Dez filmes com temática LGBT lançados a partir de 2010
Giselle Costa Rosa
O termo queer é usado para incluir gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, juntamente com a sexualidade fluidas e entendimentos não-tradicionais da mesma.
O termo evoluiu com as novas tendências das histórias contadas abordando esse gênero. Se nos anos 90 era apresentado vidas fictícias ou reais com personagens “estranhos” para sociedade convencional, normalmente ligados à crise da AIDS e aos movimentos políticos, os 2010s deslocaram esse gênero para o interesse universal e com temas mais abrangentes.
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Graças a filme como “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), “Milk” (2008) e “Minhas Mães e Meu Pai (2010), o caminho para apresentar personagens LGBT complexos está mais fácil do que nunca. Estamos testemunhando o aumento da visibilidade da cultura queer em todo o mundo. Um número interessante de filmes marca uma grande mudança cultural em que o público considera como “normal” a temática LGBT e aproxima-os à aceitação através da arte.
Esta lista pretende pincelar a variedade de personagens, gêneros e representações disponíveis para o cinema. Os 2010s foi um paraíso de histórias onde filmes de diferentes nacionalidades arrebanharam um nicho que cessou a dominação do homem branco/cis/hétero na indústria cinematográfica, parte importante na própria evolução do cinema. Aqui listado temos histórias singulares e técnicas de filmagem que suportam uma produção LGBT sólida nos últimos 5 a 6 anos.
- UMA BOA MENINA (2014)
Com sucesso e aclamação da crítica, este filme fala sobre o amor moderno em uma família de imigrantes nos EUA e em muitos aspectos lembra “Frances Ha”, de Noah Baumbach. “Uma boa menina” é uma comédia americana escrita e dirigida por Desiree Akhavan, que tem como personagem principal Shirin, uma mulher persa-americano bissexual que vive no Brooklyn. Shirin tenta superar o fim de seu relacionamento com sua namorada Maxine (Rebecca Henderson). O rompimento a deixa sem-teto e sem emprego. Um foco interessante é dado à família conservadora de Shirin – que não sabem que ela é bissexual, pensando Maxine era apenas sua companheiro de quarto, sem entender o por quê de sua filha está de repente se mudando. Akhavan com sua bela abordagem sintetizou perfeitamente como é esconder a sua identidade sexual para a própria família. Uma comédia sincera, com cenas bem construídas em cima da questão da bissexualidade. >>>Assistir online
- TEMPESTADE NA ESTRADA (2011)
Esta produção faz uma representação cheia de amor entre idosos. “Tempestade na estrada” carrega um charme inexplicável, por meioda comédia e de um espírito comovente. O diretor e roteirista Thom Fitzgerald reuniu duas atrizes premiados com o Oscar – Olympia Dukakis e Brenda Fricker – para retratar duas lésbicas septuagenárias. Os personagens, Stella (Dukakis) e Dot (Fricker)vivem juntas há 31 anos, partilahndo uma casa em Maine, EUA. A conexão delas é profunda e eterna, mas nem todos podem vê-lo. A neta conservadora de Dot se recusa a aceitar que elas são um casal e as visita com uma ordem judicial que lhe permite levar sua vó para um lar de idosos. Stella irá resgatá-la e as duas irão sair em uma aventura pela estrada para o Canadá, depois de decidirem que deve finalmente se casar. No caminho, elas pegaram um caroneiro jovem, um belo aspirante a dançarino que se torna uma parte de sua da jornada. Ambas as atrizes fazem um trabalho incrível dando muita credibilidade ao papel de cada uma, compartilhando a química e carinho de um casal real de forma muito natural. >>>Assistir online
- TOMBOY (2011)
