos 90. Sua premissa era bem simples: um grupo de salva-vidas que se aventurava em meio a salvamentos (?!), entre outras aventuras à beira-mar. Sempre ressaltando atores com corpos exuberantes em trajes minúsculos. Por falar nisso, que garoto daquela época não se imaginava sendo resgatado pela voluptuosa Pamela Anderson?

CRÍTICA#2 | Sem surpresas e sem promessas, ‘Baywatch’ diverte sem compromisso

Naquela época, pouco se falava sobre temas como a objetificação feminina e muito menos sobre o machismo. Acredito que a receita de sucesso para o seriado naqueles tempos deve-se muito a maior parcela masculina que acompanhava o programa. Era comum idolatrar mulheres belas e perfeitas e não se incomodar (ou fingir que não) com as diversas piadas em relação a seus trajes minúsculos, afinal de contas o que sempre fora imperativo era à audiência. Não que o mundo de hoje tenha mudado essa métrica, mas, atualmente, a grande diferença é que as mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço, e não pelo seu corpo, mas sim pelo que elas representam.

E é exatamente pelo que eu citei acima, que Baywatch, de Seth Gordon, é uma obra que não condiz com a atualidade. Acabamos de nos vislumbrar com a força e inteligência de uma “Mulher-Maravilha” que está merecidamente quebrando recordes, ao mesmo tempo em que vemos filmes como “Triplo X” e “Velozes e Furiosos” perdendo cada dia mais espaço.

O longa segue a premissa do seriado – inclusive as cenas em câmera lenta – mas adicione a tentativa de atuação de Dwayne Jhonson como Mitch e de Zac Efron no papel Matt Brody, e os veja falhar miseravelmente. Micth é o chefe dos salva-vidas e incumbido de arrumar um lugar em sua equipe para o recém-chegado Matt Brody, que é um ex-campeão olímpico falido e egocêntrico. Ambos, juntamente com outros novatos e o restante da equipe, precisam se engajar para lidar com todos os problemas recorrentes à praia. A trama aborda a responsabilidade da equipe em salvar as vidas das pessoas, entre outros problemas como furtos de banhistas. Como se isso já não bastasse, o grupo precisa lidar com a aparição de uma nova droga que está se espalhando entre os jovens. Ainda temos a introdução de Victoria Leeds (Priyanka Chopra) como vilã, que é responsável por trazer mais problemas no território de Mitch.

Mesmo com uma vilã falastrona, uma trama rasa e efeitos especiais duvidosos, o filme não é 100% ruim. As aparições de David Hasselhoff e Pamela Anderson resgatam a nostalgia do seriado que fora sucesso um dia. Boa parte da trilha sonora é interessante e o longa proporciona diversos momentos de risos. Baywatch, em si, pode ser considerado como um alívio cômico se você for já for ao cinema não esperando nada além disso. Se o roteiro se pautasse na comédia, acredito que não se perderia tanto. O que realmente estraga o filme é a tentativa de dramaticidade forçada. O longa é composto em quase sua totalidade de piadas, algumas delas bem forçadas e numa tentativa de conotação não machista, mas a grande maioria é muito bem sacada.

Obviamente, todos os problemas que eu citei acima já eram de se esperar num blockbuster que tenta repetir a receita Hollywoodiana de sucesso. Mas é difícil até de enquadrar esse filme no gênero de blockbuster. Ele está mais para uma Sessão da Tarde que será indicada ao Framboesa de Ouro.

No geral, Baywatch carrega um nome maior do que o filme que nos foi apresentado no cinema, mas, ainda assim, tem seus bons (poucos) momentos. Aprecie sem moderação!

TRAILER:

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FICHA TÉCNICA:

Título original: Baywatch
Direção: Seth Gordon
Elenco: Dwayne “The Rock” Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario, Priyanka Chopra, Jon Bass, Hannibal Buress, Kelly Rohrbach e Ilfenesh Hadera
Distribuição: Paramount Pictures
Data de estreia: qui, 15/06/17
País: EUA
Gênero: Ação, Comédia, Aventura
Ano de produção: 2017
Duração: 1h e 57m
Classificação: 14 anos

Everton Duarte

Paulista, jornalista em desenvolvimento, amante do mundo geek, co-fundador e editor-chefe do Ultraverso. Busco sempre o melhor em tudo o que me proponho a fazer.
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