‘Entre Tiros e Beijos’ é irregular, mas tem seus méritos
Wilson Spiler
Com direção de Collin Schiffli, Entre Tiros e Beijos (Die in a Gunfight) é um filme, digamos, bipolar. O longa-metragem, que chega às principais plataformas digitais nesta sexta-feira (12) tem uma linguagem audiovisual pop, com pinceladas de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. Mas também apela, em diversas vezes, para clichês de produções do gênero e, em certos momentos, parece até uma paródia.
Estrelado por Alexandra Daddario, Diego Bonetae, Justin Chatwin e Travis Fimmel, o filme Entre Tiros e Beijos conta a história de Ben Gibbon (Diego Boneta) e Mary Rathcart (Alexandra Daddario), dois jovens amantes que lutam para ficar juntos contra todas as probabilidades. Numa espécie de retrato moderno da história clássica de Romeu e Julieta, onde suas famílias são rivais e contra a união da dupla.
Já vimos esse filme?
Além disso já ter sido feito com muito mais qualidade em Romeu + Julieta (1996), por Baz Luhrmann, a obra bebe muito da fonte dos excepcionais Sin City: A Cidade do Pecado (2005), do já citado Rodriguez; assim como de Amor à Queima-Roupa (1993), que, veja só que coincidência: tem roteiro de ninguém menos que Tarantino.
Não que seja em preto e branco, mas a ideia de intercalar um visual quadrinhesco, com direito a ilustrações e apresentações de personagens, torna o longa de 2005 uma grande influência com este de 2021. Aliás, é parecido, inclusive com o que vimos no recente O Esquadrão Suicida, de James Gunn. Pena que isso se resume basicamente ao início.
Início promissor, mas…
Com esse começo promissor, Entre Tiros e Beijos chama logo a atenção do espectador, esperando um filme de ação diferente do que estamos acostumados a assistir. Mas isso vai se perdendo ao longo da projeção. Essa linguagem moderna acaba sendo “esquecida” e a película se torna relativamente comum, só retornando à sua construção narrativa no final.
Os personagens não têm grande carisma e o casal é desprovido de química, destacando-se apenas o assassino Wayne, interpretado por Travis Fimmel, o eterno Ragnar, da série Vikings, que faz um papel mais cômico aqui. Além disso, o “grande vilão” Terrence Uberahl (Justin Chatwin) é extremamente caricato e incompetente, não passando, em momento algum, qualquer sensação real de perigo.
Tiros e Beijos?
A tradução do nome também não faz muito sentido, visto que, nos cerca de 90 minutos de filme, pouco se vê tiroteio, deixando basicamente para a cena final, que, inclusive, é de uma cafonice sem tamanho. Aliás, o título original também entrega um verdadeiro spoiler. Embora o desfecho seja, de certa forma, surpreendente, ainda que meio sem sentido.
Mas, ao ler a crítica, parece até que Entre Tiros e Beijos é um desastre de filme. Não, não é. Ainda que tenha trajetória meio irregular, consegue entreter em vários momentos e tenta sair do mais do mesmo. A cena do beijo no restaurante é antológica e alguns diálogos são muito divertidos. Está longe de ser uma obra relevante, mas ao menos tenta seguir um caminho diferente. Méritos do cineasta e da direção de arte. Pena que o roteiro dos experientes Andrew Barrer e Gabriel Ferrari (Homem-Formiga e a Vespa) seja tão capenga.
Onde assistir ao filme Entre Tiros e Beijos?
A saber, o filme Entre Tiros e Beijos está disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais Claro Now, Amazon, Vivo Play, iTunes/Apple TV e Google Play e YouTube Filmes. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Trailer do filme Entre Tiros e Beijos
Entre Tiros e Beijos: elenco do filme
Alexandra Daddario
Diego Boneta
Travis Fimmel
Ficha Técnica
Título original do filme: Die in a Gunfight
Direção: Collin Schiffli
Roteiro: Andrew Barrer e Gabriel Ferrari
País: Estados Unidos
Duração: 92 minutos
Gênero: ação
Ano de produção: 2021
Classificação: a definir