Encerramento do Festival do Rio é marcado por discursos de resistência e consagra ‘Tinta Bruta’

Wilson Spiler

A noite de premiação do Festival Internacional de Cinema do Rio 2018 foi marcada por discursos contundentes dos ganhadores. “Resistência” foi, talvez, a palavra mais ouvida pelo público presente na cerimônia realizada no Cine Odeon, apresentada de forma bem humorada pelos atores Dira Paes e Du Moscovis. O evento foi aberto por falas emocionadas das diretoras do Festival.

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“Foram dez dias de encontros, reflexão e a certeza de que, além de um setor produtivo, representamos um país”, afirmou Ilda Santiao.

Por sua vez, Valquíria Barbosa lembrou do RioMarket, a frente de negócios do Festival do Rio. “Promovemos uma grande reflexão sobre nossa indústria, temos pela frente um desafio muito maior, o da revolução digital, e sou otimista”.

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O agradecimento aos patrocinadores, em um período de crise que fez da realização do Festival do Rio um desafio ainda maior, ganhou relevo. Ilda Santiago ainda lembrou da presença de divas do porte de Betty Faria e Fernanda Montenegro em diversas sessões do Festival, antes de puxar uma salva de palmas para outra grande atriz, Ruth de Souza, presente à premiação no Odeon. “O Festival nos permite celebrar a vida e a diversidade”, concluiu Ilda.

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Na premiação propriamente dita, Tinta Bruta, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, foi o grande vencedor do Festival Internacional de Cinema do Rio, onde foi premiado como Melhor Filme, Melhor Roteiro para Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, Melhor Ator para Shico Mengat e Melhor Ator Coadjuvante para Bruno FernandesTorre das Donzelas, de Susanna Lira, levou o Troféu Redentor na categoria Melhor Documentário. Os dois filmes ainda conquistaram o Prêmio Petrobras de Cinema, na forma do patrocínio para sua distribuição, com dotação de R$ 200 mil e R$ 100 mil, respectivamente. “Tenho certeza de que estamos vivendo um dos melhores momentos na história do nosso cinema”, declarou Carlos Diegues, chamado ao palco para entregar o troféu para Tinta Bruta.

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Segundo o diretor e roteirista do grande vencedor da noite, Filipe Matzembacher, o projeto foi inspirado em outra produção da dupla com Marcio Reolon. “O filme surgiu de uma vontade de falar sobre despedidas, raiva e resistência. Inicialmente a narrativa veio de um curta-metragem nosso, ‘Quarto Vazio’, mas durante o processo de escrita muito se modificou”, afirma o cineasta.

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Confira a lista completa dos vencedores:

PREMIÈRE BRASIL

Júri presidido por Lúcia Murat (diretora e roteirista) e composto por Joel Zito Araújo (diretor), Hebe Tabachnik (curadora e programadora de festivais), Koby Gal-Raday (produtor), Thomas Ordonneau (produtor):

  • MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO –  Tinta Bruta, de  Marcio Reolon e Filipe Matzembacher
  • MELHOR LONGA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO –  Torre das Donzelas, de Susanna Lira
  • MELHOR CURTA-METRAGEM – O Órfão, de Carolina Markowicz Menção Honrosa curta-metragem – Universo Preto Paralelo, de Rubens Passaro
  • MELHOR DIREÇÃO DE FICÇÃO – João Salaviza e Renée Nader Messora, por “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”
  • MELHOR DIREÇÃO DE DOCUMENTÁRIO – Susanna Lira, por “Torre das Donzelas”
  • Menção Honrosa Direção de Documentário – Daniel Gonçalves, por “Meu Nome é Daniel”
  • MELHOR ATRIZ – Itala Nandi, por “Domingo”
  • MELHOR ATOR – Shico Menegat, por “Tinta Bruta”, e Valmir do Côco, por “Azougue Nazaré”
  • MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Eliane Giardini, por “Deslembro”
  • MELHOR ATOR COADJUVANTE – Bruno Fernandes, por “Tinta Bruta”
  • MELHOR FOTOGRAFIA – Renée Nader Messora, por “Chuva é Cantoria na Terra dos Mortos”
  • MELHOR MONTAGEM –  André Sampaio, por “Azougue Nazaré”
  • MELHOR ROTEIRO –  Filipe Matzembacher, Marcio Reolon por “Tinta Bruta”
  • PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – Azougue Nazaré, de Tiago Melo

NOVOS RUMOS

Júri composto por Tatiana Leite, produtora; Babu Santana, ator; e João Luiz Vieira, professor doutor.

  • MELHOR FILME – Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
  • MELHOR CURTA – Lembra, de Leonardo Martinelli
  • PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes
  • Menção Honrosa – Mormaço, de Marina Meliande
  • Menção Honrosa – Eduarda Fernandes pela atuação (Luna, de Cris Azzi)
  • Menção Honrosa – Alexandre Amador pela atuação (Vigia, de João Victor Borges)
  • Menção Honrosa – Verónica Valenttino pela atuação (Jéssika, de Galba Gogóia)

VOTO POPULAR

  • MELHOR LONGA FICÇÃO – Deslembro, de Flavia Castro
  • MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO –  Torre das Donzelas, de Susanna Lira
  • MELHOR CURTA –  Você não me conhece, de Rodrigo Séllos

PRÊMIO DA CRÍTICA  FIPRESCI 

Júri composto por  Eduardo Valente, Luciana Costa AlmeidaOlivier Pelisson e Tatiana Trindade

  • Deslembro, de Flavia Castro

PRÊMIO FELIX

Juri composto por Adriana L. Dutra, documentarista; Claudia Saldanha, mestre em artes visuais e diretora do Paço Imperial; Felipe Sholl, diretor e roteirista; e Vicente de Mello, fotógrafo e curador.

  • MELHOR LONGA FICÇÃO –  Sócrates, de Alex Moratto
  • MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO –  Obscuro Barroco, de Evangelia Kranioti
  • PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI –  Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes

PRÊMIO MOSTRA GERAÇÃO

  • Shade – Entre bruxas e heróis, de Rasko Miljkovic

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN