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Emancipation - Uma História de Liberdade crítica do filme da Apple TV Plus 2022

‘Emancipation – Uma História de Liberdade’ traz reflexões sobre o passado e o presente

Taynna Gripp

A foto do escravo Peter correu o mundo em meados da década de 60 do século 19, na época, países inteiros ainda tinham como principal base trabalhista o trabalho escravo. A história dele é contata de forma forte no filme Emancipation – Uma História de Liberdade (Emancipation), obra original da Apple TV+, com protagonismo excelente de Will Smith. Para compreender a obra não é necessário muito conhecimento histórico, mas ter noção do que representou a Guerra Civil Americana (ou Guerra de Secessão) ajuda bastante na contextualização do enredo.

Peter era um escravo do Sul do Estados Unidos. O protagonista e sua família, composta por sua esposa e seus filhos, trabalhavam na colheita de algodão, mas, quando estoura a guerra, ele é vendido e relocado para a construção de uma ferrovia. Durante a guerra que assolou os Estados Unidos, Lincoln foi eleito, gerando uma separação entre os estados do Norte – que apoiavam uma mão de obra livre – e os estados do Sul – que ainda lutavam pela continuidade da mão de obra escrava. Longe de sua família e tratado de modo inimaginável de tão cruel, Peter acaba ouvindo que Lincoln está libertando os escravos. Num ato de desespero, foge, iniciando assim a parte mais angustiante da história.

Homem de fé em todos os sentidos

Desde a primeira cena do longa somos conduzidos a enxergar em Peter como um homem de fé. E em cada momento, por mais conturbado ou impossível de se atravessar, é essa figura que vemos. Quando enfrenta um jacaré na faca; quando assiste um amigo ser morto enquanto está escondido; quando precisa sobreviver em meio à lama para continuar sua fuga; quando todas as suas feridas fazem seu corpo querer sucumbir; quando, em um encontro derradeiro ele finalmente é colocado frente à frente com seu carrasco; jamais vemos outro homem além daquele apaixonado por sua família, portador de uma fé inabalável.

Não, Emancipation não é de temática cristã, embora aborde muito o tema. O filme é mais sobre como as pessoas encontram em algo um motivo para seguir em frente, como é possível suportar até aquilo que ninguém sequer foi capaz de pensar, desde que você não se permita ficar no lugar de vítima do destino e vá atrás da sua liberdade.

Quando Peter, enfim, encontra o acampamento de Licoln, a Guerra está a pleno vapor e não existe a liberdade sonhada sem que se enfrente em campo de batalha aqueles que ainda escravizam seus irmãos. E, mais uma vez, ele é um vencedor.

Will Smith

Dirigido por Antoine Fuqua (“Dia de Treinamento”), esse é um filme que certamente colocaria Will Smith muito bem cotado nas premiações. Mas, devido ao ocorrido na cerimônia do Oscar do ano anterior, vamos ter que nos contentar com não ter seu nome entre os concorrentes.

Mas, muito mais do que um filme feito para circuitos de festivais, Emancipation é aquele tipo de longa que todos deveriam ver porque nos faz questionar como tão pouco tempo atrás ainda éramos tão desumanos, e como, até hoje, ainda somos. Aquele tipo de obra que é mais do que um bom filme: é necessária.