‘Emily in Paris’ retorna como um leve entretenimento
Jhone Silva
Na primeira temporada de ‘Emily In Paris‘, a nativa de Chicago que tornou-se parisiense Emily Cooper (Lily Collins) é apelidada de “ringarde” ou “básica” por um famoso designer francês. Ele quer dizer isso como um insulto, do qual ela se defende apaixonadamente mais tarde, mas o comentário soa verdadeiro em termos da caracterização mais ampla da personagem. A série criada por Darren Star é marcada por um protagonista indefinido, que não evolui ou ganha qualquer tipo de dimensão na segunda temporada. Emily – e, por extensão, a série – parecem presos no tempo.
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Emily in Paris
Em suma, a série é essencialmente uma comédia extravagante e escapista; seria mais simples deixar que isso acontecesse como um diário de viagem ou mesmo como um desfile de moda de alta-costura que deve ser. Em vez disso, Emily in Paris tenta ser mais séria em sua segunda temporada, apenas para falhar devido à escrita preguiçosa, arcos narrativos dramáticos e extensos e a contínua falta de traços distintivos de Emily, além do fato de que ela aparentemente é boa em seu trabalho.
Além disso, a série continua tentando vender Emily como uma millennial identificável que é obcecada por legendas banais do Instagram. Seu mundo se transforma quando ela se muda para Paris a trabalho, tentando emprestar sua perspectiva estadunidense de mídias sociais para a Savoir, empresa de marketing francesa. A vibe inicial de sitcom faz com que seus fracassos no local de trabalho de alguma forma acabem se tornando sucessos convenientes.
Extravagâncias
Isso é especialmente verdadeiro na segunda temporada, pois seu trabalho e sua vida pessoal se misturam ainda mais, criando espaço para muito caos, seja uma viagem a St. Tropez que deu errado ou Emily perdendo o contato com uma atriz por causa de sua nova paixão. Portanto, assim como Carrie Bradshaw de ‘Sex And The City‘, Emily muitas vezes fracassa em sua carreira, sem repetir nenhum de seus trajes coloridos e extravagantes. É o sonho americano refeito como uma ilusão francesa glamorosa.
Emily In Paris depende da conveniência enquanto a segunda temporada arrasta o triângulo amoroso entre Emily, seu interesse amoroso Gabriel (Lucas Bravo) e sua namorada Camille (Camille Razat). Além disso, a marca de champanhe da família de Camille, Champere, já era cliente da Savoir. Agora, a fim de trazer Gabriel para esse pandemônio narrativo e amoroso, a série coloca seu restaurante recém-inaugurado sob o campo de marketing de Emily, levando a um vai-e-vem infinitamente complicado entre os três.
Novidades
Emily consegue alguns novos pretendentes: um breve encontro com Matthieu Cadault (William Abadie) e um relacionamento com o recém-chegado Alfie (Lucien Laviscount), um expatriado britânico e banqueiro que simplesmente odeia tudo que é francês. Isto é, até que ele seja reintroduzido na cidade pelos olhos de Emily. Alfie é um forte competidor para Gabriel. Mas à medida que o triângulo se expande para um quadrado, Emily In Paris não pode evitar cair em padrões familiares e enfadonhos, a fim de puxar os fios narrativos que já deveriam ter sido enterrados.
A série continua cheio de frescuras, com pouca ou nenhuma substância em sua segunda temporada – assim como a própria Emily. A certa altura, Alfie aponta o quão ocupado e fascinante é o estilo de vida de Emily, mas suas palavras dificilmente parecem impressioná-la. Seus esforços românticos e dilemas profissionais continuam a crescer, mas sua personalidade simplesmente se recusa a emergir. A insipidez de Emily contrasta fortemente com as personagens femininas muito mais interessantes da série: suas amigas Mindy (Ashley Park) e Camille, e sua formidável chefe Sylvie (Filipina Leroy-Beaulieu).
Mindy
A radiância de Park reforça a presença elétrica de Mindy na tela, mesmo que a personagem se atole em um romance apressado de sua autoria. A sua perseverança em tentar se tornar uma cantora trabalhando em um clube de drag ou cantando, junto com seu humor ousado, consegue elevar a série até certo ponto. Se o programa fosse Mindy In Paris, teria sido uma comédia de TV charmosa e divertida. Camille e Sylvie, as duas francesas do programa, são independentes e fabulosas à sua maneira. Leroy-Beaulieu consegue mergulhar um pouco mais na história de Sylvie, dando profundidade ao personagem, além de mostrar uma atuação mais sombria.
Assim como Emily não é párea para seus colegas, Collins não consegue acompanhar seus colegas de elenco. Suas expressões permanecem praticamente as mesmas, para que as roupas ou as ondas bem cuidadas não fiquem mal. Quer seja um confronto turbulento com um amigo, um desastre em um desfile de moda ou um malabarismo com dois de seus interesses amorosos, Collins permanece equilibrada e delicada. Apesar de seus melhores esforços, o papel não serve a seu talento.
Por fim, a primeira temporada de Emily In Paris também foi vazia, mas chegou em meio a um isolamento global. Emily in Paris explodiu porque ofereceu uma escapadela no consciente de seus telespectadores, mostrando o sonho de frequentar os cafés, monumentos e tendências de bom gosto de Paris, mas isso não é o suficiente para justificar uma temporada inteiramente nova.
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Ficha técnica – Emily in Paris
Título original: Emily em Paris
Temporada: 2
Episódios: 20
Duração: 30 minutos
Direção: Jennifer Arnold e Katina Medina Mora
Roteiro: Darren Star
Elenco: Lily Collins, Philippine Leroy-Beaulieu, Ashley Park, Lucas Bravo, Samuel Arnold, Bruno Gouery, Camille Razat, William Abadie, Charles Martins e Kate Walsh
Data de estreia: quarta-feira, 22/12/2021
Onde assistir: Netflix
País: Estados Unidos e França
Gênero: Comédia, drama e romance
Ano de produção: 2020-2021
Classificação: 14 anos