‘Dragon Ball Z: Kakarot’ | REVIEW
Felipe de Andrade
A Cyber Connect 2 acaba de lançar o o mais completo jogo sobre a incrível história criada por Akira Toryama. Dragon Ball Z: Kakarot abrange toda a trama do mangá e dos animes dos anos 80 e 90, mostrando desde quando Goku apresenta seu primeiro filho, Gohan, para seus amigos na casa do mestre Kame e passa por todas as sagas conhecidas, começando pela dos Saiyajins, passando por Freeza e Cell, terminando na que tinha Majin Boo como vilão principal.
Diferente dos jogos baseados em Dragon Ball Z que estamos acostumados, Kakarot não é um game especificamente de luta, mas sim um RPG em terceira pessoa com foco em exploração e aventura, com clássicas lutas aleatórias a todo momento, que são características do estilo, e, claro, os combates principais que ocorrem durante a história.
Tudo isso em um mundo aberto (ou quase isso), muito bem recriado, com detalhes vistos nas revistas ou desenhos da série. E apesar do jogo se chamar Dragon Ball Z: Kakarot – nome de batismo do Goku em seu planeta natal (o planeta Vegeta) -, o gameplay não fica restrito a ele, sendo possível controlar vários outros personagens, como Piccolo, Gohan, Vedita e Trunks, conforme a história principal avança.
SISTEMA DE MISSÕES
Além das missões principais recheadas de ótimas animações que retratam com maestria os eventos do arco principal – característica conhecida do estúdio que desenvolveu os jogos da série Storm de Naruto -, o título também possui missões secundárias que agregam mais valor ao enredo conhecido, além de sempre mostrar vários personagens menos conhecidos de DBZ e até da fase clássica do anime.
Enquanto as missões principais fazem parte do lado bom do jogo, com suas lutas contra personagens principais e tudo mais, o outro lado da moeda, a exploração, pode não agradar tanto assim, já que quebra o clima e torna o gameplay um tanto mais arrastado que o ideal.
Muita coisa está disponível a se fazer a qualquer momento, como, por exemplo, pescar, caçar, dirigir, treinar, coletar itens, colecionáveis e até as próprias esferas do dragão. É possível ainda realizar desejos para Sheng Long – após certo ponto da história -, cozinhar, conversar com NPCs, bem como realizar missões bobas para eles e encarar dinossauros!
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LUTAS
Essas são algumas coisas a se fazer pelo mundo do jogo. Só que, o que importa mesmo, são as lutas. Como sempre, mostrando que tudo que foi citado parece ter a função apenas de prolongar a duração do game ao máximo possível, deixando a diversão em segundo plano.
Agora, voltando às lutas e já tirando uma possível dúvida sua: não é possível realizar partidas versus, tanto locais quanto on-line, já que se trata de um RPG single Player, o que ofusca um pouco o brilho do título.
Durante os combates um mínimo de estratégia é necessário, já que é bem possível vencer os adversários apenas esmagando os botões de ataque corpo a corpo e a distância, ganhando aquele que zerar a barra de vida do adversário – sendo possível aumentá-las conforme os lutadores sobem de nível.
É possível concentrar Ki no meio das lutas segurando um botão. E é sempre importante fazer isso para realizar super ataques, golpes especiais ou transformações. Também podemos defender, esquivar, investir contra o inimigo ou se teleportar para trás dele. Ou ainda realizar uma explosão de Ki para interromper o combo do adversário.
Também existe um botão para “voo livre”, que permite se deslocar no ar enquanto voa ao segurá-lo. Além disso, é possível consumir Ki em batalha e realizar os super ataques. E cada lutador pode equipar até 4 deles. Conforme a história avança, mais super ataques e especiais ficam disponíveis para serem equipados.
OS PERSONAGENS
Em certas lutas estaremos acompanhados de outros personagens, que passam a oferecer suporte nas batalhas, variando de companheiro para companheiro entre os tipos ofensivos, defensivos e especiais. Uma vantagem de ter suporte nas lutas é poder realizar os combos Z, que são especiais realizados em equipe e causam uma quantidade elevada de dano.
Personagens que possuem transformações ou mudança de forma, como Goku e Vegeta, podem utilizar tal habilidade. Eles melhoram seus atributos em troca de uma drenagem contínua da barra de vida e de Ki a partir dessa ativação, sendo necessário calcular o momento certo para fazer uso da técnica e mudar os rumos da luta.
Cada personagem possui sua própria árvore de habilidades. Elas englobam novos super ataques e melhorias, além de certos atributos como aumentar dano causado, melhorar a quantidade de vida recuperada ao usar itens de batalha, dentre outros. Para adquirir estas habilidades são necessárias centenas de Orbes Z, que são conquistados durante a exploração dos mapas ou por meio das lutas vencidas no jogo.
SISTEMA DE COMUNIDADE
Um diferencial que Dragon Ball Z: Kakarot possui é o seu sistema de comunidade ou fóruns. Sempre que um personagem mais conhecido aparece pela primeira vez, um emblema é liberado e pode ser equipado para aumentar o ranking de uma comunidade. Essa relação é influenciada pelo somatório do nível geral dos emblemas equipados. Quando o ranking de uma comunidade sobe, novas habilidades referentes à ela são destravadas.
