Especial 10 anos da Marvel no cinema | FASE 1
Pedro Marco
No dia 30 de abril de 2018 completará 10 anos desde a primeira investida do MCU. Foram 18 filmes, divididos em 3 fases, até culminar no grandioso “Vingadores: Guerra infinita”, como um enorme prelúdio de 45 horas. Mas chegar até aqui não foi tão fácil para a Casa das Ideias.
No final dos anos 90, a grande Marvel Comics teve de declarar falência, após a errada investida de suas capas variantes e a forte concorrência com a DC que matava o Super-Homem, quebrava o Batman e petrificava a Mulher-Maravilha. Nesta época, a arte estava acima do roteiro na editora dos maiores heróis da Terra, e constante zeramento de suas revistas criou uma bolha financeira que quase a fez fechar suas portas.
Para manter-se em pé, a Marvel vendeu, então, os direitos cinematográficos de seus filmes para a 20th Century Fox, Columbia Pictures (Sony), Paramount Pictures, Universal Pictures e New Line Cinema (Warner Bros). E, assim, surgiu a nova onde de filmes de heróis iniciada por “Blade – O Caçador de Vampiros” e “X-Men”, dirigido por Bryan Singer. O lucro dessas produções não só tirou a Marvel da lama, como a fez investir no licenciamento de seu herói mais rentável, o Homem-Aranha. E foi com o filme de 2002, dirigido por Sam Raimi, que surgia o Marvel Studios.
No início de 2005 a Marvel já era capaz de financiar sozinha seus próprios projetos e, em novembro deste ano, os direitos de Homem de Ferro retornaram para a editora, pois a New Line passou anos sem produzir nada com a marca. No ano seguinte, retornariam o Hulk, da Universal, o Thor, da Sony, e a Viúva Negra, da Lionsgate. Estava, então, preparado o cenário para em 2008, John Favreau dirigir o primeiro filme do Universo Cinematográfico da Marvel:
Homem de Ferro (2008)
Iniciando já com uma dupla indicação ao Oscar (efeitos especiais e som), o filme, que era para ser mais íntimo e com ar de independente, cresceu até se tornar uma das maiores produções em filmes de herói da época. O filme era produzido pela Marvel e distribuído pela Paramount, trazendo para direção um ator de ponta, que anos atrás havia dirigido “Zathura: Uma Aventura Espacial”.
Para o papel principal, haviam sido procurados Nicolas Cage e Tom Cruise, mas acabou ficando nas mãos de Robert Downey Jr. (vencedor do Oscar de melhor ator por Chaplin. Ele havia saído da reabilitação em 2002 após uma série de escândalos).
O filme foi um incrível sucesso de público e crítica, deixando assim cravado que a Marvel não precisava de seu panteão principal de heróis para brilhar nas telas. Precisava apenas de uma forte mão por trás de tudo. E por falar em força…
https://youtu.be/rFKv3WRgSUs
O Incrível Hulk (2008)
Lançado cerca de um mês após, “Homem de Ferro”, o novo longa do gigante esmeralda aproveitava a origem contada no filme de Ang Lee (Hulk, 2003) e seguia uma história com direito a passagem pelo Brasil, um elenco estrelado (Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth e William Hurt), um CGI duvidoso e um final anti-climático. Porém, uma cena pós-crédito entre Tony Stark e o Sargento Ross deixava uma pulga atrás na orelha do público que mal sabia o que estava por vir. Pois, em 31 de dezembro de 2009, a Walt Disney comprou a Marvel numa transação de US$ 4 bilhões.
Homem de Ferro 2 (2010)
Dois anos depois, o Marvel Studios lança sua primeira sequência. Funcionando claramente como um interlúdio para “Vingadores”, o longa desenvolve o personagem Nick Fury, líder da SHIELD e responsável por unir os heróis, além de introduzir os personagens Máquina de Combate e Viúva Negra.
Apesar de ter sido introduzido James Rhodes na pele de Terence Howard em Homem de Ferro, foi só quando assumiu Don Cheadle (após intrigas contratuais envolvendo reajustes salariais), que o Máquina de Combate recebeu nome, armadura e propósito. Ainda nos bastidores, Emily Blunt assinava para ser a Viúva Negra, mas acabou tendo de desistir de última hora. Scarlett Johansson estava tão confiante que já havia até pintado o cabelo de ruivo, antes de assinar para o filme. Já Samuel L. Jackson não pretendia reprisar o papel de Nick Fury, mas após ver a extensão que o universo traria, acabou assinando para mais nove filmes futuros.
https://youtu.be/tK0ba9fEV4U
Thor (2011)
Seguindo uma onda de filmes com críticas mistas, a Marvel contava nas telas a história de seus heróis nórdicos. Com nomes estrelados como Anthony Hopkins, Natalie Portman e Idris Elba, o longa dividiu tanto leigos quanto fãs de quadrinhos com sua trama massante e romance superficial.
No entanto, foi em Thor que conhecemos o Tesseract (grande MacGuffin dessa fase) e Loki, o vilão que acabaria unindo estes heróis acidentalmente.
Capitão América: O Primeiro Vingador (2011)
Com o subtítulo de “O Primeiro Vingador”, os marvetes de plantão começaram a ficar eufóricos na cadeira com o que estava por vir. Mesmo com três filmes não tão bem recebidos, o público retornou ao cinema para assistir ao grande herói da Segunda Guerra Mundial e como ele se ligaria aos nossos heróis do presente.
Num cast de Tommy Lee Jones e Hugo Weaving, nós quase tivemos a adição de Will Smith como Capitão América, além da tentativa de inserção de Wolverine e Magneto em flashbacks (participações negadas pela Fox). Completando este interlúdio para o clímax deste primeiro ato, Capitão América mostrou o potencial do Tesseract e deixou aberta a porta para o maior filme daquela geração.
Os Vingadores (2012)
O grande ápice de um universo compartilhado planejado. Pela primeira vez a Disney começava a participar da distribuição do filme para o mundo, atingindo – junto com a Paramount – a terceira maior bilheteria dos cinemas de todos os tempos.
Um novo Hulk, um Gavião Arqueiro misterioso e uma interação de heróis como nunca antes vista. “Os Vingadores” cravou a fórmula Marvel que seria replicada à exaustão nos anos seguintes e definiu o gênero de filmes de heróis como uma tendência mundial e de todas as idades.
Mas foram somente os fãs de quadrinhos que vibraram como loucos quando um alienígena de pele roxa surgiu na cena pós-crédito anunciando a vinda de um titã louco. Isso aconteceu seis anos atrás e daqui para lá muita história foi contada. Pois, em 2013, a Disney adquiriu por completo os direitos de distribuição das suas produções. Era hora de Kevin Feige dar um start na fase 2.
Quadrinhos recomendados:
- Homem de Ferro: Extremis (Warren Ellis e Adi Granov);
- A chegada do Hulk (Stan Lee e Jack Kirby);
- Homem de ferro: Demônio na garrafa (David Michellinie e John Romita Jr.);
- Ultimate Marvel: Thor (Johnattan Hickman e Carlos Pacheco);
- Os Supremos 1 e 2 (Mark Millar e Bryan Hitch).