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Doutor Estranho em um multiverso nada louco – Crítica com Spoilers

Guilherme Farizeli

Pra você que é curioso, cheguei com minha crítica para Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, com spoilers. A direção do longa ficou a cargo de Sam Raimi e o roteiro foi escrito por Michael Waldron e Jade Bartlett. Nesse ponto, tenham em mente que Scott Derrickson abandonou a direção do filme lá atrás, bem no início, por conta de diferenças criativas. Existe a possibilidade de que, ao final do meu texto, você entenda um pouco melhor a decisão de Derrickson. Ainda assim, nós que somos fãs do gênero de super-heróis, achamos muito boa a escolha de Raimi, diretor de um dos melhores filmes do gênero para o seu lugar. E, no final das contas, acho que foi mesmo.

Na teoria, o novo longo do mago é uma continuação do primeiro filme, lançado em 2016. Na prática, a história é um pouco diferente.

Spoilers de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

É simplesmente impossível falar do filme sem abordar um pouco do fan service e do hype exagerado criado em torno de basicamente tudo que é lançado hoje em dia. Tendo o sucesso (absolutamente merecido) do Universo Cinematográfico da Marvel, esse fator é multiplicado algumas vezes. Nesse sentido, as pessoas acabam criando um filme dentro do seu imaginário pessoal e, dificilmente, esse filme será igual ao lançado pelo estúdio. Doutor Estranho ainda sofreu com uma enxurrada de spoilers, alguns no próprio material promocional do longa. Falamos bastante sobre isso no episódio mais recente do UltraCast, que você pode ouvir aqui.

Alguém pode argumentar que exatamente dez anos atrás a Marvel lançou Os Vingadores e presenteou os fãs com tudo que eles queriam. É verdade. Mas é um fato também que muito aconteceu desde então, com o desenvolvimento dos personagens. E do próprio universo, com a expansão que acontece no Disney+. Obras como WandaVision e What If são fundamentais para o entendimento do filme aqui analisado. Aliás, se você não acompanhou essas obras, talvez o longa não seja tão divertido para você quanto pode ser.

Atenção: a partir de agora, o texto terá spoilers de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Siga por sua conta e risco!

O aviso está aí, galera. Quem não gosta de spoilers, salva o link da crítica pra ler depois, beleza? Spoilers a partir de agora!

Um dos pontos positivos do longa é que ele já começa com o circo pegando fogo. Sem tempo para explicações ou qualquer tipo de prólogo mais elaborado. Ali nos deparamos com uma versão alternativa do Doutor Estranho correndo ao lado da jovem America Chavez (Xochitl Gomez). Eles estão fugindo de um monstro gigante que quer sugar os poderes da menina. Ao mesmo tempo, descobrimos que o Strange rabo-de-cavalo (vamos chamá-lo assim para ninguém se confundir) também está buscando o Livro dos Vishanti. O artefato é um dos mais poderosos da mitologia da Marvel e, naquele momento, a única esperança de vitória da dupla.

Strange rabo-de-cavalo percebe que a situação está complicada e que a única solução é ele mesmo sugar os poderes de America, causando sua morte. No entanto, o monstro é mais rápido e mata o mago. America tem o poder de viajar pelo multiverso, mas não controla suas habilidades. O que acaba sendo uma ótima ferramenta para o roteiro levar nossos heróis exatamente para onde eles precisam estar. America usa o recurso pela primeira vez e viaja através do multiverso com destino ao universo principal do UCM. O corpo do nosso querido Strange rabo-de-cavalo é sugado para o buraco em formato de estrela e tem o mesmo destino da heroína.

Chegamos onde queríamos

Nesse momento, o Strange Principal (aquele que levantou o dedinho antes do Tony Stark morrer) acorda e descobre que tudo não passou de um pesadelo. O conceito da cena é meio mal pensado, porque todo mundo já sabe que America é um personagem recorrente no filme. Logo, os minutos de suspense que poderiam enganar alguém (de que a realidade é apenas um sonho/pesadelo) só vão pegar mesmo os muitos desavisados. America é um dos personagens mais legais do longa, vale ressaltar. Mas ela passa boa parte do filme sendo usada como um MacGuffin. Um dispositivo narrativo que motiva o protagonista mas que carece de uma boa explicação.