Cada emblema pode ser mais eficaz em uma das comunidades e menos em outras, fazendo-se necessário ter atenção na hora de equipá-los na comunidade que pode tirar mais proveito. Por exemplo: Piccolo e Kuririn se saem melhor na comunidade de guerreiros Z do que na comunidade dos deuses, que é mais indicada para os emblemas do Dr. Enma Daioh ou do Kami-Sama.
Toda comunidade tem como líder um personagem principal, como Goku na dos guerreiros Z, que aumenta danos de ataques corpo a corpo e de Ki; Chichi da comunidade de culinária, que melhora a taxa de sucesso e duração dos efeitos das refeições; Sr. Kaioh da de treinamento, que garante Exp. de batalha aumentada; entre outras, somando 7 no total. Ainda é possível dar presentes para os personagens, aumentando o nível de amizade, assim aumentando também o bônus que cada comunidade gera em retorno.
ENCICLOPÉDIA Z
Dragon Ball Z: Kakarot traz a Enciclopédia Z. Trata-se de um enorme fan service onde desbloqueamos todo o tipo de informação sobre o universo dos guerreiros Z. São resumos de todos os capítulos de todas as sagas do anime e do jogo; tabelas de relacionamentos entre todos os personagens que mostram o vínculo entre eles, que funcionam como um livro ilustrado em que figurinhas novas são liberadas conforme a história avança; guias com detalhes sobre os personagens, locais, bestiário, veículos e itens presentes no título.
Também é possível consultar um glossário como significado de dezenas de termos do universo de Dragon Ball. Ainda podemos ouvir a trilha sonora incrível em que praticamente todas as músicas saíram direto dos animes. Por fim, a guia de vídeos que possibilita assistir todos os principais acontecimentos do jogo em animações super caprichadas.
A Enciclopédia Z acerta em cheio o coração dos fãs de longa data. Tanto pela enorme quantidade de informações quanto por toda a nostalgia presente nela.
O VISUAL
Com relação ao visual de Dragon Ball Z: Kakarot, a qualidade fica bem dividida. Afinal, todos os personagens são muito bem construídos e animados no geral, em um estilo que lembra os desenhos feitos à mão. Claro que os principais têm um capricho maior do que os NPCs, mas nada que atrapalhe. As regiões exploráveis deixam a desejar porque, apesar de retratar bem o que era visto nos animes – tirando os locais mais conhecidos -, tudo se torna genérico, sem graça e vazio.
As lutas se destacam do restante do jogo. Elas possuem um nível gráfico superior, com cenas incríveis cheias de efeitos, explosões e destruição do cenário, além das animações dos ataques especiais e cutscenes que contam a história do jogo de forma muito mais empolgante e bonita do que estamos acostumados a assistir.
SONOPLASTIA
Com relação ao som e a trilha sonora, Dragon Ball Z: Kakarot é só elogios. A grande maioria dos diálogos possui dublagem em japonês ou inglês de ótima qualidade. Estranho apenas foi o fato da Cyber Connect 2 e da Bandai não disponibilizarem dublagem em português, já que Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm 4, jogo que as empresas lançaram em 2016, possui essa opção -, restringindo a diálogos corriqueiros apenas legendados.
Mas, apesar da falta de dublagem em nosso idioma, o título foi todo localizado em PT-BR em seus menus, textos e diálogos. Além disso, teve atenção suficiente para adaptar as falas para a personalidade de cada um e ainda manter os nomes da maneira que conhecemos aqui no Brasil.
A saber, a grande maioria das músicas veio direto do anime, garantindo uma camada extra de nostalgia para os fãs da franquia. A própria abertura do jogo é composta pela canção-tema original e cantada em japonês, “Cha-La Head-Cha-La”, tornando impossível não cantá-la toda vez que iniciamos uma partida.
ERROS INACEITÁVEIS
Aliás, Dragon Ball Z: Kakarot precisa de certa atenção por parte da desenvolvedora. Isso porque possui problemas que podem atrapalhar em determinados momentos. A câmera tem problemas sérios durante as ações de correr e voar, tornando-se quase impossível em altas velocidades. Em combates, ela também se comporta de forma estranha em alguns momentos.
Por exemplo: ao trocar a mira entre inimigos nosso lutador some da tela por alguns segundos. Isso acontece durante os especiais dos chefes, quando perdemos completamente o senso de direção; ou ainda colocando adversários em primeiro plano – próximos da tela – enquanto nosso lutador ia parar a dezenas de metros da tela, sendo quase impossível enxergá-lo e necessário recomeçar a luta.
É incômodo também que, em vários momentos, enquanto os inimigos se preparam para desferir um golpe carregado, eles simplesmente ficam invencíveis. Nos acertam após alguns segundos e quebram qualquer combo ou super ataques por parte do jogador.
Esses e outros problemas acontecem muitas vezes, o que atrapalha a imersão durante o gameplay de Dragon Ball Z: Kakarot. No entanto, certamente serão corrigidos através de patchs no futuro.
VEREDITO
Dragon Ball Z: Kakarot perdeu a chance de ser o jogo definitivo de Dragon Ball. Isso porque é arrastado demais e não traz um modo multiplayer local ou on-line. Além disso, não foi dessa vez que vamos jogar ouvindo a voz de Wendel Bezerra e companhia. Ademais, o game não funciona muito bem como um RPG e traz pouca inovação ao estilo. Ponto positivo para Enciclopédia Z que vai agradar aos fãs da obra original.