O único título nesta lista que apresenta uma criança como o personagem principal é um drama francês de Céline Sciamma. Ela escreveu e dirigiu a história de um verão de um transexual de 10 anos de idade (cujos pais chamam de Laure), que, ao mudar-se para um novo bairro parisiense e fazer novos amigos, apresenta-se como Mikäel. Zoé Héran desempenha um “tomboy” tímido que está tentando se encontrar. No início do filme, ele conhece uma vizinha de sua idade, Lisa, que a confunde com um menino. Quando Laure está fora de casa, sente-se livre, joga futebol e faz parecer que realmente é um menino. Lisa se aproxima cada vez mais e acaba desenvolvendo uma queda pelo então Mikäel. Sua mãe acaba descobrindo o que vem ocorrendo fora de casa com sua filha. O que se segue é, mesmo sendo conservadora, ela não se importa que Mikael (ainda Laure para ela) aja como um moleque, mas ainda exige que a filha se apresente ao mundo externo com vestimentas femininas definidos culturalmente, o que inclui fazê-la usar um vestido. Sciamma explora competentemente as barreiras entre os sexos em uma idade bem jovem e seu talento em trabalhar com jovens atores é perceptível. >>>Assistir online
- O AMOR É ESTRANHO (2015)
Assumidamente gay, o cineasta Ira Sachs dirigiu e co-escreveu este drama franco-americano sobre um casal maduro do mesmo sexo de Manhattan, juntos há 39 anos. George (Alfred Molina) é um professor de música em uma escola católica que é despedido quando a arquidiocese descobre sobre seu casamento. Sem uma renda estável, ele e seu marido Ben (John Lythgow) já não podem pagar seu apartamento e são forçados a pedir aos seus amigos e familiares para ficar com eles. Ninguém pode abrigar os dois ao mesmo tempo, então eles têm que ficar em lugares separados, viver separados depois de tantos anos juntos em lugares não confortáveis o suficiente para eles. O filme serve como uma homenagem graciosa para a beleza do compromisso em face da adversidade. Tudo é bem crível e discreto, hermético na emoção. >>>Assistir online
- HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO (2014)
Várias produções de curta e longa metragem LGBT foram feitas no Brasil ultimamente, mas este filme roubou a cena em 2014 ao abordar a história de um adolescente cego descobrindo sua sexualidade, saindo do mais do mesmo. A estreia na direção de Daniel Ribeiro em um longa veio depois do curta-metragem com o mesmo elenco. Ele manteve a história, mas deu a narrativa uma tomada diferente. Ela começa em uma tarde qualquer de verão, com o protagonista Leonardo (Ghilherme Lobo) e seu amiga Giovana (Tess Amorim) falando sobre nunca ter beijado ninguém. No retorno às aulas, um novo aluno chega e começa a ficar junto com os dois amigos. De cabelo encaracolado, Gabriel (Fabio Audi) ganha rapidamente a atenção dos colegas, mas permanece perto de Leonardo. O que se segue é tanto uma história do primeiro amor quanto uma profunda compreensão da luta de ter uma deficiência em uma idade tão jovem. Com fotografia e performances de peso, Ribeiro traz ar fresco para as histórias adolescentes saturadas e cria uma peça única, forte o suficiente para alcançar as mentes de qualquer cinéfilo independentemente da sua orientação sexual. >>>Assistir online
- LAURENCE ANYWAYS (2012)
- TANGERINE (2015)
Uma das razões que “Tangerine” ganhou tanta aclamação foi o fato de que ele foi baleado filmado com três iPhone 5s pelo diretor Sean S.Baker devido ao orçamento com restrições. Se isso não bastasse, a história segue uma prostituta transexual Sin-Dee (Kitana Kiki Rodriguez) que descobre que seu namorado/cafetão Chester (James Ransone) está a traindo com uma mulher cisgênero. Ela encontra sua amiga Alexandra, um outra prostituta trans, em Hollywood, na véspera de Natal. A princípio, o filme levaria tudo com um tom mais sério, mas que foi alterado graças à extensa pesquisa conduzida com as atrizes principais e um monte de outras pessoas do mesmo bairro, incluindo mulheres que efetivamente trabalhavam como prostitutas. Baker admitiu em entrevistas que muitas das cenas foram filmadas após ouvir histórias e anedotas. Há um grande número de detalhes de brilho no roteiro. O esforço técnico foi extraordinário a ponto de dificilmente lembrarmos que estamos assistindo algo filmado em um iPhone. A precisão ao contar a história e a contribuição dos atores agregou um enorme potencial de cultura pop e tornou-o ainda mais especial. O filme expõe identidades completas em uma comédia com uma trilha sonora incrível e uma energia que pode pegar você desprevenido com sua tamanha veracidade. >>>Assistir online