Depois de acordar, o Strange Principal se arruma para o casamento de Christine (Rachel McAdams). Mó climão, né? Ele vê a mulher da sua vida casar com outro e depois bate um papo existencial com ela, sobre ser feliz ou não. É duro que o filme tenha tantos problemas na construção da história, porque as atuações de Cumberbatch e McAdams são excelentes. Bom, casório rolando em Nova York é um ótimo momento para uma catástrofe. Strange ouve os sons de destruição e parte ao encontro de mais um monstro caçando America Chavez (essa só tem uma o filme inteiro, graças a Deus). Wong também aparece e juntos eles derrotam o monstrengo. Na sequência, acontece o primeiro papo entre os três explicando (pra gente, inclusive) o que está rolando no filme. Sabendo da gravidade da situação, Strange Principal decide recorrer a uma poderosa feiticeira.

WandaVision Episódio 10

Tudo que acontece no novo filme do Doutor Estranho é uma consequência direta do final de WandaVision. Nesse sentido, é quase um epílogo da história que aconteceu em Westview. E, sem suspense nem cerimônia, no primeiro encontro entre o Strange Principal e a Wanda Nº1 (vamos usar números também, vem comigo) ela já coloca as cartas na mesa, admitindo ser a vilã. Aquela que deseja os poderes de America sem se importar com a vida da jovem.

Divulgação Marvel Studios

Em mais um recurso narrativo pobre, Wanda dá um prazo no melhor estilo “Velho Oeste” para que Strange Principal entregue a menina. Ela poderia matar o amigo ali e ir buscar a garota em um Kamar Taj enfraquecido sem Strange. Mas Wanda preferiu dar uma espécie de aviso prévio: te pego mais tarde.

Wanda boladona

Um dos grandes acertos do filme é que finalmente temos um vislumbre mais “realista” da extensão dos poderes de Wanda. Já que na série do Disney+ o contexto era menos bélico e mais lúdico. Aqui temos Wanda chegando no Kamar Taj e fazendo a limpa nos amigos magos. Impiedosa e motivada, matou e bateu em todo mundo que podia. Encurralados pela feiticeira, Strange Principal e America são salvos pelo roteiro. Digo, pelos poderes da jovem que os arremessa pelo Multiverso em direção a um universo diferente. Com direito a passeio pelas outras realidades, um recurso já utilizado na excelente animação Homem-Aranha no Aranhaverso.

Nesse ponto, a gente já sabe que as ações de Wanda estão sendo, de certa forma, influenciadas pelo uso do Darkhold. Outra peça importante da mitologia da Marvel que aprece na cena pós-crédito do nono episódio de WandaVision. Aliás, quem assistiu Agents of Shield (amamos) já está ligado que mexer com o livro é mó furada. O problema é que a obsessão de Wanda, supostamente motivada pelo amor aos filhos fictícios, deixa uma trilha de cadáveres por onde ela passa. O roteiro usa e abusa da influência do Darkhold para justificar todas as decisões da Feiticeira Escarlate (sim, ela se apresenta assim em determinado momento e é bem legal), mesmo que não façam sentido.

Wanda quer os poderes de America para recuperar sua cria, mas pensando bem, nem precisa.

Batman Vs Superman, all over again

Há quem diga que o melhor momento de Batman Vs Superman (2016) é a primeira aparição da Mulher-Maravilha devidamente trajada. Prontinha para lutar com o Apocalipse. E que a chance de ser surpreendido por esse momento nos cinemas foi arruinada pelo trailer que entregou essas cenas antes do filme ser lançado.

Bom, a gente passa por um problema parecido aqui. Strange Principal e America caem em um universo onde a contraparte do mago morreu. E onde existem os Illuminati. Outro grupo super importante da mitologia da Marvel nos quadrinhos, ele aqui é composto por Raio Negro (Anson Mount), Mordo (Chiwetel Ejiofor), Reed Richards (John Krasinski), Capitã Carter (Hayley Atwell) e Capitã Marvel (Lashana Lynch). E é claro, conforme já entregue pelo próprio ator, Professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Tirando o Raio Negro, com o qual absolutamente ninguém se importa, todo mundo meio que já sabia dessas aparições. Mas, e daí? A felicidade de dar de cara com alguns desses personagens é gigante! Ver o nosso Jim Halpert com o uniforme do Sr. Fantástico é uma emoção ímpar. Só que, mais uma vez, a narrativa vem tirar nosso prazer. Me deixar ser feliz, roteirista!

