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Daniel Johns ressurge brilhante em ‘FutureNever’

Cadu Costa

Daniel Johns foi um dos grandes nomes do rock nos final dos anos 90/2000 com sua banda Silverchair. Quem tem mais de 30 anos e curtiu a época, lembra exatamente de cada detalhe daquele show antológico dos australianos no Rock In Rio 3, de 2001. Em um determinado momento, eram a banda mais incrível do planeta, tocada em todas as rádios, com shows lotados em estádios ao redor do mundo, elogios sem fim da crítica especializada e músicas cantadas por todos os fãs de rock como hinos. A clássica “Anthem For Year 2000” é um bom exemplo do que iríamos encarar no século 21.

Mas então, a banda se separou, deu um tempo, um hiato indeterminado, chame do que quiser. A verdade é que Daniel Johns, Chris Joannou e Ben Gillies simplesmente desapareceram e isso trouxe um vazio para os fãs. Principalmente, os de Johns, o gênio por trás do Silverchair.

Disco conceitual

Até que, em 2015, o músico lançou seu primeiro álbum solo, Talk. Som diferente, mas era bom escutar sua voz novamente. E agora, depois de mais um período afastado do showbusiness, Daniel Johns está de volta com o conceitual disco FutureNever, numa tentativa de refletir sobre seu passado ao mesmo tempo em que vivencia a projeção de seu futuro na música.

Tudo começou nos meses finais de 2021 onde o mundo se viu absorvido no mais recente podcast original do Spotify, projetado para responder à pergunta de alguns anos, “Quem é Daniel Johns?”. A produção em várias partes foi um empreendimento impressionante, com a apresentadora Kaitlyn Sawrey mergulhando profundamente na vida do músico enquanto ele próprio evitava sua apreensão usual em relação à atenção da mídia mas ainda assim em uma tentativa de convidar os fãs mais fundo em seu mundo.

Lançado sem nenhum single principal, FutureNever é uma das declarações mais impressionantes de Daniel Johns até hoje. Em uma declaração recente, o ícone australiano afirmou: “Eu parei de fugir do meu passado – estou aqui, estou abraçando-o. No FutureNever há dicas sutis e não tão sutis para alguns dos mundos e personagens que criei ao longo dos anos. FutureNever estou no meu melhor, mas não foi projetado para ser um ‘best of’.”

Pouco Silverchair

De fato, há muito pouco de Silverchair em FutureNever, com exceção do clássico “Freak”, que aqui ganha o nome de “FreakNever” com purplegirl nos vocais e muito piano, leveza até o ápice final. As letras estão em terceira pessoa como se Daniel Johns estivesse olhando para o trauma de sua fama adolescente.

FutureNever não é um álbum coeso. Não encontraremos aqui uma sonoridade latente e facilmente percebida. A faixa de abertura “Reclaim Your Heart” tem um solo de guitarra doentio com um piano lamentoso ao fundo. Há baladas sombrias como “When We Take Over” e “Emergency Calls Only” e eletric pops como “Mansions”, Cocaine Killa” e “I Feel “Eletric”.

Há o melhor de Daniel Johns em FutureNever, mas você não sentirá o cheiro de Frogstomp (1995) aqui. Estilos e épocas se chocam, mas Neon Ballroom (1999) também não será sentido neste momento. Talvez um pouco de Diorama (2002) ali, bem como Young Modern acolá. Mas existe vulnerabilidade, curiosidade e aventura que torna FutureNever inconfundivelmente Daniel Johns. Aquele garoto que uma vez pediu para você esperar pelo amanhã está vivendo nele hoje.

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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:

Ouça o álbum FutureNever, de Daniel Johns, ex-Silverchair

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN