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‘Cruella’: filme tem visual e atuações impactantes, mas narrativa cansa

Cadu Costa

Desde que começou suas visões live-action sobre clássicos da animação, a Disney sempre buscou atualizar suas narrativas há muito problemáticas. Dumbo, por exemplo, teve uma reinterpretação de sua obra original assim como a Jasmine de Aladdin.
Com uma de suas vilãs mais icônicas, não seria diferente. E é nesta vibe que conheceremos a origem de Cruella, filme do diretor australiano Craig Gillespie (Eu, Tonya, de 2017). O longa traz uma nova cara para essa personagem vinda diretamente do clássico ‘101 Dálmatas’.

A origem

Aqui, vemos como Cruella de Vil era uma jovem órfã chamada Estella e tinha sonhos como qualquer menina. Após perder os pais, Estella vive nas ruas de uma Londres dos anos 1970 e sobrevive com pequenos furtos e criativas fantasias. Sua sorte muda depois que ela se torna aprendiz da estilista mais requisitada da capital britânica, a Baronesa von Hellman (Emma Thompson). Mas quando parece que os sonhos de Estella estão prestes a se tornar realidade, ela se depara com seu passado trágico.
Interpretada brilhantemente por Glenn Close nos anos 90 em duas adaptações bem sucedidas, coube a Emma Stone (a Gwen Stacy de O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2) o papel de reinventar a vilã doida por casacos de peles de cãezinhos. E ela não decepciona. Aliás, a sua antagonista, interpretada por sua xará Emma Thompson (M.I.B. Internacional, de 2019) é a outra cereja do bolo.
Outro ponto positivo é a ambientação e o visual. A direção de arte parece tirada de uma sessão fotográfica da Vogue , e a moda é simplesmente fabulosa. Assim como o punk rock estava tomando conta da Carnaby Street em Londres durante os anos 70, Cruella se levanta para destruir as sensibilidades dos estilistas da época por meio de criações ousadas, glam, inspiradas no rock, entregues com uma ruptura com aquele tempo incrivelmente desafiadora. A trilha sonora robusta do filme é carregada com músicas icônicas dos anos 1970 e é emocionante toda vez que uma nota começa a tocar.
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‘Cruella’ é um bom filme?

Mas então Cruella é um ótimo filme, não? Ahn…Não. Mas assim, um sonoro não. Não que seja ruim, longe disso. Mas é chato, exagerado, arrastado e sombrio demais para uma vilã de um desenho infantil. Sem falar que, na verdade, é praticamente um O Diabo Veste Prada (2006) da Disney.
Hoje em dia, dificilmente existe uma vilã clássica que não tenha sido reinventada ou mitificada em uma base quase feminista. Mas a política de Cruella de Vil é mais geracional do que sexual. Ela quer ser como sua heroína modelo e depois eliminá-la. Não é a pele de cachorro que Cruella quer arrancar e vestir, é a da Baronesa. Ela quer habitar e destruir.  Há momentos também em que a juventude de Cruella é uma mistura da Bela Adormecida e do Coringa de Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008).

Destaque para as atrizes

E por favor, dê um passo para trás e abra caminho para esse casal sensacional de Emmas: Stone e Thompson. Juntas, elas são o ato duplo disfuncional altamente tenso que o cinema não sabia que precisava. Só por elas, já vale a assistida.
Por fim, entre altos e baixos, o filme Cruella deve ter um futuro garantido nos cinemas. Não é ruim, não é bom. É apenas OK, o que considerando as últimas adaptações da Disney nem é grande coisa.
O filme Cruella estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas. Nesta sexta-feira (28), chega também à plataforma de vídeos Disney+, onde poderá ser assistido no acesso premier pelo preço de R$ 69,90.
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TRAILER DO FILME ‘CRUELLA’

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FICHA TÉCNICA

Título original do filme: Cruella
Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Dana Fox, Tony McNamara
Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Emily Beecham, Mark Strong
Onde assistir ao filme ‘Cruella’: cinemas e Disney Plus
Data de estreia: qui, 27/05/21
País: Estados Unidos
Gênero: comédia, aventura
Ano de produção: 2021
Duração: 137 minutos
Classificação: 14 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN