Emily em Paris primeira temporada crítica da série da Netflix

‘Emily em Paris’ é o Instagram em live-action

Wilson Spiler

Emily Cooper (Lily Collins) está prestes a virar sua vida de ponta a cabeça. Isso porque sua chefe, que iria a Paris apresentar um ponto de vista norte-americano a uma empresa de marketing francesa, engravida. Mesmo sem saber patavinas do idioma, a jovem é indicada para cumprir essa missão.

Com namorado, amigos e uma língua completamente diferente, ela parte para outro país certa de seu sucesso. Mas, ao chegar à “Cidade Luz”, percebe que as coisas não serão tão simples assim. Afinal, as culturas das duas nações são completamente diferentes.

Aí começam os problemas de Emily em Paris, série da Netflix que teve a primeira temporada indicada ao Globo de Ouro e ao Emmy Awards. Aliás, a indicação ao primeiro gerou muita polêmica, visto que a Paramount Network teria pago por viagens de 30 votantes do Globo de Ouro para uma visita de luxo ao set da série, na França.

A denúncia publicada pelo Los Angeles Times ainda revela que o passeio incluiu estadia de duas noites no hotel cinco estrelas Peninsula Paris, com quartos que custam em média US$ 1.400 por noite. Uma bagatela.

Mas Emily em Paris valeu as indicações?

Bom, essa é uma pergunta complicada de responder. A julgar pelos concorrentes na categoria comédia, o nível realmente não é dos mais altos. Os últimos vencedores, por exemplo, não teriam mesmo como ser indicados. Afinal, O Método Kominsky estreou apenas recentemente e teve indicação ao Emmy; The Marvelous Mrs. Maisel, não teve temporada em 2020; assim como Fleabag e Schitt’s Creek (vencedor dos dois prêmios), tiveram seus últimos anos em 2020.

Agora, quando falamos da primeira temporada de Emily em Paris, em si, é recheada de problemas. E não. Não deveria receber indicações. Mas, estranhamente, também apareceu entre os concorrentes no Emmy Awards 2021.

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Démodés

Antes de qualquer coisa, Emily em Paris não é uma péssima produção. Longe disso. Tem seus momentos de diversão, um elenco carismático, uma trilha interessante e, claro, um visual deslumbrante da capital francesa.

O problema é que a série da Netflix é recheada de clichês e reforça estereótipos tão – para ficar no idioma local – démodés. A começar, um elenco majoritariamente branco. Sabemos que a França é um abrigo imenso de refugiados, principalmente de africanos. Quem assiste futebol, basta dar uma olhadinha no elenco da seleção e ver quem são os principais destaques: Mbappé e Pogba.

Emily em Paris primeira temporada crítica série Netflix

Xenofobia

Mas os problemas de Emily em Paris não param por aí. Os franceses são tratados como intolerantes, machistas, preguiçosos, grosseiros, infiéis, intolerantes e xenófobos. Os parisienses na série fazem até deboche do movimento #MeToo, liderado por atrizes de Hollywood contra assédios sexuais.

Aliás, sobre a xenofobia, as ofensas sobram até para a China, já que uma das melhores amigas da protagonista é do país asiático. Para completa, o elenco é recheado de rostos bonitinhos e gente magra. Um show de horrores.

A bem da verdade, os norte-americanos também são “criticados”. Mas como um povo que trabalha demais, com visões mais modernas e que não pensa em diversão. Ou seja, deixa pra lá.

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Geração atual

Sobre a série, em si, muitas pessoas da geração atual podem se identificar com essa primeira temporada de Emily em Paris. Afinal, a protagonista é uma influencer do Instagram, onde só posta momentos bons, como se a vida fosse um mar de felicidade.

Aliás, isso é criticado pelos franceses num debate entre os dois cinemas. Enquanto Hollywood conta histórias de contos de fada, de acordo com a série, as produções europeias são mais como a vida real, com finais tristes. Algo que está longe de ser verdade.

Voltando à alegria incomum em Emily em Paris, nossa protagonista é uma verdadeira super-heroína, que consegue tudo o que quer com seus gracejos e simpatia. Aquela conta difícil de conquistar? Lá está Emily convencendo o investidor. Dificuldades com o idioma? Lá está Emily encontrando diversas pessoas que falam inglês. Tudo dá certo nesse mundo de fantasia em que a personagem vive.

Não há dúvidas de que a série Emily em Paris tem seus momentos divertidos e o desfecho nos deixa, de fato, curiosos para uma segunda temporada já oficialmente confirmada pela Netflix. Mas, convenhamos, que ela vai ter que se virar ainda mais para se reconciliar com seus próprios preconceitos. Veremos como se comporta daqui pra frente.

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Trailer da 1ª temporada de Emily em Paris (Netflix)

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Elenco da primeira temporada de Emily em Paris

Lily Collins
Philippine Leroy-Beaulieu
Ashley Park
Lucas Bravo
Samuel Arnold
Bruno Gouery
Camille Razat
William Abadie

Ficha Técnica

Título original da série: Emily in Paris
Criação: Darren Star
Temporada: 1
Episódios: 10
Duração: 24-34 minutos
Data de estreia: sex, 02/10/20
Onde assistir à primeira temporada da série ‘Emily em Paris’: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: comédia romântica
Ano de produção: 2020
Classificação: 14 anos

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN