Festival do Rio 2023 – DogMan está longe de ser uma nova grande obra de Luc Besson, mas possui bons elementos
Bruno Oliveira
DogMan é o novo filme dirigido e escrito por Luc Besson. Já fui um grande fã dele, principalmente de obras como O Profissional (1994), O Quinto Elemento (1997) e Joana D’Arc (1999). De um tempo para cá, sinto que ele virou apenas uma cópia de si mesmo, faltando com originalidade e inspiração em tudo o que tem trabalhado recentemente. DogMan fica nesse limiar entre algo muito bom ao mesmo tempo em que ele poder ser visto por uns como algo muito ruim. Na minha visão, essa obra é decente, mesmo que tenha seus percalços.
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Douglas Munrow (Caleb Landry Jones) é um transformista a noite e de dia pratica assaltos usando os seus cachorros como cúmplices. Toda essa relação com os cachorros começou quando seu pai o trancou junto aos animais que ele cuidava para participar de rinhas. A famosa frase popular “gosto cada vez mais dos meus cães quando conheço as pessoas” se faz valer ao pé da letra aqui. Ao incomodar um traficante local, ele terá que sobreviver junto aos seus animais de uma investida violenta e avassaladora da tal gangue, ao mesmo tempo em que tenta se reconciliar com Deus.
Bom desenvolvimento de personagem
A primeira impressão quando vemos o protagonista é de total estranheza. Não entendemos direito o que ele é e o que exatamente ele pretende. Não é nenhum exagero dizer que o personagem lembra demais o Coringa – arqui-inimigo do Batman, pois ao vermos com maquiagem, de um jeito um pouco afetado, nos perguntamos que tipo de pessoa é essa. Ele parece ameaçador ao mesmo que tempo que é doce e educado. Além disso, ele é parcialmente deficiente e precisa sempre estar de cadeira de rodas. Todas essas características compõem esse ótimo personagem e com infinitas possibilidades para se explorar a psique.
Quando aos poucos vamos conhecendo o seu passado, tudo vai ganhando forma e sentido. A estranheza inicial começa a dar espaço para o entendimento e empatia que não cabia ao primeiro impacto visual. Tudo isso nos permite enxergar Douglas como uma ótima pessoa que, apesar de todo o transtorno que a vida causou, ainda tem bons princípios e que tem seus cachorros como seus verdadeiros guardiões. Essa simbiose com os animais, para muitos, pode soar estranha e por muitas vezes até cômica e fora do tom. Ao meu ver, a relação dele com seus “amigos” é tanta que quase coloca tudo a perder na matéria de credibilidade para o que vou aceitar ou não em tela.
Bela atuação de Caleb Landry Jones
O roteiro é bom, mas quase peca nesses momentos com os cachorros, porque quase cai no lúdico e na fantasia. Agora, quando fala sobre Douglas, ele é muito bom. O personagem é muito bem desenvolvido e poderia sim ser um background de qualquer vilão de uma revista em quadrinho. Além disso, a contribuição do ator Caleb Landry Jones (X-Men: Primeira Classe) para o personagem é algo espantoso. Ele entrega muito e diria que se o filme é bom, é por causa dele. Não consigo vê-lo em futuras premiações, mas se fosse indicado a algo não seria nenhum exagero.
Conclusão
DogMan está longe de ser uma nova grande obra de Luc Besson, mas possui bons elementos. A atuação do protagonista é excelente. Junte isto ao ótimo estudo de personagem – que nos faz entender a mente de uma pessoa parcialmente perturbada – temos algo passível de ser plenamente assistível. O maior ponto fraco fica no desenvolvimento simbiótico de Douglas com seus cachorros. Não me soou plausível e depois de ver algo tão real, entrar por essa seara pode quase tirar do filme quem o está assistindo.
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Trailer do filme DogMan
Ficha Técnica do filme DogMan
Título original: DogMan
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Caleb Landry Jones, jojo T. Gibbs, Christopher Denham, Clemens Schick, John Charles Aguilar, Grace Palma, Iris Bry, Lincoln Powell, Alexander Settineri, Michael Garza, Emeric Bernard-Jones
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 04 de janeiro de 2024
Duração: 113 minutos
País: França
Gênero: Drama
Ano: 2023
Classificação: 16 anos