Os Iluminatti são as figuras mais inteligentes do Multiverso e o longa utiliza a apresentação dos personagens para um momento de auto exaltação nesse sentido quase constrangedor. E todos eles acabam subestimando de forma até certo ponto infantil os avisos do Strange Principal quanto aos perigos da Feiticeira Escarlate.

O grupo insiste que, em todos os universos, a maior ameaça é o Doutor Estranho. Bom, até pode ser. Mas que treta iminente ali era com a Wanda, era. Vamos resolver um problema de cada vez?

Virou passeio, amigo

O multiverso de spoilers de Doutor Estranho foi só o início dos problemas. Afinal, os Iluminatti não chegaram nem na hora do jantar. Em posse do corpo da Wanda desse mesmo universo (mas pode isso?), a quem vamos chamar de Wanda Nº2, a Feiticeira Escarlate invade as instalações do grupo e promove mais um massacre.

A estreia do Professor X no MCU é divertida mas decepcionante, ao mesmo tempo. Até a Capitã Carter durou mais que o mutante careca, sabidamente um dos personagens mais poderosos da Marvel. Esmagada por uma estátua, a Capitã Marvel de Maria Rambeau também teve um destino final um pouco sem graça. No final das contas, acho que o fan service saiu caro.

A batalha musical

Um pouco mais adiante na história, uma cena que eu só posso classificar como Patética, com o perdão da piada. É, ao mesmo tempo, o momento mais “Disney” e um dos mais constrangedores da história do UCM. E envolve uma luta entre o Strange Principal e a quarta versão do personagem presente no longa, que vamos chamar de Strange de Três Olhos. Seria um duelo de cantores, no melhor (ou pior) estilo The Voice?

Nada. Nosso intrépido Strange Principal usa a mágica para fazer saltar colcheias e semicolcheias de uma partitura que estava por ali dando sopa e atacar seu adversário com notas musicais! E ali começa um luta ao som de música clássica (podia ser um negócio mais moderno, tipo um piseiro), tudo na mais perfeita sincronia. Me senti assistindo uma versão bizarra daquele saudoso desenho em que o Pato Donald conhece a sequência de Fibonacci e suas relações com a música. Donald no País da Matemágica, se não me engano. Enfim, alguém precisava ter alertado o Sam Raimi de que aquela não era uma boa ideia.

Eu posso continuar contando, mas acho que vocês entenderam a ideia geral, né?

Conclusão

As motivações e motivos do filme são todos muito fracos. Mesmo quando os personagens tentam explicar, como acontece no último ato. Wanda admite que quer a totalidade dos poderes de America para garantir uma espécie de plano de saúde/convênio farmácia para os filhos. E o roteiro admite usar os poderes da jovem como bote salva-vidas – o que não justifica a ação.

Os tão falados elementos de Terror são pontos positivos do filme e ajudam a diferenciá-lo de outras obras do UCM. Apesar de alguns deslizes, acho que a direção de Sam Raimi trouxe uma pegada bem interessante para o escopo do universo compartilhado.

Se os spoilers e excesso de vazamentos prejudicaram a experiência, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um prato cheio para quem é fã da mitologia da Marvel, tanto em elementos da trama quanto em easter-eggs.

As atuações são o ponto alto do filme, com destaque para Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen e Rachel McAdams, que não deixam faltar nada. O filme falha em tentar apresentar um universo gigantesco e tão cheio de possibilidades, com alicerces tão fracos. Acho que o fato de ser mais um capítulo do UCM aumenta a nota final do longa indiretamente, já que ele sacia expectativas criadas em WandaVision e aumenta a curiosidade para o que vem pela frente. Como se tornou costume nessa Fase 4, a Marvel vende o presente para comprar o futuro.

Onde assistir (com todos os spoilers possíveis) ao filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura?

A saber, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (5).

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Trailer do filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: elenco do filme

Benedict Cumberbatch
Elizabeth Olsen
Chiwetel Ejiofor
Benedict Wong
Xochitl Gomez
Rachel McAdams

Ficha Técnica

Título original: Doctor Strange in the Multiverse of Madness
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Michael Waldron e Jade Bartlett
Data de estreia: qui, 05/05/2022
Duração: 126 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: ação, aventura, fantasia, ficção-científica, terror
Ano: 2022
Classificação: 14 anos

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
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