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Foto: Joyce Conceição / ULTRAVERSO

Encontro das Tribos 2022 traz um mix de emoções a São Paulo

Matheus dos Santos Ribeiro

Com existência desde 2000, o Encontro das Tribos é um programa de rádio diário e também o maior festival da música jovem do Brasil, que reúne os maiores artistas e bandas do cenário nacional em um único evento. O festival é realizado em todo o país e com artista e bandas de reggae, forró, rap e rock, fazendo um verdadeiro evento cultural eclético.

No último sábado, a tão esperada edição de 20 anos do Encontro das Tribos Oceanix em 2022 trouxe ao pavilhão do Anhembi cerca de 20 atrações em 20 horas ininterruptas de muita música!

“Do fundo do mar ressurge uma nova era. O que aconteceu no passado virou história para que o novo pudesse vir e contar o que só o futuro sabe. Assim, os tempos distintos se fundem em uma combinação perfeita para a criação de OCEANIX.”

Essa foi a descrição da temática da 20ª edição do evento, o fundo do mar! O pavilhão do Anhembi contou com dois palcos gigantes que foram abraçados por um polvo gigante em que ganhou vida na cenografia temática e inspiradora dirigida por Thiago Silva, da TS Music.

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Ausência de atração internacional

A edição 2022 do Encontro das Tribos contou com quatro atrações internacionais: Cypress Hill, Sticky Fingers, Soldiers Of Jah Army – SOJA e Mike Love. Inicialmente Lil Pump estava confirmado no line-up como um dos grandes nomes dentro das atrações internacionais.

No entanto, acabou tendo que cancelar sua presença devido o embarque do artista e sua equipe ter sido inviabilizado após as consequências geradas pela passagem do furacão Ian na Flórida, nos EUA. “O cantor já confirmou presença na edição 2023, em São Paulo”, reportou a página oficial do encontro das tribos no Facebook.

Shows incríveis

Mesmo com esse desfalque nas atrações internacionais. o público não deixou de cantar muito com os maiores sucesso do o indie rock de Sticky Fingers e saiu do chão o bate-cabeça do hip hop latino de Cypress Hill. Também não faltou cantar com muita emoção com o, já tradicional no festival, Soldiers Of Jah Army – SOJA, que, como sempre, excederam as expectativas em sua apresentação com muita percussão metais e solos de baixo e guitarra.

Durante o show, o grupo norte-americano pediu mais união: “If you want to go faster, go alone. If you want to go further, go together”, disse o vocalista Jacob Hemphill, tradução do ditado popular africano “Se quer ir mais rápido, vá sozinho. Se quer ir mais longe, vá em grupo”. O havaiano Mike Love não ficou para trás com bastante roots reggae para todos os amantes da cultura rastafari.

Encontro das Tribos 2022 shows

Foto: Joyce Conceição / ULTRAVERSO

Problemas e substituições

A surpresa do line-up da edição foi o comparecimento de Costa Gold cobrindo o desfalque do trapper Lil Pump. Eles fizeram sua apresentação e foram ovacionados pelo público que cantaram muito aos sons de seus sucessos. Black Alien, uma das atrações mais esperada dessa edição, infelizmente, não pode cantar muito, devido a problemas de saúde e “falta de voz”. Ele próprio deixou o público cantar um de seus sucessos junto com seu DJ e teve que ir embora.

A banda Lagum não agitou o público com seu pop reggae e conscientizando a plateia da importância do voto, com protestos ao atual presidente Jair Bolsonaro. O grupo, além disso, fez uma homenagem ao cantor chorão da banda Charlie Brown Jr com a música “Hoje eu Acordei Feliz”.

Protestos contra Bolsonaro

Criolo emocionou a todos com seus hinos do rap nacional e, junto com DJ Dandan, pediram não ao fascismo: “Espero que essa juventude maravilhosa já tenha feito o corre do título de eleitor! Se vocês querem o fim do fascismo, se vocês querem o fim do racismo, se querem nossos povos originários vivos, digam não ao Bolsonaro”, disse o disc jockey.

