Dudu Nobre entrevista álbum disco Sambas de Exaltação RJ

EXCLUSIVO: Dudu Nobre fala sobre novo álbum, carnaval e ‘The Masked Singer’

Ana Rita

Certamente Dudu Nobre é um dos grandes nomes da história do samba e do Carnaval. Com a família inserida no meio musical, bem como filho de pagodeiros e afilhado de Zeca Pagodinho, o cantor contribui também para o enriquecimento histórico e cultura do samba.

Nesta sexta-feira, no dia 11 de fevereiro, Dudu Nobre está lançando seu inédito álbum Sambas de Exaltação RJ, um projeto audiovisual que busca homenagear e dar visibilidade aos sambas-exaltação que são cantados na Marques de Sapucaí.

Documento histórico

Dudu Nobre presenteia a cultura popular com um documento histórico da produção musical dos quilombos modernos que são as escolas de samba. Muitas das tradições que perpetuam as características dessa manifestação cultural são passadas para as próximas gerações de forma oral. Portanto, registrá-las é garantir sua sobrevida.

Por isso, o ULTRAVERSO bateu um papo super legal com Dudu Nobre sobre o novo projeto Sambas de Exaltação RJ, samba, carnaval e até sobre sua participação no “The Masked Singer Brasil”, da TV Globo. Confira!

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ULTRAVERSO: O samba exaltação é conhecido pela sua animação e emoção nos desfiles das escolas de samba. De onde veio a ideia desse novo álbum e como foi o processo de escolha das músicas?

Dudu Nobre: A ideia do projeto Sambas de Exaltação RJ já vinha de muito tempo. O processo de escolha foi meu junto a um grande amigo, Diego Nicolau, que é também um compositor de samba-enredo.

A gente foi fazendo as escolhas. Logicamente, cada um foi participando porque todos os músicos que participaram eram todos arranjadores que já trabalham o ano inteiro com samba-enredo. Todo mundo foi dando um “alô”, porque tem escola que quatro ou cinco sambas de exaltação que são mega conhecidos. Então fizemos essa seleção e acho que foi muito bacana. Tem sido muito legal tudo isso. O resultado tá muito bacana.

Você nasceu e cresceu na música, seus pais estavam na explosão do pagode carioca e seu padrinho é Zeca Pagodinho. Como é a emoção e sensação de dar voz e mostrar mais da história do samba, dando destaque ao samba-exaltação?

Dudu Nobre: Para mim é muito forte a lembrança afetiva desses sambas-exaltação. Eu tive o prazer de ver todos sendo cantados nas quadras, na Marquês de Sapucaí. E pra mim, que cresci nesse meio, é muito gratificante ser hoje porta-voz desses sambas, dar visibilidade a esses compositores. Alguns desses sambas nunca tinham sido gravados. E para gente é um prazer enorme poder estar fazendo esse trabalho.

Qual o maior desafio na produção desse álbum?

Dudu Nobre: O maior desafio disso tudo é a seleção. Selecionar esses sambas é um grande desafio. E depois encontrar os compositores, herdeiros de alguns compositores que já partiram… a questão da produção em si, pra gente é sempre tranquilo, porque toda a rapaziada que veio trabalhando já trabalha comigo em sambas-enredo tem um ano. E a gente foi com grandes músicos e foi tudo gravado no meu estúdio. Todo mundo já tá linkado comigo nesse ritmo de trabalho.

E graças a Deus o resultado tá muito bacana. A gente tá lançando também os clipes. Imagina você editar 15 clipes, todo um trabalho, fazer todo esse áudio? Realmente é muito trabalhoso, mas também muito prazeroso ver o resultado final.

A gente ainda está passando por um momento complicado pela pandemia, adiando o carnaval. Como você enxerga a importância do álbum ‘Sambas de Exaltação RJ’ em manter essa alma do samba viva por essa época? Seria uma forma de levar a Marquês de Sapucaí para casa de cada um que vai apreciar o álbum?

Dudu Nobre: É uma forma de levar pra casa um pouco do que você iria curtir na Sapucaí. Acho que esse adiamento do carnaval pegou muitos de surpresa, né? O povo do carnaval, das escolas de samba, não esperava isso, mas faz parte.

A gente tem que levantar a cabeça e pensar que em abril vamos fazer o maior espetáculo do mundo, de todos os tempos. Esse retorno do carnaval, essa possibilidade de estar em abril fazendo carnaval, acho que a gente tem que levantar a cabeça e fazer da melhor forma.

E com certeza esse álbum deixa essa chama acesa. A movimentação dentro dos perfis, nas redes sociais, dos sites ligados ao carnaval e ao samba tá sendo uma coisa muito grande. Certamente esse meu trabalho é o que mais tá tendo essa repercussão.

Para mim, é um motivo de muita alegria poder tá trazendo isso para o grande público que, de repente, não tem acesso e nem faz ideia de como é toda essa história.

O que você acha sobre esse adiamento e alguns cancelamentos do carnaval em 2022? Como você enxerga essa situação?

Dudu Nobre: Eu acho que esse adiamento do carnaval e os cancelamentos, infelizmente, acabam envolvendo outras questões, não apenas a pandemia. E a gente fica triste. Lógico, a pandemia acaba sendo o fator que causa esse problema. A gente vive hoje um problema muito complicado, da questão até de patrocinadores pro carnaval, pra projetos ligados a entretenimento.

A gente fica triste, mas entende a situação. Mas temos que continuar, nosso ofício é esse, gerar emprego, criar conteúdo e levar cultura e samba para o grande público. E a gente vai se adequando à situação que o país vai vivendo.

A música está realmente no seu sangue e na da sua família. Recentemente você relançou a clássica ‘Posso Até Me Apaixonar’ ao lado da sua filha, Lily Nobre. Como foi a emoção de cantar ao lado dela? Como surgiu a ideia para o relançamento?

Dudu Nobre: A emoção de cantar com filha é uma coisa bem marcante, né? A nossa ideia com “Posso Até Me Apaixonar” é que ela acabou indo pra o trap, pro hip-hop, pro rap, pro pop, e eu sou do samba. “Posso Até Me Apaixonar” é uma música que, quando eu escrevi, na época da década de 90, já tinha essa coisa um pouco a frente do seu tempo.

Foi uma música que tive o prazer de gravar com Gabriel Pensador, gravei com Chorão. É a musica que mais se encaixa para colocar um rap no meio dela. E foi o que a gente fez.

Muita gente pedia: “queria fazer uma parada você e sua filha”’. Ela sempre cantando, fazendo uns improvisos na música. E aí veio a ideia de gravar. A gente fez um lyrics para o YouTube e graça a Deus tá sendo um êxito muito grande estar fortalecendo bastante a carreira dela e toda a história.

Você foi o segundo eliminado do ‘The Masked Singer Brasil’. Como foi participar de um programa que propõe uma performance diferente e divertida?

Dudu Nobre: Olha, foi um projeto muito legal que tive o prazer de participar. Fui pego de surpresa. Mas é uma possibilidade que a gente acaba saindo da zona de conforto. Eu poderia chegar ali e cantar sambas, mas pensei “vamos fazer um negócio diferente”. E foi muito legal.

Fiquei triste que saí logo. Tinha muita música bacana pra cantar. A primeira música que cantei foi um funk meio pop da Anitta, Zack e Tyga. E aí depois eu ia cantar um sertanejo, um rock da década de 80… tinha um monte coisa ali pra rolar, mas foi muito bacana. Fiquei muito feliz de ter participado do “The Masked Singer Brasil”.

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
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