- WEEKEND (2012)
O segundo longa do diretor Andrew Haigh “Weekend” estreou no SXSW Film Festival para sua aclamação de seu filme com a trama de dois homens que se apaixonam ao longo de 48 horas. Depois de ir a uma festa em uma casa, Russell (Tom Cullen) passa em um clube gay, onde conhece Glen (Chris New), um estudante de arte. De lá, eles acabam seguindo para o apartamento de Russell onde fazem sexo. A história se desenvolve ao longo do fim de semana. Glen pede a Russell para falar e gravar sobre como foi a noite que passaram juntos – para um projeto de arte. Eles se encontram novamente no dia seguinte, e desta vez, eles estão mais intrigados um com o outro e partem para se conhecerem melhor, partilhando questões íntimas. O relacionamento evolui para revelações maiores e Glen menciona seus planos de se mudar para Oregon, no dia seguinte, para um curso de arte de dois anos. O filme apresenta o seu lado mais político perto do fim, discutindo heteronormatividade e a luta pelo casamento gay. Russell ainda não estão totalmente à vontade com sua sexualidade e Glen lhe permite fazê-lo. Embora o final não seja um conto de fadas, esta história de fim de semana altera pontos de vistas desses personagens com toda a crueza nos contornos da experiência em conhecer outra pessoa. Com um orçamento baixo, mas com a cinematografia bem feita, Andrew fez um filme ótimo de se assistir. >>>Assistir online
- CAROL (2015)
O diretor Todd Haynes é considerado um pioneiro na temática queer, um movimento que apareceu pela primeira vez no início dos anos 90. Sua estréia, “Poison” (1991) explorou o tema da AIDS e, desde então, trabalhou em várias características distintas em relação cultura queer. Em 2015, ele adaptou o romance de Patricia Highsmith, “The Price of Salt”, para os cinemas com o filme “Carol”. Situado na cidade de Nova York, no início de 1950, e estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara como os principais personagens de um caso de amor proibido entre uma jovem e uma mulher mais velha. Carol (Blanchett), passando por um difícil processo de divórcio, conhece Therese – que está trabalhando temporariamente em uma loja de departamento no período do Natal. Therese tem um namorado, mas acaba se aproximando cada vez mais de Carol. A oposição do marido quanto ao divórcio faz com que seja solicitado ao juiz a adição de uma “cláusula moral” contra Carol devido ao seu comportamento homossexual, visando tirar dela a custódia de sua filha. Isso faz com que Carol queira ficar longe de tudo por um tempo, convidando Therese para uma viagem. Diante disso, o namorado de Therese a confronta e percebe os reais sentimentos dela por Carol. O que se segue é a aproximação total entre as duas e os problemas que vêm com ele. Enquanto romance original de Highsmith foi inovador, Haynes fez a adaptação para a tela morna. As performances das protagonistas são ótimas, assim como a cenografia, figurino e fotografia de tirar o fôlego. >>>Assistir online
- AZUL É A COR MAIS QUENTE (2013)
Abdellatif Kechiche escreveu, produziu e dirigiu esta adaptação de uma graphic novel francesa homônima, de Julie Maroh, gerando controvérsia em sua estreia Cannes. Independente de toda a polêmica em torno da produção, o filme continua a ser um dos retratos mais relevantes e poderosos sobre amor entre duas mulheres. A personagem principal, Adèle (Adèle Exarchopoulos), esbarra na rua em Emma (Léa Seydoux), uma garota de cabelo azul. Em um outro momento elas acabam se reencontrando. Antes disso, Adèle vai explorar sua sexualidade, fazendo experimentações com um namorado e, em seguida, flertando com uma garota. Elas terão um relacionamento obsessivo, apaixonado e apaixonante. Nem sempre é fácil exercer a sexualidade com a segurança do que se está fazendo. A “indefinição” de Adèle não é a coisa mais definitiva sobre ela, mas seu amor por Emma poderia ser. Este filme conta uma boas história, forte, que representa bem vidas diferentes, sendo bem honesto. Destaque para a atuação das jovens e competentes protagonistas que visivelmente trabalharam duro para dar o máximo de veracidade às cenas. >>>Assistir online