João Cavalcanti e Marcelo Caldi. Foto: Eduardo Martino / Zuppa Filmes 06.04.2018

Entre acordes de piano e sanfona, João Cavalcanti se reinventa ao lado de Marcelo Caldi

Roberta Negrão

Sendo o garimpo a atividade responsável por explorar e extrair substâncias valiosas como o ouro e outros minerais, podemos dizer que João Cavalcanti abriu seu baú musical e nos revelou seus tesouros ainda poucos explorados. Em seu mais recente trabalho, ao lado do acordeonista, pianista e arranjador Marcelo Caldi, João apresenta inéditas e revisita canções já regravadas por outros grandes intérpretes.

Segundo João, ex-integrante do grupo de samba Casuarina e filho do cantor pernambucano Lenine, o trabalho que vem realizando ao lado de Caldi o faz desprender-se dos rótulos que a carreira em grupo o trouxe. O novo álbum contém músicas que saem do contexto samba-MPB e abrangem outras referências da rica e diversificada música popular brasileira.

Intitulado de “Garimpo”, o novo álbum carrega uma sonoridade impecável, mescla diferentes gêneros e tonalidades musicais, com cada canção incorporando sua própria história, melodia e letra. A voz acompanhada apenas por piano ou sanfona é o que dá o tom intimista do álbum. Das 14 músicas do trabalho, 13 são assinadas pelo artista.

(João Cavalcanti | Foto: Eduardo Martino / Zuppa Filmes )

Garimpo” é um álbum que traz belas canções e parcerias que agregaram em ritmo, voz e bagagem a carreira de João Cavalcanti. O mesmo é conhecido por ser um cantor de voz doce e aveludada e também por retratar em suas composições temas que estabelecem vínculos com a sociedade e propõem reflexões. Há uma notória satisfação em compor e agregar à MPB com seu repertório legítimo e único.

“No hay artista consumado que no haya sido consumido”, decreta “Consumido“, que abre o disco, letra toda em espanhol feita por João com o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler. Em junho deste ano, “Individua”, a décima canção do disco, ganhou um clipe dirigido pelo ator Alexandre Nero, no qual João contracena com Camila Pitanga.

Elba Ramalho e Alceu Valença, mestres da música popular brasileira, fazem a festa no lindo Arraiá da Fundição

A canção feita para a cantora Roberta Sá, “O Nego e Eu”, também ganhou nova versão. O rei da sanfona, Dominguinhos, recebeu uma belíssima homenagem dos músicos em “Domingos” e “SerCidade”. São xotes que falam, de forma heterodoxa, do fluxo migratório da população nordestina para as metrópoles do Sudeste. Há, ainda, “A Causa e o Pó“, composição de João Cavalcanti em parceria com Lenine e   “Serpentina”, a única canção do disco que não é de autoria de João e que foi gravada em Paris.

Além destas citadas, a dupla apresenta outras canções elaboradas com grandiosas parcerias. “Garimpo” foi gravado e mixado por Henrique Vilhena da Realejo Digital, masterizado por Carlos Freitas, da Classic Master e tem lançamento da Som Livre, em parceria com o selo MPB. O álbum está à venda em CD físico e disponível também em todas as plataformas digitais.

Ouça aqui:  https://SomLivre.lnk.to/Garimpo

Conheça o disco faixa a faixa:

1) Consumido (João Cavalcanti / Jorge Drexler)

2) Pêndulo (João Cavalcanti / Cláudio Jorge)

3) A Causa e o Pó (João Cavalcanti / Lenine) – Part. Especial: António Zambujo

4) Garimpo (João Cavalcanti / Antonia Adnet)

5) Dia Lindo (João Cavalcanti / Joyce Moreno)

6) Serpentina (Marcelo Caldi / Edu Krieger)

7) Valsa de Baque Virado (João Cavalcanti / Mario Adnet)

8) Domingos (João Cavalcanti / Zé Renato)

9) Bem Melhor (João Cavalcanti / Marcelo Caldi)

10) Indivídua (João Cavalcanti / Pedro Luís)

11) Na Varanda (João Cavalcanti / Tiê / Plinio Profeta)

12) O Nego e Eu (João Cavalcanti)

13) SerCidade (João Cavalcanti / Marcelo Caldi)

14) Não Sós (João Cavalcanti)

Roberta Negrão

Editora de música do BLAH, jornalista e redatora, uma geminiana musico-falante viciada em shows e amante da vida. Apaixonada por rádio, locução, natureza, violão e fotografia. "Gosto do que é novo, diferente, de gente que fala sorrindo e desconfio das que não gostam de gatos. Vivo cantarolando para espantar todo mal que há. Metade de mim é música, a outra estou tentando descobrir..."
NAN