‘Elex 2’ não vai agradar a todos os fãs de RPG de mundo aberto
Felipe de Andrade
O primeiro Elex foi lançado em 2017. Nesse meio tempo, ele foi considerado um RPG de ação mediano, genérico e, em suma, esquecível. Apesar de trazer uma história central até que interessante, ela se perdia no meio de tantas missões principais e secundárias. Estas, mais pareciam ser feitas para criar volume de jogo, aumentando sua duração e diminuindo a motivação para chegarmos ao final do jogo.
Quase cinco anos depois, a desenvolvedora Piranha Bytes se juntou novamente com a THQ Nordic para trazer a (possivelmente dispensável) sequência de seu jogo de RPG com mundo aberto, que mistura ação e ficção-científica. E para ambientar aqueles que não jogaram, ou que não tiveram paciência para terminar o primeiro, uma boa notícia. Elex 2 conta com resumão da história anterior com a intenção de situar o jogador. Dessa forma, ele conhecerá um pouco da saga, que se passa no mundo pós-apocalíptico de Magalan.
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A trama de Elex 2
Em Elex 2 controlamos novamente Jax, o ex-comandante de uma das facções existentes no mundo do jogo. A saber, ele foi traído e dado como morto em sua primeira aventura. Agora, anos após sua vitória, novos inimigos estão na ativa fazendo uso do elex negro para adquirem poderes incríveis e perigosos, ameaçando os sobreviventes de todo o planeta no processo.
Jax novamente entra em ação com a intenção de construir uma aliança entre as facções rivais existentes em Magalan, com o intuito de rivalizarem com os novos inimigos em comum, ao mesmo tempo lida com uma infecção causada por aliens que fazem uso do Elex Negro, além de iniciar uma busca por Dex, seu filho, que está desaparecido.
Mundo aberto
O mundo aberto de Magalan fica totalmente disponível assim que a gameplay se inicia. O grande mapa pode ser explorado de acordo com a vontade do jogador que pode descobrir novas áreas, uma após a outra a seu bel prazer. Por se tratar de um jogo de RPG, que se baseia no sistema de pontos de experiência e níveis a serem superados, Jax vai passar por dificuldades se invadir áreas com inimigos de níveis mais alto que ele estiver no momento. Isso ocorre principalmente se o personagem estiver mal equipado, como por exemplo, fazendo uso somente da barra de ferro que ele encontra no começo do jogo. Para tentar evitar a morte certa nesses casos, é necessário observar a existência do ícone de caveira que aparece ao lado da barra de vida dos inimigos que estão em níveis mais elevados.
Melhorias
O jatpack de Jax facilita muito na hora de fugir dos combates indesejados e, também, com a exploração dos cenários que contam muita verticalidade, já que dezenas de ruínas de prédios antigos, pontes destruídas, precipícios e várias novas construções aparecem aos montes durante a campanha. No início ele serve basicamente para alcançar lugares altos, flutuar por alguns segundos e para evitar quedas fatais, mas com o tempo é possível evoluí-lo de forma a se tornar a sua principal maneira de locomoção pelo mundo aberto de Elex 2.
Será possível realizar upgrades para aumentar a velocidade do voo; flutuar e usar armas de fogo ao mesmo tempo; aumentar o tamanho do tanque de combustível e adicionar retrofoguetes que nos salvam de uma queda fatal em caso de falta de combustível. Com essas e outras melhorias, podemos dizer que Jax se torna quase que um herói dos quadrinhos antes do final do jogo.
Jogabilidade
Poder brincar de voar e tirar proveito das funcionalidades do jetpack pode ser a melhor coisa dentro de Elex 2. Sua jogabilidade repete todas as falhas do jogo anterior, com missões demais que fazem com que o objetivo principal se perca depois de poucas horas de jogo. O gameplay, que já era datada no primeiro jogo, torna este um título digno de paciência para chegar até o fim. O combate é bem fraco para um jogo lançado esse ano. Ele dispõe de apenas três tipos de ataques com armas brancas: fracos, fortes e especiais. Este último finalizam inimigos quando eles estão atordoados, além de um chute que serve para afastar nossos adversários. No entanto, isso não dá muita margem para usar a criatividade e fazendo uso excessivo de “ataque, esquiva e ataque” até derrotar os inimigos.