Em seguida foi a vez do grupo carioca Cone Crew Diretoria se apresentar e relembrar o público com sucessos como “Chama os Moleque” e “Chefe de Quadrilha”. A banda Maneva trouxe muito amor ao pavilhão do Anhembi com suas músicas. O vocalista Tales de Polli questionou o público sobre o conhecimento de seu novo álbum “Novo Mundo”. Ao ver a plateia dividida entre quem ouviu ou não seu álbum, ele pediu a quem não respondeu que levantasse a mão e, ao ter sua resposta, afirmou: “Por isso que eu falo: abstenção é o pior de nossos problemas. Compareçam! Façam valer sua opinião sempre…”

BNegão e Marcelo D2 fizeram uma apresentação eletrizante com Planet Hemp. Com muito rap e rock and roll, eles viraram o pavilhão do Anhembi de ponta cabeça e pediram consciência de voto: “Vote pelo preto, vote pelas mulheres, pelos gays. Não vamos desistir! Quanto mais fascistas eles são, mais somos resistência”, disse D2.

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Foto: Joyce Conceição / ULTRAVERSO

Djonga ‘sensacional’

O rapper Djonga, para variar, fez mais uma apresentação sensacional nesta edição. Ele chamou ao palco três casais do público para cantar com ele sua música “Leal”; fez protestos ao governo do presidente Jair Bolsonaro e também pediu consciência de voto: “Muita consciência com o que vão fazer amanhã (domingo), hein? Não adianta vir aqui gritar ‘fogo nos racistas’ e amanhã apertar 22”.

Em seguida, chamou ao palco Mano Brown e o rapper Dexter, que cantaram juntos “8º anjo”, uma parceria dos dois convidados. Djonga finalizou o show com um clássico de suas composições “Olho de Tigre” e pediu o fim do racismo. Após toda essa atividade em palco, ele mesmo admitiu: “Por isso que o Djonga parou de comer açúcar”.

Racionais MC’s e Neymar?

O Racionais MC’s, como de costume, fizeram uma excelente apresentação. O grupo que estava em turnê nos Estados Unidos em comemoração aos seus 33 anos de carreira, incluiu músicas novas no seu repertório de shows e manteve toda sua essência que nesses 33 anos criou essa herança cultural dentro do rap nacional.

O grupo, antes de iniciar um de seus maiores sucessos, “Nego Drama”, pediu através de Mano Brown consciência de voto: “Amanhã (domingo) é um dia importante. Não vou ficar indicando voto de ninguém, pensem por vocês! E outra coisa: preto com dinheiro fica branco blue? E pra onde vai meu discurso? Essa é pra você!”.

Parte do público diz ter entendido aquilo como uma crítica ao jogador futebol Neymar Jr, que, nesta semana, se posicionou politicamente como eleitor do presidente Jair Bolsonaro. Vale lembrar que o jogador já foi vítima de racismo durante um jogo contra Olympique de Marseille em 2020. O mesmo se declarava como pardo até então.

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Foto: Joyce Conceição / ULTRAVERSO

Matuê, Teto e Mato seco fecham Encontro da Tribos 2022

Matuê e Teto fizeram o público cantar muito com o melhor do trap nacional. Os dois se apresentaram em conjunto em diversas músicas como “Vampiro” e “Groupies”. Não tinha como não fazer o Anhembi inteiro cantar junto e render vários momentos emocionantes no fim da noite.

O grupo Mato Seco foi o último a se apresentar, fechando o Encontro das Tribos 2022 com muito reggae de resistência. A banda também está com músicas novas e se apresentou de forma totalmente acústica, lembrando o começo deles lá em 2002. O vocalista Rodrigo Picollo, como de costume, lançou mensagens de paz, amor e resistência, o que é a essência da banda e suas composições.

E assim foi o fechamento da edição de 20 anos do Encontro das Tribos 2022. Repleto de show fantásticos, apresentações sensacionais, em um festival com quase 20 horas de duração. O evento trouxe muita nostalgia a todos que compareceram nas antigas edições, onde cresceram com diferentes bandas e tribos presentes. Estamos na espera pelo evento de 2023.

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Fotos do Encontro das Tribos 2022

*Fotos: Joyce Conceição / ULTRAVERSO

Matheus dos Santos Ribeiro

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