Curta!On exibe documentários sobre Ditadura X Democracia

Juliana Góes

Antes de mais nada, ditaduras não devem ser comemoradas e nem esquecidas e a democracia deve ser sempre celebrada. Portanto, é tempo de refletir sobre o autoritarismo e as violências cometidas em regimes ditatoriais. Assim, como é importante pensar nos desafios que enfrentam os regimes democráticos.

Por isso, o Curta!On – o clube de documentários do canal Curta! no NOW, da NET/Claro – indica algumas de suas produções sobre ditadura e democracia. Confira:

O Dia Que Durou 21 Anos 

O documentário do diretor Camilo Galli Tavares, dividido em três episódios, traz detalhes sobre a participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 no Brasil. Fato que culminou no início da ditadura e o fim da democracia brasileira. Em suma, produção apresenta textos de telegramas, áudio de conversas telefônicas, depoimentos, bem como imagens inéditas. Além disso, a narração fica por conta do jornalista Flávio Tavares, que participou da luta armada, além de preso, torturado e exilado político. 

Democracia em Preto e Branco: Narrado por Rita Lee e dirigido por Pedro Asbeg, o documentário aborda o movimento ideológico-futebolístico chamado ‘Democracia Corinthiana’, que lutava contra a ditadura, focando sobretudo na figura de Sócrates, jogador do Corinthians. O longa, produzido pela TV Zero, mostra o panorama esportivo, musical e político de uma época em que o país fervilhava em meio a greves e protestos pelas eleições diretas.

Sobral – O Homem Que Não Tinha Preço

O documentário relembra a trajetória do jurista Heráclito Sobral Pinto, que ganhou visibilidade ao defender a democracia durante a ditadura militar. Ademais, o longa-metragem tem direção da neta do jurista, a cineasta Paula Fiuza, e traz uma série de depoimentos de advogados e historiadores. Além de imagens de arquivo que revelam o advogado e ressaltam a importância de seu trabalho na defesa da justiça e dos direitos humanos. Aliás, um dos depoimentos do filme é de Anita Leocádia Prestes, filha dos militantes comunistas Luiz Carlos Prestes e Olga Benário.

Sobral Pinto. Rio, 1982, foto: Manoel P. Pires/Folha Imagem

Condor

As diferentes versões sobre a conexão entre as ditaduras militares do Cone Sul nos anos 1970 estão em ‘Condor’, documentário de Roberto Mader sobre a operação militar de mesmo nome. Contudo, o filme apresenta depoimentos de vítimas e de algozes, que revelam como Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai perseguiram, torturaram e mataram, com apoio logístico e financeiro dos Estados Unidos, militantes de esquerda contrários aos regimes militares desses países.

Operação Camanducaia  

O documentário de Tiago Rezende de Toledo mistura os estilos de road-movie, investigativo e filmes de diálogos para contar uma história de 1974, que foi esquecida por nossa memória coletiva. Portanto, naquele ano, aproximadamente 93 crianças e adolescentes foram arbitrariamente presos pela polícia de São Paulo e levados clandestinamente para Minas Gerais. Na altura da cidade de Camanducaia, foram despidos, espancados e jogados num barranco. Assim, na manhã seguinte, apenas 41 deles apareceram nus, famintos e machucados, invadindo bares e restaurantes para se cobrir e se alimentar.

Então, a história causou conflitos diplomáticos e, em suma, chocou a sociedade da época. Partindo do palco do episódio, a cidade de Camanducaia, o filme busca encontrar os envolvidos, especialmente os sobreviventes, numa jornada de 10 anos, Ou seja, que culmina com a entrevista de mais de 40 pessoas e 1.500 páginas de documentos e jornais. 

O Paradoxo da Democracia 

O filme de Belisario Franca mostra que a noção de democracia foi posta em xeque em nações como Brasil, Estados Unidos, França, Egito, bem como a Ucrânia. Ou seja, por meio de fortes manifestações que culminaram na queda de governos, seja por vias eleitorais ou por golpes de estado. Então, pensadores respeitados em todo o mundo, como Jacques Rancière e Juan Carlos Monedero, analisam os diferentes contextos sociais em que está inserido esse sentimento de insatisfação, que parece unificar sociedades tão díspares.

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Juliana Góes

Leonina, carioca, adora filmes e séries, apaixonada pelos animais, e não vive sem chocolate...
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