Após algumas boas horas de jogo será possível criar armas e equipamentos. Além disso, a possibilidade de destravar magias e especiais que tornam as coisas mais interessantes. Porém, isso não possibilita grandes mudanças em como o jogo é jogado do início ao fim.
NPCs
Assim como visto na franquia Fallout da Bethesda, que parece servir de fonte de inspiração para Elex em diversos momentos, existem dezenas de NPCs espalhados pelo mundo de Magalan. Isso ocorre dentro ou fora das cinco facções existentes, que precisam ter sua confiança conquistada através de escolhas de diálogos ou que nos passam algumas missões e recompensas depois de realizarmos alguns afazeres de acordo com suas necessidades.
O fato é que acaba sendo necessário provar o valor de Jax várias vezes durante a campanha, situação que se torna maçante depois de alguns encontros. Esses diálogos podem acabar mudando o ritmo ou a ordem de alguns acontecimentos, ou até mesmo gerando situações inesperadas, pois uma escolha errada pode transformar amigos em inimigos, chegando ao ponto de gerar um embate que pode causar a morte de um NPC, fazendo com que uma parte da história deixe de ser desenvolvida.
Os gráficos
Os gráficos de Elex 2 não são de nova geração, ponto. A versão testada foi a de PS5, mas não há nada digno de nota. Não posso dizer que o jogo é mais bonito que o primeiro, já que seu estilo mais cartunesco de anteriormente foi trocado por uma tentativa de fotorrealismo. Isso acabou destacando os seus defeitos, ao invés das suas qualidades como era em Elex 1. O design dos cenários parecem reaproveitados do primeiro jogo. Eles trazem algumas localidades enormes com vários becos sem saída e quase nada para fazer, tomando mais tempo de exploração para quase nenhuma recompensa.
Todos os modelos dos personagens existentes, sendo NPCs ou personagens principais, parecem estranhos e com notável falta de polimento em suas animações. Além da movimentação estranha e por vezes robótica em várias ocasiões, é possível perceber durante todos os diálogos os olhos sem vida de 100% dos personagens. Sem contar as expressões que não remetem a emoção nenhuma perceptível, o que quebra completamente a imersão toda vez que é necessário dialogar com alguém.
Animações
As cutscenes trazem animações bem-feitas se comparadas com os gráficos em tempo real do jogo. Sempre que elas aparecem, trazem a questão: será que o jogo não poderia ser um pouco mais bonito para chegar ao mesmo nível visual? Outros problemas perceptíveis a todo momento são as quedas na taxa de quadros por segundo. Aparentemente sem explicação, isso acontece a todo momento. Não importa se estamos em combate, dentro de cidades ou apenas explorando o mapa, chegando a ser irritante com o passar do tempo.
A trilha sonora
O que dizer da trilha que existe basicamente para compor os menus e as cutscenes, e que não soltam nem uma música no meio dos combates? Pode ter sido intencional, mas pra mim sempre fica a impressão de que o estúdio deixou de ter um pouco mais de capricho com o título. Inclusive com os efeitos sonoros genéricos e com as dublagens em inglês também não são das melhores. Além do fato do jogo, assim como o anterior, não possuir localização para o nosso idioma. Fator que pode ter influência negativa nas vendas do título dentro da comunidade gamer brasileira.
Veredito
Assim como o primeiro jogo, Elex 2 não vai agradar a todos os fãs de RPG de mundo aberto. O jogo possui uma boa história principal, que acaba perdendo rápido o foco durante o gameplay. O visual dos cenários e o design dos personagens também são interessantes, e poder voar pelo mapa também chega a divertir um pouco. Infelizmente parece que tudo é mal executado e não se encaixa muito bem no produto final. Espere uma promoção para adquirir o jogo, pois ele não vale o preço cheio, nem para os fãs do estilo.
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Prós
– Inimigos variados
– Vasto mundo aberto
– Voar com Jetpack
Contras
– Bugs
– Movimentação estranha dos personagens
– Combate não empolga
– Excesso de missões